sábado, 31 de janeiro de 2009

Sobre o caso Battisti


Poucos dias atrás entramos em um longo debate sobre o caso Battisti. Impressionante como a mídia conseguiu criar um senso comum e não explicou nada. Simplesmente um factóide!

Não explicam nada sobre a prisão e condenação dele na Itália. Até mesmo Norberto Bobbio já escreveu sobre os absurdos praticados pela justiça naquele período. Culpado ou não Battisti foi um perseguido político e sua extradiação tem claro sentido político. Por óbvio a tradição brasileira é de conceder asilo.

Nesse episódio foi nojento o editorial da Bandeirantes. Eles fizeram um desserviço a nação. Ainda tiveram a pachorra de citar os dois atletas cubanos extraditados... Ora, se eles são atletas da seleção de um país eles são perseguidos políticos lá? Não citam por exemplo a concessão de asilo a banda cubana que estava em Recife.

Ou ainda temos que lembrar a concessão de asilo político ao senhor Alfredo Strossner, ditador paraguaio por 35 anos, responsável por um regime que matou milhares de paraguaios e destruiu o país. Uma hegemonia colorada de anos no Paraguai, que só foi quebrada em 2008 com a eleição de Fernando Lugo. Esse asilo foi duramente criticado mundialmente, sendo aprovado no parlamento do Mercosul seguidos pedidos de revogação desse asilo político do Brasil, até que o senhor Alfredo faleceu em 2006.

Vale lembrar ainda que a Itália negou a extradição do senhor Salvatori Carcciola. Este senhor ganhou rios de dinheiro no Brasil, aplicou um mega desfalque durante o Governo FHC, contando inclusive com ajuda do presidente do Banco Central do Brasil. Mas isso não interessa falar...

Me parece que a mídia, sem pauta, tentou muito mais fazer marola do que ter razão. Reproduzo aqui uma matéria que cita OAB e outros jurista em que diz que a decisão do MJ é soberana e constitucional. Assim como uma pequena entrevista que mostra como existe jurisprudência de sobra pra justificar a escolha do Brasil.

segue então as matérias!


Decisão de refúgio político a Battisti está dentro da lei, afirmam juristas
Rosanne D'Agostino
Do UOL Notícias

A decisão do Ministério da Justiça de conceder refúgio político a Cesare Battisti é soberana e deve ser respeitada. É o que afirmam juristas sobre a concessão de status de refugiado ao ex-ativista da esquerda radical, condenado a prisão perpétua por quatro assassinatos. O anúncio foi feito na terça-feira (13) pelo ministro Tarso Genro, cujo entendimento foi criticado por familiares das vítimas e pelo governo italiano.
Condenado por quatro mortes na Itália

Cesare Battisti, ex-ativista de extrema esquerda italiano, foi um dos chefes da organização de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo; na foto de março de 2007, é escoltado pela Polícia Federal ao chegar a Brasília (DF), onde estava preso à espera do processo de extradição

Para o especialista em direito internacional Durval de Noronha Goyos Jr, a decisão do ministro é correta e segue a Constituição, que veda a extradição por crime político. "O asilo político é um ato soberano do país, que não pode ser questionado por outro. O Brasil tem plena autonomia para conceder asilo, autorizado pela legislação brasileira, e cabe ao governo a análise de cada caso", afirma.

O mesmo diz Eduardo Carvalho Tess Filho, presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo. "A decisão está dentro da normalidade jurídica. Há regras para a concessão do refúgio, que têm de ser respeitadas. O Ministério da Justiça tem esse poder discricionário. E não é uma decisão do ministro, é do ministério", completa.

Os advogados de Battisti afirmam que ele foi julgado à revelia, sem direito à defesa, por quatro assassinatos. Dizem ainda que, em nenhum momento, ele foi condenado por terrorismo. Battisti, que aguardava o julgamento de sua extradição no presídio da Papuda, em Brasília, afirmou sentir "alívio" com a decisão. Autoridades italianas pediram que o governo brasileiro reconsidere a liberdade, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já sinalizou que não haverá recuo. Cabe a Lula a palavra final sobre o caso.

Parecer jurídico sobre Battisti

Em parecer utilizado pelos advogados de Battisti ao requerer o refúgio, o jurista Dalmo Dallari defende a concessão com base na Constituição Federal. Ele afirma, citando o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence, que, no caso de crimes políticos, é vedada a extradição.

Planos para a liberdade

Após decisão, Battisti afirma que refúgio é um alívio e que faz planos para retomar carreira de escritor

Para Durval Noronha, "a desordem italiana traz consequências jurídicas, insegurança". "Na época, havia uma convulsão política que se aproximava de uma guerra civil, e a Itália jamais anistiou seus perseguidos políticos. Aqui no Brasil, mesmo com a anistia, temos ainda a questão da tortura", afirma.

