terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Rápido e Direto



Caros e Caras,

como vcs perceberam o blog parou! E será assim um tempo... Estou de férias. Estou aguardando contribuições e nossos colunistas.

Desejo uma ótima virada pra todos.

O visual do início é a Lagoa do Cauípe em Fortaleza, lugar MARA que fomos hj

Fui

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Empresários tentando pegar carona na Crise!




Ao longo da história das crises do capitalismo quem pagou a conta foram os trabalhadores. A chamada crise de lucros é o momento em que os donos dos meios de produção para garantir os lucros começam a demitir e defender a redução dos escassos direitos dos trabalhadores.

Vivemos hoje, talvez, a maior de todas essas crises. O cenário muda a cada momento e ninguém sabe onde irá parar o mundo quando a recessão atacar com mais força os EUA e a Europa.

Recetemente, no dia que escrevi sobre a CRISE(clicando aqui vc verá esse post). Este post foi na véspera do debate com Guido Mantega e com Marco Aurélio Garcia sobre a crise.

Tenho que confessar que o debate me decepcionou. Mas em todo momento ambos mostrava bastante empenho em manter emprego. Pra isso inúmeras medidas estão sendo feitas pelo governo e isso é muito positivo. Eu fui um dos poucos sorteados pra fazer perguntas. Abri com uma intervenção dizendo que nesses momentos abrem brechas para desenvolver iniciativas mais progressistas e desvincular das ações imperialista. Seria um período bom para fazermos mudanças estruturais da pauta histórica da esquerda. No sentido que o governo vem trabalhando, manter empregos, tem a pauta histórica da redução da jornada de trabalho, sem a redução do salário. Diversos estudos mostram a capacidade dessa medida gerar emprego, o próprio presidente do IPEA já mostrou estudos que a capacidade brasileira poderia gerar jornada de 35 horas. Mas a luta nem é pra tanto, a luta é pra reduzir de 44 pra 40 horas!

Minha decepção foi grande. A resposta foi que isso era uma pauta dos movimentos sociais e que eles tinham que brigar por isso. Ora, tirou o corpo do governo fora. Nesse cenário os trabalhadores estão suando no chão da fábrica para garatir seus empregos, os sindicatos lutando pra evitar demissões, é um período de resistência. Era hora do governo, com amplo apoio dos trabalhadores, dar um passo mais forte em defesa deles.

Mas essa semana parte da minha decepção passou, quando o Ministro Guido Mantega disse que não irá mexer nos direitos trabalhistas. Muito positiva a iniciativa...

Isso pq pouco a pouco os empresários estão soltando as asinhas e querendo pegar carona no cenário de crise. Como disse antes é preciso entender essa crise de lucros.

Fazendo um rápido resumo, durante o boom econômico do pós-guerra, essa taxa girou entre 15% a 20%. A crise do final dos anos 1960, que marcou o fim deste período, derrubou a taxa para 8% e 9%.

O imperialismo teve, então, uma recuperação importante com a globalização e a restauração do capitalismo no Leste Europeu. Elevou a taxa de lucros para 10%, nos anos 1980, e 13%, no final dos anos 1990, sem chegar, porém, aos níveis do pós-guerra.

Durante a crise de 2000-2001, a taxa caiu para 6%. No período de expansão dos últimos anos, ela aumentou novamente para 12%. A crise atual se manifestou com clareza nos últimos quatro meses de 2007 quando, segundo o The Wall Street Journal, a taxa de lucros caiu 8,4%. Foi isso que determinou o início da crise e não a evolução do mercado financeiro.

E a saída como sempre pra manter lucro é ferrar trabalhador. Deixou aqui então uma notícia que mostra claramente a movimentação dos empresário do Brasil para retirar direitos e tentar manter seus lucros em queda.

A matéria foi retirada do site www.vermelho.org.br

Depois da Vale, agora lojistas também pedem fim dos direitos trabalhistas

O empresariado brasileiro mostra que não tem escrúpulos quando o assunto é tirar proveito da atual crise econômica financeira. Depois que o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, cantou a bola, agora é a vez da A Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop) sugerir que a flexibilização dos direitos trabalhistas para supostamente "evitar demissões em 2009". Conforme o presidente da entidade, Nabil Sahyoun, os empresários vão buscar um diálogo com o governo neste sentido a partir de janeiro. "É preciso que as flexibilizações durem por, no mínimo, um ano, e não apenas três meses", disse.


