quinta-feira, 12 de março de 2009

Uma forma lírica contra o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho



Caros e Caras,

Essa é a quinta lítica. rsrsrs Recebi do nosso colunista Renatão essa poesia que critica a Igreja e o Arcebispo José Cardoso Sobrinho. Nessas últimas semanas virou notícia nacional o fato dele ter excomungado a menina, a família dela, os médicos e deus sabe lá mais quem por causa do aborto da menina de 9 anos.

O Lula vem sendo muito feliz em dizer que como cristão ele é contra o aborto, mas como presidente ele tem que tratar o aborto como saúde pública. E é exatamente assim que devemos trata-lo. O estado é laico(apesar de na constituição agradecer a deus e ter crucifixos nas paredes das casas do Congresso Nacional) e desta forma não pode legislar em cima de um doutrina religiosa. Essa é uma longa luta das mulheres.

Acho que está na hora de uma grande ofensiva em defesa do estado laico. Seja para casos como dessa menina, seja para a orientação sexual e muitas outras questões em que no Brasil ainda a visão da Igreja prevalece sobre o estado.

Lembro-me da visita da Yasmina, jovem militante da Juventude Socialista Francesa, ao Brasil. Quando levamos ela pro congresso e ela viu aqueles crucifixos ela quase teve um troço... E disse: A Idade Média acabou faz mais de mil anos...

E ainda vale lembrar do depoimento do médico que fez o aborto na menina de 9 anos, o médico disse mais ou menos assim: Vale lembrar que em nome da Igreja muitos já morreram queimados em praça pública e agora vem falar em defesa da vida?

Enfim, acho que a poesia traduz muito bem essa indignação social!

A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA
Miguezim de Princesa

I
Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço que Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.

II
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.

III
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.

IV
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.

V
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.

VI
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.

VII
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.

VIII
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.

IX
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.

X
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.

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