Dallari diz que o entendimento não foi considerado pelo Conare (Conselho Nacional de Refugiados) por "excesso de trabalho ou inadvertência" e que o refúgio se justifica porque, além de Battisti ter sido julgado por um tribunal viciado, o italiano teme retornar ao país de origem.

"Uma decisão em tal sentido será coerente às disposições constitucionais e será, essencialmente, um ato de soberania do Estado brasileiro", escreveu.

O constitucionalista também avalia que decisões relativas a asilo político levam em conta fatores políticos, mas defende que não se pode acusar Tarso Genro de ter tomado uma decisão política.

"Há sérios indícios, analisados com mais profundidade pelo governo brasileiro, de que Battisti foi condenado à revelia, sem o devido processo legal. Está bastante claro", diz Noronha.

"Se o Ministério da Justiça estava convencido de que ele corre risco se for extraditado, é um direito conceder asilo, está na legislação", completa Tess Filho



O Estado de S. Paulo - 29/01/2009
Giuseppe Cocco: "Governo seguiu a jurisprudência do STF''

Há 14 anos no Brasil, o italiano Giuseppe Cocco, doutor em história social pela Universidade Paris I e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, aplaudiu a concessão do refúgio político a Cesare Battisti. A seguir, trechos de entrevista concedida por telefone:

O Brasil agiu corretamente ao conceder o refúgio político a Battisti?

O governo brasileiro fez bem, na medida em que confirmou a jurisprudência do STF em relação a outros italianos (ligados à luta armada). Battisti foi condenado à revelia, então não teve direito a ampla defesa. A decisão brasileira é técnica e, ao mesmo tempo, tem a dimensão do reconhecimento político de que Battisti fez parte de um movimento nos anos 70 e que a repressão daquele movimento passou por uma dinâmica específica, com leis especiais. A grande imprensa se refere ao ?terrorista Battisti? como se tivesse agido ontem, mas estamos falando de coisas acontecidas entre 30 e 40 anos atrás. O ministro Tarso Genro tem razão ao dizer que a imprensa teve comportamento diferente quando ele propôs a rediscussão da punição aos torturadores. Aí disseram que era coisa do passado.

Como o sr. vê a reação da Itália?

O governo italiano e o conjunto da classe política estão protestando com uma dupla postura. Eles nunca convocaram seu embaixador em Paris quando a França deu abrigo não a um ou dois, mas a centenas de italianos. Com o Brasil a atitude é neocolonial. Segundo, quando falam das vítimas, por um lado têm razão: é um período triste, duro, e as famílias não entendem a posição brasileira. Mas os mesmos que falam da dor das vítimas não veem problema no fato de que leis da própria Itália premiaram um monte de assassinos, que circulam livremente no país, com períodos curtíssimos de prisão.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A Falência de Davos e o Fortalecimento do FSM!


O Mundo está mudando...


Recentemente estamos vendo inúmeras notícias nos meios de comunicação sobre o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e sobre o Fórum Social Mundial, em Belém. Muitos leitores daqui sabem muito bem o que são esses fóruns e o que eles representam. Mas a grande mídia faz um baita desserviço com a cobertura das duas atividades e por sinal omitem muita coisa.

As notícias de abertura expressam muito bem isso, enquanto o FSM era um oba-oba, o FEM era a imagem de sobriedade. O que não se noticia é que Davos perdeu seu sentido. Lá era o fórum dos neoliberais, da santificação do mercado e de toda catilenga que afundou o mundo e principalmente os países mais ricos. Lá era o pólo agregador dos principais presidentes do mundo, sendo que em 2003 o Lula saiu do FSM direto pro FEM. Hoje Davos está esvaziado e falido como o sistema financeiro que ele ajudou a construir. Nem mesmo os EUA deram importância, pois enviaram para lá somente uma sub da sub assessora de Obama. Enquanto isso o FSM recebeu 5 presidentes latino-americanos, o casal Pitt-Jolie e outras milhares de militantes que desde 2001 dizem que o neoliberalismo era a barbárie humana e que outro mundo é possível e necessário.

Não posso citar rapidamente o que aconteceu ontem no FSM. A vinda de 5 presidentes latino-americano é um marco histórico pro FSM e pra geopolítica mundial. Essa presença traz um peso político nunca antes conseguido. Em um cenário onde o mundo caminha pra recessão e a América Latina é o único continente que aponta crescimento termos 5 presidentes no FSM tem impacto na conjuntura. Esse sinal já era apresentado com as vitórias eleitorais. Basta lembrar que em 2001, data do I FSM, tínhamos Cuba, Chile e Venezuela com governos progressistas. Hoje já temos em vários países do continente e em grande parte isso só foi possível graças à luta social representada no FSM.

As palavras dos presidentes ontem foram animadoras. Rafael Correa, presidente do Equador, foi brilhante em dizer que os responsáveis pela crise estão em Davos. Lula puxou a orelha do FMI quando disse que os países ditos desenvolvidos se acham infalíveis e está esperando o FMI dar o pacote de solução para eles. O pior de tudo é que Davos deu palpites, santa cara de pau! E palpite dos ruins, pois recriminou medidas de ajuda a produção e a manutenção de empregos. Ora bolas, vcs afundam o mundo e ainda acham que o remédio foi pouco?