Segundo Sahyoun, o setor está evitando demissões até o final deste ano para avaliar melhor as perspectivas para 2009, e as decisões ficarão para janeiro. "Quem mais gera emprego no Brasil é o varejo e o setor de serviços. O governo tem feito muito pouco para ajudar estas empresas", disse.



Mas parece que a crise ainda não atingiu o setor como quer fazer crer seus dirigentes. Mesmo em plena crise internacional, o setor de shoppings prevê a inauguração de 23 novos empreendimentos em 2009. Segundo o presidente da Alshop, todos estes empreendimentos já tiveram sua construção iniciada durante 2008, o que garante que eles serão concluídos. "Sai mais caro interromper as obras do que concluí-las com agilidade", disse. O executivo destacou que não faltarão lojistas interessados em participar destes shoppings porque é uma maneira de aumentar a participação de mercado. Ele afirmou que, com os novos empreendimentos, o número de shoppings no Brasil no final de 2009 chegará a 689.



Sahyoun disse que algumas empresas terão dificuldades em obter crédito para os futuros empreendimentos, mas que isso será suprido por bancos nacionais ou eventuais parcerias com empresas estrangeiras. Ele afirmou ainda que algumas empresas que captaram recursos na Bovespa estão em boa situação de caixa e poderão utilizar estes recursos em novos projetos.



Para os próximos dois anos, estão previstos investimentos de R$ 8,3 bilhões no setor, mas o executivo admitiu que eles vão variar de acordo com as condições da economia. "É possível que alguns projetos que ainda estão na fase das discussões iniciais não saiam do papel", disse. Segundo ele, a crise levará ao fechamento de muitas lojas, enquanto outras vão aproveitar o momento para crescer e investir. "É natural viver altos e baixos", disse. Na dúvida sobre se o próximo período será de alta ou baixa demanda, os empresários já querem garantir seus lucros a custa da redução dos direitos trabalhistas.


Centrais repudiam proposta


Em meados de dezembro, quando veio à tona as sugestões do presidente da Vale de flexibilização das leis trabalhistas, as centrais sindicais foram unânimes em repudiar a proposta.


Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique da Silva Santos, o momento é de garantir o emprego. Ele diz que parte dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador vai para o BNDES. "Esse dinheiro beneficia tanto a Vale quanto outras empresas e, por isso, elas deveriam diminuir os lucros e manter os empregos".


Santos disse, na ocasião, que os sindicatos ligados à CUT estão orientados a fazer mobilização e greve em caso de propostas de suspensão de contrato de trabalho e redução de jornada e de salário.


O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira dos Santos, o Paulinho, criticou a idéia de mudança temporária nas leis trabalhistas. "Essa medida pode se tornar definitiva depois da crise, por isso não podemos mexer nas garantias dos trabalhadores", diz. Paulinho admite a possibilidade de utilização dos instrumentos previstos na lei para garantir os empregos. "A suspensão do contrato e a redução de jornada com redução do salário devem se tornar mais freqüentes no ano que vem, com o agravamento da crise."


A Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) condena toda mudança nas leis trabalhistas . "A choradeira dos empresários não tem nenhuma justificativa. Eles lucraram muito e agora querem descontar nas costas dos trabalhadores no primeiro momento de dificuldade", diz o coordenador da entidade, José Maria de Almeida.

Especial Natal!

REPETI A FOTO, MAS NÃO O POST!




Desde o início do mês quero produzir alguns debates sobre o Natal e o Reveillon. Como fiz um desabafo pessoal ontem, hoje pesquisei um pouco sobre o Natal. Posso dizer que achei um material muito bom sobre o tema e resolvi fazer um mega-post especial.

Resolvi publicar 3 do material que encontrei. A primeira e que está mais embaixo é sobre a mitologia grega de duendes que desciam chaminés, a segunda é uma pequena matéria sobre o livro "O Suplício do Papai Noel" de Claude Lévi-Straus e a última é um texto excelente do Gabriel Garcia Marques sobre a atual espírito de Natal!

A contrário do que disse, passei a publicar mais coisas essa semana. Será por pouco tempo, pois logo começo minha jornada pelos estados do Ceará e Maranhão.

Não seja preguiçoso ou preguiçosa e leia os textos! Reflexão é fundamental sobre isso. Espero ter tempo e inspiração pra escrever alguns pensamentos meus sobre o Reveillon na sociedade capitalista.

Valeu o apoio da galera ligada no blog!

