quarta-feira, 4 de março de 2009

Quarta é dia de Futebol! Sobre o Neoliberalismo no Futebol!



E aí Brasil? opa, tem leitores de outros países... E aí Mundo?

Bem, hoje seguiremos com nosso cronograma de falar sobre futebol. Pra quem já leu o blog no ano passado viu que lancei uma série de debates sobre o futebol atual. Eram os capítulos: sobre torcedores, sobre jogadores, sobre os clubes e sobre empresários. Com isso, visava debater a racionalidade neoliberal no futebol, onde o que vale é o dinheiro. Sobre os clubes eu cheguei em ensaiar um texto, contudo ele tem um tom de brincadeira devido ao jogo Goiás e São Paulo no final do Brasileirão passado. Estou devendo o texto sobre os empresários e melhorar o texto sobre os clubes.

Mas durante essa semana tive acesso a um texto do Emir Sader sobre exatamente o neoliberalismo no futebol. Se vcs pegarem meus textos sobre jogadores e sobre os clubes verá que a semelhança é muito grande. A visão do Emir que os clubes são sucateados e o mercado transformou os jogadores em mera mercadoria tem total consonância com meus escritos. Fiquei até lisojeado...

No debate de jogadores fui além. Isso pq além de ser mercadoria dos empresários, passaram a ser popstar de propaganda de material esportivo. Ou seja, a venda de imagem... No debate de futebol citei a crítica a visão de que o São Paulo era campeão pq era clube empresa. Ele é campeão pelo futebol que apresenta que é muito superior aos demais. Mas pq ele tem esse futebol todo? Pq lá tem o clube forte e que mantem uma base de jogadores entre as temporadas. Na visão do Emir isso seria como o Estado forte.

Enfim, esse texto do Emir me empolgou em continuar escrevendo sobre a racionalidade neoliberal no futebol. Por isso, nas próximas semana escreverei sobre os empresários e melhorar o texto sobre os clubes.

Para todos e todas uma excelente quarta futebolística. Força ao Sport Clube na Libertadores, pois ele é os excluídos do futebol brasileiro nessa competição. E que mais uma vez não será transmitido para fora do Nordeste. Absurdo! E força pro meu Verdão, Goiás, na estréia da Copa do Brasil!

Leiam o texto do Emir Sader



Emir Sader: 'O neoliberalismo no futebol'

Multiplicam-se as reclamações de que o dinheiro passou a mandar no futebol, que os clubes estão falidos, que os jogadores já não tem apego aos clubes, mudam às vezes durante o campeonato, passando para o rival, se contratam meninos ainda para jogar no exterior, uma parte deles fica abandonado, submetidos a todo tipo de irregularidade.

Por Emir Sader, para a Agência Carta Maior.

Mas o que aconteceu, o que está na raiz de tudo isso?

O futebol – assim como todos os esportes – não é imune às imensas transformações econômicas, sociais e éticas que as nossas sociedades sofrerem e ainda sofrem. No Brasil, o neoliberalismo chegou ao futebol através da chamada Lei Pelé. Que pregava a “profissionalização” do futebol, contra a ditadura dos clubes, que tinham os jogadores atrelados ao clube como se se tratasse de uma relação feudal, pré-capitalista.

Intensificou-se dura campanha contra os “cartolas”, com acusações — todas provavelmente reais —, de corrupção, concentração de poder, arbitrariedades, etc. Porém, de forma similar ao que se fazia na campanha neoliberal contra o Estado, não era para democratizar aos clubes, ou ao Estado, mas para favorecer o mercado.

A profissionalização foi isto. Supostamente para libertar os jogadores do domínio dos clubes, jogou-os nas mãos dos empresários privados. Não por acaso se deu durante a década de 90, em pleno governo FHC, que preconizou todo o tempo a centralidade do mercado, os defeitos do Estado, a necessidade de mercantilizar tudo, de transformar a sociedade em um lugar em que tudo se compra, tudo se vende, tudo é mercadoria.

Os jogadores foram transformados em simples mercadorias, nas mãos dos empresários, que reinam soberanos, assim como o mercado e as grandes empresas fazem no conjunto da sociedade. Enquanto os clubes, da mesma forma que o Estado, ao invés de serem democratizados, são sucateados. Interessa aos empresários privados que os clubes sejam fracos, estejam falidos, serão mais frágeis ainda diante do poder do seu dinheiro. Assim como ao chamado mercado interessa que o Estado seja mínimo, seja fraco, para que ceda cada vez mais a seus interesses.

Os clubes podem ser democratizados — de que o exemplo da democracia corintiana é claro. O jogo dos empresários não é democratizável, nem passível de ser controlado socialmente, vale quem paga mais, que tem mais dinheiro. Assim como o Estado pode ser democratizado — e as políticas de orçamento participativo são o melhor exemplo disso.

Com o reino do mercado, não há Estado, não há democracia, não há interesses coletivos. Triunfa o mercado e seu principio maior — o do dinheiro. Com o reino dos empresários privados, não há clubes, há times, que ocasionalmente são montados para disputar um campeonato, enquanto os empresários não vendem os jogadores. Os campeonatos servem apenas como vitrine para exibir as mercadorias dos empresários.

Em um tempo em que tantas identidades entraram em crise, nem sequer os clubes de futebol conseguem resistir, diante da privatização que a lei Pelé significou, fazendo da camisa dos jogadores um lugar em que mal cabe – quando cabe – o distintivo, de tal forma tudo é comercializado. Ou se fortalecem os clubes, democraticando-os, destacando sua dimensão publica e não de empresas privadas a serviço da comercialização dos jogadores, ou a quebra generalizada que atinge o mercado capitalista não poupará os clubes. Que irão à falência, diante do enriquecimento ilimitado dos empresários privados.

Agência Carta Maior

Um comentário:

Anônimo disse...

Em princípio, leio feliz este texto com a vitória do Sporte Recife, meu time na Libertadores 2009.

Quanto ao Goias....bem o goias...

Muito importante esta temática, que por muito tempo a esquerda se furtou a fazer. Parabéns ao Emir e a blogueiro.

Creio que não foi por ausência de paixão pelo futebol que a esquerda furtou a este debate, e sim, por incocência em achar que o Neoliberalismo e seus agentes não colocariam suas garras no Futebol

Aonde estavamos, quando o Congresso aprovou a Lei Pelé. De fato, era horrível a legislação anterior. Todavia, manteve-se a escravidão, só mudando os seus agentes.
Antes, os jogadores eram escravos dos times, agora os times são escravos dos empresários. na verdade, os jogadores também são escravos dos empresários. o que é pior?