Apesar de tantas mudanças positivas não podemos perder de vista o tamanho de nossos desafios, pois eles não são pequenos. Chegamos aos governos por meio de eleições e um novo ciclo de eleições começarão se abrir em 2009/2010. Com isso, a geopolítica dos governos pode mudar. Temos que estar atento para isso e fazer todos os esforços internacionais para enfrentar a crise e manter os governos progressistas na América Latina. O FSM tem que superar seu limite histórico, onde reúne muita gente, mas não encaminha quase nada. Estamos no meio de uma janela mundial e não podemos perder a chance de fazer mudanças estruturais no mundo em que vivemos. O FSM não pode ser mais só uma grande reunião, tem que propor ações e alternativas à realidade que está aí. Caso contrário,irá falir Davos e corremos o risco da falir o FSM por falta de alternativas concretas.

Pois bem, pra quem lutou muito contra o neoliberalismo e que participou do FSM em tempos muito mais difíceis ver essa mudança é gratificante. Por menos que ela seja e por mais simbólica que pareça a transferência de poder de Davos para o FSM fará muito bem ao Mundo. Se em 2001 o FSM disse que um outro mundo é possível, a realidade de hoje mostra que isso era verdade. Contudo, essa mesma realidade nos mostra que além de possível esse outro mundo é necessário e urgente!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sobre Campos de Futebol


Campos de futebol

Andar pelo Brasil faz vc ter certeza que somos o país do futebol. Por toda parte do país vc encontra campos de futebol dos mais diversos tipos. Às vezes conseguir o espaço do campo é um desafio maior que jogar futebol. Impressionante como isso está enraizado na cultura popular de nosso país. Podemos dizer que em alguns lugares temos verdadeiras mobilizações para garantir a pelada. Isso pq a grande maioria desses campos são pra jogar de 16 a 22 pessoas, sem dúvida em alguns lugares é preciso deslocar por alguns quilômetros para garantir o quorum.

No final do ano passado e início desse pude andar por alguns estados que ainda não conhecia. Fui ao belo Ceará, local que vc custa acreditar que existe de verdade de tão bonito que é. Fui rapidamente ao Piauí e tive experiências com um Brasil inacreditável. Essas horas que passei no Piauí serão futuramente inspirações pra uma crônica. E estive no Maranhão, estado que tem inúmeras belezas e um povo extremamente cordial. Diz um deles que tive sorte, mas foram tantos encontros com pessoas legais que custo acreditar que tive tanta sorte assim. Passei 12 dias no Maranhão, muitas coisas me impressionaram, mas nenhuma delas me impressionou tanto quanto a quantidade de campos de futebol. Dos mais variados e diferentes tipos.

Minha chegada ao Maranhão deu-se de barco. Uma travessia de 8 horas num Tó-tó-tó pelo Delta do Parnaíba. O que poucos sabem é que 70% do delta é Maranhão e não Piauí. Foi nesse caminho que comecei a ter contato e perceber a quantidade de campos de futebol. A foto no início da postagem é justamente o primeiro deles, um campo na Ilha do Meio (local em que almoçamos) e que tinham no máximo 3 casas a vista. Contudo, o campo era enorme e perguntei como eles conseguiam juntar tanta gente pra jogar ali. O proprietário do restaurante disse que aos finais de semana vêm homens de vários vilarejos próximos e jogam. Organizam até campeonatos... Impressionante! E nem sempre as condições do campo são as melhores, como o momento registrado na foto pela fotografa Lívia, uma das pessoas que conheci no meio do caminho da minha viagem supostamente solitária.

A partir desse momento não parei de perceber o número de campos de futebol. Cheguei a começar a contar, mas logo perdi a conta. A primeira cidade do Maranhão que fomos foi Tutóia. Rápida passagem! Chegamos de noite e saímos pela manhã. Fomos para Paulinho Neves, onde conheceríamos os Pequenos Lençóis. Um caminho árduo, de uma estrada de areia infinita. No meio do caminho comecei a perceber de fato como os campos de futebol se proliferavam pelos povoados que passávamos. Tentei criar alguma explicação para aquela surpresa e a única que tive foi que a cada três casinhas juntas, tem um campos de futebol no Maranhão. Essa explicação criada nesse caminho foi brilhante, pois ela seguiu por toda viagem.

De Paulinho Neves chegamos em Caburé. De lá fomos visitar Mandacaru e Atins, dois povoados próximos dos Lençóis Maranhenses. Arrisco dizer que em Atins, na beira das dunas, deva ter no mínimo 5 campos de futebol. É importante definir que quero dizer com campo de futebol. É uma área grande, onde jogam 16 a 22 pessoas, com balizas construídas perfeitamente com traves e travessão de madeira.