Gabriel García Márquez: estas sinistras festas de Natal

Gabriel García Márquez: estas sinistras festas de Natal

“Ninguém mais se lembra de Deus no Natal.” Assim Gabriel García Márquez iniciava, no Natal de 1980, um célebre artigo publicado no jornal espanhol El Pais. Segundo o escritor colombiano — que dois anos depois receberia o Prêmio Nobel de Literatura —, há tanto barulho e tantas angústias de dinheiro que “a gente se pergunta se sobra tempo para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2 mil anos em uma manjedoura miserável”. Leia uma tradução do artigo publicada na Agência Carta Maior.


Estas sinistras festas de Natal


Por Gabriel García Márquez*


Ninguém mais se lembra de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas e de fogos de artifício, tantas grinaldas de fogos coloridos, tantos inocentes perus degolados e tantas angústias de dinheiro para se ficar bem acima dos recursos reais de que dispomos que a gente se pergunta se sobra algum tempo para alguém se dar conta de que uma bagunça dessas é para celebrar o aniversário de um menino que nasceu há 2 mil anos em uma manjedoura miserável, a pouca distância de onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei Davi.


Cerca de 954 milhões de cristãos — quase 1 bilhão deles, portanto — acreditam que esse menino era Deus encarnado, mas muitos o celebram como se na verdade não acreditassem nisso. Celebram, além disso, muitos milhões que nunca acreditaram, mas que gostam de festas e muitos outros que estariam dispostos a virar o mundo de ponta cabeça para que ninguém continuasse acreditando. Seria interessante averiguar quantos deles acreditam também no fundo de sua alma que o Natal de agora é uma festa abominável e não se atrevem a dizê-lo por um preconceito que já não é religioso, mas social.


O mais grave de tudo é o desastre cultural que estas festas de Natal pervertidas estão causando na América Latina. Antes, quando tínhamos apenas costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. O menino Jesus era maior que o boi, as casinhas nas colinas eram maiores que a Virgem e ninguém se fixava em anacronismos: a paisagem de Belém era complementada com um trenzinho de arame, com um pato de pelúcia maior que um leão que nadava no espelho da sala ou com um guarda de trânsito que dirigia um rebanho de cordeiros em uma esquina de Jerusalém.


Por cima de tudo, se colocava uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro e um raio de seda amarela que deveria indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era na realidade feio, mas se parecia conosco e claro que era melhor que tantos quadros primitivos mal copiados do alfandegário Rousseau.

''Desilusão''


A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos — como acontece na Espanha, com toda razão —, mas pelo menino Jesus. As crianças dormíamos mais cedo para que os brinquedos nos chegassem logo e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos.


No entanto, eu não tinha mais do que cinco anos quando alguém na minha casa decidiu que já era hora de me revelar a verdade. Foi uma desilusão não apenas porque eu acreditava de verdade que era o menino Jesus que trazia os brinquedos, mas também porque teria gostado de continuar acreditando. Além disso, por uma pura lógica de adulto, eu pensei então que os outros mistérios católicos eram inventados pelos pais para entreter aos filhos e fiquei no limbo.


Naquele dia — como diziam os professores jesuítas na escola primária —, eu perdi a inocência, pois descobri que as crianças tampouco eram trazidas pelas cegonhas desde Paris, que é algo que eu ainda gostaria de continuar acreditando para pensar mais no amor e menos na pílula.


Tudo isso mudou nos últimos 30 anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é, ao mesmo tempo, uma devastadora agressão cultural. O menino Jesus foi destronado pela Santa Claus dos gringos e dos ingleses, que é o mesmo Papai Noel dos franceses e aos que conhecemos de mais. Chegou-nos com o trenó levado por um alce e o saco carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve.


A má influência americana


Na verdade, este usurpador com nariz de cervejeiro é simplesmente o bom São Nicolau, um santo de quem eu gosto muito e porque é do meu avô o coronel, mas que não tem nada a ver com o Natal e menos ainda com a véspera de Natal tropical da América Latina.


Segundo a lenda nórdica, São Nicolau reconstruiu e reviveu a vários estudantes que haviam sido esquartejados por um urso na neve e por isso era proclamado o patrono das crianças. Mas sua festa é celebrada em 6 de dezembro, e não no dia 25. A lenda se tornou institucional nas províncias germânicas do Norte no final do século 18, junto à árvore dos brinquedos e a pouco mais de cem anos chegou à Grã-Bretanha e à França.