Passada essa região fui pra Barreirinhas e Santo Amaro. Nessas cidades fiz diversos passeios, num deles demorei duas horas pra percorrer 36 km, só areia! Isso foi do Sangue pra Santo Amaro e a volta tb! Nesse caminho fui surpreendido por 6 campos de futebol dessas dimensões!!! Estamos falando que 96 pessoas se reúnem, provavelmente toda semana, pra jogar futebol nesses campos invejáveis. No Sangue peguei uma pelada de final de dia. Começava a chegar gente por todos os lados, sendo que a grande maioria vinha de bicicleta. Tinha um time completo de próxima e mais algumas pessoas. Eram, cerca de 25 homens reunidos.

O que mais impressionou foi o campo de futebol perfeitamente montado na Queimada dos Britos. Pra vcs terem uma idéia a Queimada dos Britos é um povoado no meio dos Lençóis Maranhenses, praticamente um oásis no meio de tanta areia. É lá tinha um campo. Quando comentei com meu guia Nilson sobre os campos ele relatou uma interessante história. Aquele pequeno povoado tinha uma grande disputa entre times de futebol. Num jogo acirrado e de grande rivalidade um dos jogadores deu uma entrada duríssima em outro, que teve alguma lesão interna e acabou falecendo. Distante 9 horas de “pés” de Santo Amaro, sem carro e sem qualquer alternativa de atendimento de saúde uma pequena pelada pode levar a morte!!! Dizem que lá eles levam os doentes em rede, montada entre dois jegues pra caminhar até Santo Amaro, que não é uma grande cidade!

Os campos continuaram aparecendo a cada 3 casas juntas pelas estradas que percorri no Maranhão. Se eu fosse empresário do ramo de futebol certamente teria alguns olheiros pelo Maranhão, pois com essa quantidade de campos certamente deve ter uma grande quantidade de talentos não aproveitados. Minha breve passagem por esse estado tão sofrido deixou essa marca, na qual pro resto de minha vida sempre que ver um campo de futebol em um vilarejo lembrarei que no estado do Maranhão basta 3 famílias pra construção de um! E assim esse estado foi batizado por mim como o estado dos Campos de Futebol!

Termino dizendo que intenção de relatar minha viagem será assim. Será por passagens que me marcaram e não por uma ordem cronológica. Faço isso pq assim tento passar não os acontecimentos que vivi, mas o meu olhar por onde passei. Acho isso infinitamente mais interessante do que simplesmente relatar acontecimentos. A história de hoje foi sobre meus 12 dias no Maranhão, se fosse relatar todos os 12 dias assim certamente não teria espaço pra contar de cada campo de futebol. Às vezes o relato será somente de algumas horas. E nem sempre será um texto claro, algumas serão crônicas e narrativas do momento vivido. Espero que assim vcs possam desfrutar um pouco de minha viagem tb! Afinal, o que estou fazendo tb é uma viagem!

Hasta la vista!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Não posso deixar de falar da Palestina!



Caros e Caras leitores e leitoras,

Desde o final do ano passado assistimos um verdadeiro genocídio na Palestina. Os ataques de Israel fazem lembrar os piores momentos da humanidade. Pouco da história do conflito é dita e muita coisa é construída pela grande mídia.

Reproduzo pra vocês hj um texto do José Luís Fiori sobre o tema. O economista e cientista político José Luis Fiori* visita o embasamento religioso das atrocidades israelenses na faixa de Gaza, que, "normalmente", fariam Israel ser considerado um Estado perigoso e desestabilizador, pela régua liberal-democrática dos países anglo-saxônicos. "Mas isto não acontece porque no mundo dos mortais, de fato, Israel foi uma criação e segue sendo um protetorado anglo-saxônico, que opera desde 1948, como instrumento ativo de defesa dos interesses estratégicos anglo-americanos, no Oriente Médio".

Minha intenção era reproduzir um trecho do texto "A História Materialista da Palestina", contudo não encontrei em meus arquivos. Mas boa parte da visão está de acordo com o texto do Fiori.

Segue então o bom texto!

A visão sagrada de Israel

"Se o Hamas quer acabar com Israel, Israel tem que acabar com o Hamas antes" - Efraim, 23 anos, estudante de uma escola religiosa de Jerusalém, FSP 24/01/2009.


Durante vinte um dias de bombardeio contínuo, Israel lançou 2.500 bombas sobre a Faixa de Gaza - um território de 380 km² e 1.500 milhão de habitantes - deixando 1.300 mortos e 5.500 feridos, do lado palestino, e 15 mortos, do lado militar israelita. A infra-estrutura do território foi destruída completamente, junto com milhares de casas e centenas de construções civis.


Ataques "escandalosos e inaceitáveis"


É provável que Israel tenha utilizado bombas de "fósforo branco" - proibidas pela legislação internacional com conseqüências imprevisíveis , no longo prazo, sobre a população civil, em particular a população infantil.


Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, se declarou "horrorizado", depois de visitar o território bombardeado, e considerou "escandalosos e inaceitáveis" os ataques israelitas contra escolas e refúgios mantidos em Gaza, pelas Nações Unidas. Richard Falk, relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos em Gaza, também declarou que, "depois de 18 meses de bloqueio ilegal de alimentos, remédios e combustível, Israel cometeu crimes de guerra e contra a humanidade, na sua última ofensiva contra os territórios palestinos. Crimes ainda mais graves porque 70% da população de Gaza tem menos de 18 anos."


"Visões sagradas"


Dentro de Israel, entretanto - com raras exceções - a população apoiou a operação militar do governo israelita. Mais do que isto, as pesquisas de opinião constataram que o apoio da população foi aumentando, na medida em que avançavam os bombardeios, até chegar à índices de 90%. E no final, na hora do cessar-fogo, metade desta população era favorável à continuação da ofensiva, até a reocupação de Gaza e a destruição do Hamas. (FSP, 24/01/09).


Seja como for, duas coisas chamam a atenção - de forma especial - nesta última guerra: a inclemência de Israel, e sua indiferença com relação às leis e às críticas da comunidade internacional. Duas posições tradicionais da política externa israelita, que têm se radicalizado cada vez mais, e são quase sempre explicadas "escalada aos extremos" do próprio conflito.


Mas existe um aspecto desta história que quase não se menciona, ou então é colocado num segundo plano, como se as "visões sagradas" do mundo e da história fossem uma característica exclusiva dos países islâmicos.


"Uma nação santa"


Desde sua criação, em 1948, Israel se mantém sem uma constituição escrita, mas possui um sistema político com partidos competitivos e eleições periódicas, tem um sistema de governo parlamentarista segundo o modelo britânico e mantém um poder Judiciário autônomo. Mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, Israel é um Estado religioso, e grande parte de sua população e dos seus governantes tem uma visão teológica do seu passado e do seu lugar dentro da história da humanidade. Israel não tem uma religião oficial, mas é o único Estado judeu do mundo, e os judeus se consideram um só povo e uma só religião que nasce da revelação divina direta e não depende de uma decisão, ou de uma conversão individual: "Se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis uma propriedade peculiar entre todos os povos. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa", Êxodo, 19, 5-6.

Além disto, o judaísmo estabelece normas e regras específicas e inquestionáveis que definem a vida cotidiana e comunitária do seu povo, que deve se manter fiel e seguir de forma incondicional as palavras do seu Deus, mantendo-se puros, isolados e distantes com relação aos demais povos e religiões: "não seguireis os estatutos das nações que eu expulso de diante de vós... eu Javé, vosso Deus, vos separei desses povos. Fareis distinção entre o animal puro e o impuro... não vos torneis vós mesmos imundos como animais, aves e tudo o que rasteja sobre a terra", Levítico, 20, 23-25.

Para os judeus, Israel é a continuação direta da história deste "povo escolhido", e por isto, a sua verdadeira legislação ou constituição são os próprios ensinamentos bíblicos. O Torá conta a história do povo judeu e é a lei divina, por isto não pode haver lei ou norma humana que seja superior ao que está dito e determinado nos textos bíblicos, onde também estão definidos os princípios que devem reger as relações de Israel com seus vizinhos e/ou com seus adversários.


Em Israel não existe casamento civil, só a cerimônia rabínica, e os soldados israelenses prestam juramento com a Bíblia sobre o peito e com a arma na mão: "Javé ferirá todos os povos que combateram contra Jerusalém: ele fará apodrecer sua carne, enquanto estão ainda de pé, os seus olhos apodrecerão em suas órbitas, e a sua língua apodrecerá em sua boca", Zacarias, 14, 12-15.


Bíblias e bombas atômicas


As idéias religiosas dos povos não são responsáveis nem explicam necessariamente as instituições de um país e as decisões dos seus governantes. Mas neste caso, pelo menos, parece existir um fosso quase intransponível entre os princípios, instituições e objetivos da filosofia política democrática das cidades gregas, e os preceitos da filosofia religiosa monoteísta que nasceu nos desertos da Ásia Menor.


Mas o que talvez seja mais importante do ponto de vista imediato do conflito entre judeus e palestinos, e do próprio sistema mundial, é que Israel - ao contrário dos palestinos - junto com sua visão sagrada de si mesmo, dispõe de armas atômicas, e de acesso quase ilimitado a recursos financeiros e militares externos.


Com estas idéias e condições econômicas e militares, Israel seria considerado - normalmente - um Estado perigoso e desestabilizador do sistema internacional, pela régua liberal-democrática dos países anglo-saxônicos. Mas isto não acontece porque no mundo dos mortais, de fato, Israel foi uma criação e segue sendo um protetorado anglo-saxônico, que opera desde 1948, como instrumento ativo de defesa dos interesses estratégicos anglo-americanos, no Oriente Médio. Enquanto os anglo-americanos operam como a âncora passiva do "autismo internacional" e da "inclemência sagrada" de Israel.