Em seguida, chegou aos Estados Unidos, e estes mandaram a lenda para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas coloridas, o peru recheado e estes 15 dias de consumismo frenético a que muito poucos nos atrevemos a escapar.


No entanto, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram com elas: esses cartões postais indigentes, essas cordinhas de luzes coloridas, esses sinos de vidro, essas coroas de flores penduradas nas portas, essas músicas de idiotas que são traduções malfeitas do inglês e tantas outras gloriosas asneiras para as quais nem sequer valia a pena ter sido inventada a eletricidade.


Tiros no Natal


Tudo isso em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que erram de porta buscando onde desaguar ou perseguindo a esposa de outro que acidentalmente teve a sorte de ficar dormido na sala.


Mentira: não é uma noite de paz e amor, mas o contrário. É a ocasião solene das pessoas de quem não gostamos. A oportunidade providencial de sair finalmente dos compromissos adiados porque indesejáveis: o convite ao pobre cego que ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há 15 anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a exibir.


É a alegria por decreto, o carinho por piedade, o momento de dar presente porque nos dão presentes e de chorar em público sem dar explicações. É a hora feliz de que os convidados bebam tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho passado.


Não é raro, como aconteceu freqüentemente, que a festa acabe a tiros. Nem tampouco é raro que as crianças — vendo tantas coisas atrozes — terminem acreditando de verdade que o menino Jesus não nasceu em Belém, mas nos Estados Unidos.



*Gabriel García Márquez (Aracataca, Magdalena, 6 de março de 1927) é um importante escritor colombiano, jornalista, editor e ativista político de esquerda, que em 1982 recebeu o Nobel de literatura por sua obra, que entre outros livros inclui o aclamado Cem Anos de Solidão. Foi responsável por criar o realismo mágico na literatura latino-americana.

Ensaio sobre Natal antecipa desenvolvimentos da antropologia

Ensaio sobre Natal antecipa desenvolvimentos da antropologia

A Cosac Naify acaba de publicar, oportunamente para as festas de fim de ano, um ensaio inédito em português do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss sobre o significado de Papai Noel e do Natal. A empreitada pode parecer simpática, porém prosaica, à primeira vista. Trata-se, no entanto, de um lance de enorme pretensão de um dos maiores pensadores do século 20.





Publicado em 1952, "O Suplício do Papai Noel" procura aplicar os princípios metodológicos da antropologia estrutural, criada e testada na lida com outras sociedades, a uma prática moderna e ocidental.


Lévi-Strauss antecipava-se assim, em décadas, ao projeto de pensar as sociedades industriais a partir de suas relações e diferenças com as chamadas sociedades "primitivas" ou "tradicionais", projeto que tem sido levado à frente, mais recentemente, por figuras de ponta da disciplina, como o norte-americano Roy Wagner e a britânica Marilyn Strathern.


Papai Noel surge no início do ensaio, em notícia de jornal, com as barbas e o resto do corpo queimados. A Igreja Católica francesa, pouco depois do final da Segunda Guerra e incomodada com o crescimento em importância desta figura ao mesmo tempo pagã e norte-americana, andou promovendo umas cerimônias curiosas, em que ateava fogo ao barbudo, dentro de igrejas e diante de criancinhas órfãs.


Importância


A igreja, com sua experiência no assunto, não costuma errar ao atribuir valores significativos a manifestações sociais, diz o antropólogo francês. E o significado de Papai Noel e do Natal moderno são capitais, ele diz. Como compreendê-lo?


Primeira operação: nas festas natalinas, desde os tempos das comemorações pagãs em celebração do solstício de inverno e da "volta" gradual da vida após o auge da escuridão, as sociedades costumam perder, ao menos simbolicamente, a divisão tradicional que as caracteriza em classes ou grupos sociais hierarquicamente diferenciados. Trata-se, afinal, de uma festa de "reunião e comunhão".


Lévi-Strauss faz aqui, explicitamente, uma aproximação entre o Natal e o Carnaval, no abandono temporário, ainda que simbólico e parcial, das distinções "verticais" de uma sociedade, o que pode em princípio causar alguma estranheza.


É interessante, por isso mesmo, encontrar aproximação semelhante num artigo de 1940 escrito por Graciliano Ramos, recolhido no livro "Viventes das Alagoas" (Record).


"No interior, tudo é diferente", ele escreve. "Nem francês de barbas, nem árvore com frutos enrolados em papel de seda, poucas mesas fartas, ausência de piedade". Após chamar o Natal sertanejo de "festa profana", o escritor alagoano a descreve assim: "Uma grande feira, tem muito do carnaval e dos torneios artísticos".