* Professor titular do Instituto de Economia da UFRJ e autor do livro O Poder Global e a Nova Geopolítica das Nações (Editora Boitempo, 2007); artigo tomado do Valor Econômico;

Sobre Carnaval!


Foto do Bloco Cordão do Bola Preta

Carnaval está chegando, falta menos de um mês. Por isso, decidi fazer um tópico sobre o carnaval. Em especial destacando o renascimento do carnaval do Rio de Janeiro. Fui somente em 2006, mas posso dizer que é o esquema que curto bastante hoje.

Há quem pense que o carnaval do Rio se resume ao sambódromo. Um grande engano! Nos últimos anos, com a queda de público nos clubes, ocorreu o ressurgimento do carnaval de rua com a volta dos blocos.

A marca dos blocos do Rio sempre foi a irreverência e as críticas sociais e políticas. como a "Banda de Ipanema" que surgiu em 1965 – um ano após a implantação da Ditadura Militar – com desfiles críticos ao governo.

Os primeiros clubes carnavalescos

Foi a partir de 1855 que apareceram os primeiros clubes carnavalescos, chamados de Grandes Sociedades. Desde então, outros clubes foram se formando, dando início ao carnaval carioca, no estilo europeu, com mascarados pelas ruas e blocos fantasiados.

O próprio desfile das escolas de samba teve origem nos cordões e blocos dos carnavais antigos. O primeiro desfile extra-oficial de escolas de samba ocorreu em 1932 e foi vencido pela Mangueira, com um enredo de Cartola e Carlos Cachaça. Nesse ano, também, já existia a Portela, que se chamava "Vai como pode". O primeiro desfile oficial foi vencido pela "Vai como pode", em 1935, na Praça Onze.

Foi na Praça Onze também que, durante muitos anos, ficavam concentrados os blocos de carnaval e os foliões que vinham de vários lugares do estado. Hoje, o local é ocupado pelo Terreirão do Samba, que recebe diversos artistas ligados ao mundo do samba, principalmente nos dias de carnaval para aquelas pessoas que não tem acesso à Passarela do Samba, que fica logo ao lado.

Em 1852, surgiu o "Zé Pereira" – um conjunto que saía pelas ruas tocando bumbos e tambores, tendo à frente o sapateiro José Nogueira de Azevedo Paredes. Surgiram em seguida os instrumentos do que mais tarde viriam a formar uma bateria de carnaval: as cuícas, os tamborins, os tambores e os pandeiros.

Depois os desfiles passaram para a Avenida Presidente Vargas e de lá para a Passarela Professor Darcy Ribeiro, criado em 1982 pelo, então governador do Rio, Leonel Brizola, onde durante o resto do ano funciona uma escola pública.

Pra falar um pouco mais sobre o momento que vive o carnaval do Rio deixou uma matéria bem interessante públicada na revista época no ano passado!


Só não vai quem já morreu

Por Rafael Pereira


Eram 9 horas da manhã do sábado do último Carnaval. Um grupo de centenas de animados e fantasiados foliões esperava pelo desfile do bloco Cordão do Boitatá, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro, programado para percorrer naquele dia as ruas do Centro da cidade. Depois de um atraso de duas horas, o povo percebeu que tinha levado "um bolo". Tudo levava a crer que aquela multidão teria de procurar outra coisa para fazer, ou voltar para casa. Até que... Um vendedor ambulante de cerveja tinha, por acaso, um tamborim e começou a batucar o instrumento. Dois ou três fregueses começaram a acompanhar o ritmo cantando músicas antigas de Carnaval. Logo, o ânimo tomou conta dos cabisbaixos órfãos do Boitatá. Alguns poucos tambores de última hora juntaram-se ao tamborim precursor e, animados pelo inusitado, saíram pelas ruas do Centro como um bloco recém-criado. Uma jovem fantasiada de vaca foi eleita a musa - ou "muuuuusa". O naipe de metais tinha apenas um trompetista. Algum folião catou um pedaço de papelão, prendeu em um tridente de plástico de algum diabinho e batizou o bloco com tinta de batom, criando um estandarte: Cordão do Boi-Tolo.

Neste ano, o Boi-Tolo sairá oficialmente no Carnaval do Rio. Está entre as dezenas de novos blocos que debutam neste ano nas ruas. Foram 137 blocos inscritos na prefeitura para desfilar com local e horário marcados, policiamento reforçado e banheiros químicos. Mas a própria prefeitura estima que o total de desfiles passará de 300, um número 20% maior do que no ano passado. "A maioria surge de grupos de amigos, quase sempre jovens, que criam blocos de acordo com os seus interesses", afirma Guilherme Studart, pesquisador de blocos de rua, economista durante o ano e folião profissional durante o Carnaval.

O Boi-Tolo é um exemplo clássico de como nasce um bloco hoje em dia, em tempos de internet. Poderia ter acabado no sábado de Carnaval do ano passado, tão rápido quanto nasceu. Mas no dia seguinte ao desfile improvisado, já havia quatro comunidades em sua homenagem no Orkut. "As discussões esfriaram um pouco durante o ano, mas em outubro já estava todo mundo decidindo o local de desfile, horário, onde seriam os ensaios e quem faria parte da bateria", diz Luis Otávio Almeida, um dos organizadores do bloco. Assim como o Boi-Tolo, estão saindo pela primeira vez o Estressa, Mas Não Surta, de Botafogo, A Praça É Nossa, de Santa Cruz, Um Dia Isso Enche o Saco, na Ilha do Governador... Isso sem contar os tradicionais, como Banda de Ipanema, Suvaco de Cristo, Monobloco e o próprio Cordão do Boitatá, cada vez mais lotados de foliões.

"Eu nunca pensei que estaria vivo para assistir ao renascimento do Carnaval de rua do Rio", diz Sérgio Cabral, jornalista e um dos maiores pesquisadores de samba do país. Cabral lançou no mês passado o espetáculo Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha, escrito em parceria com a historiadora Rosa Maria Araújo. A peça, um dos maiores sucessos em cartaz na cidade, recupera as músicas de uma época em que o Carnaval era brincado nas ruas ou em bailes de salão.

Os blocos de rua são a origem do Carnaval brasileiro. O ato de "brincar Carnaval" chegou ao país no século 16, vindo de Portugal com o nome de Entrudo. Na prática, era um conjunto de brincadeiras consideradas violentas, levadas a cabo basicamente pela população pobre. No Brasil, a folia ganhou forma em ranchos, da classe alta, cordões, mais populares, e os blocos, uma espécie de meio-termo, mais democrático. Na história recente, já no século passado, os blocos de rua deram origem ao que hoje são as Escolas de Samba e foram ofuscados pela fama dos desfiles competitivos. O primeiro renascimento deu-se com a Banda de Ipanema, criada em 1965 por Albino Pinheiro para zombar da recém-instalada ditadura militar usando de humor fino. Nos anos 80, durante o período de abertura que marcou o fim do regime autoritário, outros blocos como o Simpatia É Quase Amor, Suvaco de Cristo e Barbas seguiram os passos da Banda de Ipanema e deram início ao que seria a primeira retomada do Carnaval de rua carioca.

Depois de passarem os anos 90 na sombra do sucesso dos carnavais de rua de Salvador e Olinda, os blocos cariocas entraram no século 21 com a maior popularidade da história. Encantado com o retorno do Carnaval brincado nas ruas, o jornalista Sérgio Cabral, apesar de responsável pelo resgate cultural das marchinhas, não vê o saudosismo com bons olhos. "No fim do século 19, Olavo Bilac tinha saudade do chamado 'Carnaval de antigamente'. O João do Rio, no começo do século passado, a mesma coisa. Na verdade, as pessoas não têm saudade de seus carnavais. Têm é saudade de seus 18 anos", afirma Cabral. Ele próprio criou o bloco Vaca-Totó, trocando e-mails com os amigos de um tradicional bar no Leblon, zona do sul do Rio.

A brincadeira ficou tão séria que os principais blocos da cidade fazem concursos de samba tão disputados quanto o das mais famosas escolas de samba da cidade. Os principais blocos da "retomada", dos anos 80, formam hoje o chamado "grand slam" - referência ao nome dado ao conjunto dos principais torneios de tênis do mundo. O Simpatia É Quase Amor, bloco de desfila em Ipanema desde 1985, tem uma das disputas mais acirradas. Na última, em uma quadra da Lapa, a batalha final ficou entre três sambas. Para se ter uma idéia do nível do concurso, um samba tinha sido feito pelos compositores do samba deste ano na Portela e outro, pelos vencedores da disputa na Mangueira. O terceiro concorrente foi o argentino Jorgito Sapia, um habitué dos carnavais cariocas e criador do bloco Meu Bem, Volto Já, que desfila no Leme.

O vencedor foi o samba de Diogo Nogueira, filho do grande sambista João Nogueira. Diogo, autor do enredo da Portela deste ano, participou pela primeira vez da disputa de sambas em um bloco e ficou impressionado com o profissionalismo. "O intuito é a diversão, mas a coisa foi séria. Eu gostei mais do que na escola, que tem uma sinopse definida. No Simpatia foi tema livre, e a recompensa é apenas a de ver o samba cantado pelo público", afirma Diogo, que recebe direitos autorais pelo samba da Portela e nenhum centavo pelo que ganhou o Simpatia.

Apesar da seriedade, a verdadeira marca do Carnaval de rua carioca é a irreverência. E tem para todos os gostos. Na Gávea, na zona sul do Rio, um grupo de atores, diretores e produtores de cinema criaram o bloco Me Beija, Que Sou Cineasta para os profissionais do meio. A atriz Guta Stresser, sucesso na telona com o filme A Grande Família, é uma das organizadoras e comanda a ala Dou pra Ser Atriz. "Foi tudo criado em uma mesa de bar no Baixo Gávea. No ano passado, organizei a ala com minhas colegas. Mas como eu realmente 'dou pra ser atriz', tive de sair correndo para uma gravação e deixei a Camila (Pitanga), a Dira (Paes) e a Mariana (Ximenez) lá sambando. Neste ano, espero ter tempo de brincar mais", diz Guta.

Blocos de colegas de trabalho são muito comuns, como o Só o Cume Interessa, dos alpinistas, Imprensa que Eu Gamo", dos jornalistas, e até o Regula Mas Libera, dos funcionários da agência reguladora de petróleo do governo, a ANP. Se a sua ocupação não é contemplada com um bloco, não tem problema. São tantos que, não importa a sua tribo, você encontra lugar para brincar. Para os gays, tem a Banda de Ipanema e os Amigos da Carmen, no Arpoador. As crianças podem brincar Carnaval no Bafo de Leite, da Urca, ou no Gigantes da Lira, em Laranjeiras. Já os idosos sambam no Bloco da Geriatria, de Campo Grande, ou no Unidos da Terceira Idade, do Centro. Até quem não gosta de samba tem vez. A Xaranga 3D, em Copacabana, mistura bateria e música eletrônica; o Bloco da Ansiedade diverte os foliões com o frevo de Pernambuco; os Filhos de Gandhi levam o afoxé baiano para a Gamboa. Só não tem desculpa para ficar em casa, vendo o desfile pela TV.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Estamos de volta e com novidades!!!

Primeiro tenho que pedir desculpas aos meus leitores, pois já cheguei de viagem faz mais de uma semana e ainda não retomei as atividades no blog. Segundo o Google foram em média uns 10 acessos por dia. Não é pouca coisa pra um bloguinho que não era atualizado desde do ano passado.Que aconteceu foi que a resistência para voltar a vida normal está grande.Mas voltamos e empolgado, pois a viagem estimulou muitas mudanças de hábito para 2009.

Não fiquem curiosos ou ansiosos, pois farei uma série de crônicas sobre a viagem. Não será uma narrativa cronológica, mas abordagens com meu olhar de determinadas partes da viagens. As vezes serão períodos curtos, como por exemplo a estrada de santo amaro pra barreirinhas, ou períodos maiores, como a relação com minhas amigas paulistas que conheci no meio da jornada. Enfim, acho que ficará legal... A pena é ter demorado tanto pra escrever, alguns detalhes serão esquecidos. Mas sem perder o brilho.

Pra marcar esse retorno trago boas notícias. Nosso amigo Rodrigo Pereira aceitou o convite de ser colunista de nosso site. Enviou o primeiro texto e mesmo sua foto! Aplicado colunista esse. O Rodrigo foi diretor da executiva da UNE na mesma gestão que fiz parte. Foram muitas atividades e viagens juntos.Quando entrei na gestão da UNE pouco conhecia o Rodriguets, no final da gestão foi um dos grandes amigos que ganhei!!! Ele é militante da Ação Popular Socialista, corrente que era do PT até final de 2005 e que depois ingressou no PSOL. Hoje ele é estudante de mestrado em Avaliação Institucional da UnB e frequentador, igual eu, do samba de terça no Balaio.

Com vocês Rodrigo Pereira!



A amizade é o que nos une.

Bom, há tempos penso em escrever sobre a amizade. Pois bem, não pretendo me alongar visto que essa temática, se tratando de mim e de meus amigos, merece ser abordada várias vezes.

O faço de primeira, pois fui surpreendido no final do ano passado por um convite de um grande amigo. Ele me escreve no Orkut: Rodriguet´s(apelido para os mais íntimos) quero te convidar para ser colunista do meu blog, você pode ser o representante do PSOL (ah! é... estou no PSOL). Eu respondo: representante do PSOL, eu! Jamais... Ele retruca: não é isso mano, é porque só estou convidando os amigos... Ah ta! Então tudo bem... respondi.

Porque relatei nossa conversa orkutiana? Porque na realidade sempre me pego em situações parecidas, uma outra amiga me escreve: Rodriguinho: Quando o PSOL é consenso na mesa... ou então uma outra: hoje é o dia da minha festa para os meus amigos do PSOL, vc é o convidado de honra... Enfim. e por ai vai.

E o que esses amigos têm incomum... todos eles são do PT.

E porque escrevo sobre isso, porque aprendemos juntos, na porrada e na política a nos respeitarmos mutuamente, a admirar o compromisso do outro e, principalmente, a separar nossas divergências políticas(que são enormes) da nossa amizade.

Parece meio blasé ficar falando isso, mas na real, o que nos move e nos faz pensar que é possível ter ao seu lado amigos de verdade, mesmo que eles estejam a quilômetros de distância, são coisas, falas, recados, ligações, como essas que relatei...

Inicio minha fase de colunista do blog do Popito com essa mensagem... Abraços aos amigos...