Troca de distinções


Pois bem, em lugar da divisão socioeconômica e hierárquica, continua Lévi-Strauss, lança-se mão temporariamente de uma nova divisão simbólica: desta vez entre crianças, que receberão os presentes, e adultos, que trabalharão para a manutenção do segredo que cerca a não-existência de Papai Noel.


Cumpre ao velhinho, portanto, ao mesmo tempo separar (uns, adultos, conhecem a sua não-existência; outros, crianças, nele acreditam) e unir esses dois grupos (os presentes passarão de uns a outros por suas mãos).


Segunda operação: encontrar outras relações, diferentes da divisão original promovida por Papai Noel, que com ela se relacionarão, que darão sentido a essa divisão entre crianças e adultos. É isso, uma analogia, de certo modo a forma geral de qualquer significado, para Lévi-Strauss. Na troca de presentes, crianças e adultos estão em relação com o quê?


Com a morte e com a vida, para dizer de uma vez. Trata-se de uma questão desta magnitude, segundo o antropólogo. O trabalho do artigo será mostrar que as crianças podem justamente significar a morte (usando exemplos de outros costumes e festas, mas também apoiado na lógica de que ambos são figuras de um "outro", de uma alteridade em relação aos adultos, passando pela representação, mais fácil, de pequenos anjinhos), e que há um sentido em lhes dar presentes.


Colocando-as nesse "lugar simbólico", lugar que fica no além, garantimos, ainda que precariamente, nossa vaga do lado de cá, e reforçamos, digamos assim, nossa relação com a vida, esse valor constantemente ameaçado.


"Sem dúvida, há uma grande distância entre a prece aos mortos e a prece repleta de conjurações que, todos os anos e cada vez mais, dirigimos às crianças - encarnação tradicional dos mortos - para que, acreditando no Papai Noel, elas consintam em nos ajudar a acreditar na vida", escreve o antropólogo.


"A crença que inculcamos em nossos filhos de que os brinquedos vêm do além oferece um álibi ao movimento secreto que nos leva a ofertá-los ao além, sob o pretexto de dá-los às crianças. Dessa maneira, os presentes de Natal continuam a ser um verdadeiro sacrifício à doçura de viver, que consiste, em primeiro lugar, em não morrer."


Que lição se pode ainda extrair desse estranho conto de Natal? Lévi-Strauss nos apresenta, aqui e em toda a sua obra, uma dialética que não comporta síntese. O significado sempre une sem igualar, e distingue sem cindir. O encontro final entre termos, idéias e grupos relacionados - ou seja, o fim da diferença entre eles - representaria o fim da possibilidade de sentido ou, dito de forma mais dramática, a morte.


Gente que leu Lévi-Strauss a sério nos oferece hoje, tantos anos depois desse ensaio, as mais interessantes propostas interpretativas das sociedades industriais.


Leituras que conseguem evitar a pulsão de morte de certas dialéticas - de direita ou de esquerda - que buscam ou, pior, já encontraram, algum fim para a história.


Serviço:
"O Suplício do Papai Noel"
Autor: Claude Lévi-Straus
Tradução: Denise Bottmann
Editora: Cosac Naif
Quanto: R$25 (56 págs.)
Avaliação: ótimo


Fonte: Folha de São Paulo

Mitologia grega sobre duendes tenta sobreviver ao Natal!

Mitologia grega sobre duendes tenta sobreviver ao Natal

Quem disse que Papai Noel é o único que tenta descer pela chaminé durante a temporada de festas? Segundo a mitologia grega, um bando de espíritos semelhantes a duendes está tentando penetrar nas casas - em vez de presentes, eles estão decididos a deixar um rastro de destruição. Como dizem os gregos, não seria difícil confundir os Doze Dias do Natal com os 12 dias do inferno. Isto é, se você acreditar nos Kallikantzaroi.



Desenho buscar retratar os kallikantzaroi

Esses espíritos míticos, semelhantes a duendes, surgiriam entre o nascimento de Cristo e a Epifania, em 6 de janeiro, dias que eles dedicam a causar um caos incomparável. John Tomkinson, autor de "Haunted Greece: Nymphs, Vampires, and other Exotica" [Grécia assombrada: ninfas, vampiros e outros seres exóticos], compara o comportamento deles com "... torcedores de futebol bêbados saindo de um bar".


E a descrição é adequada aos seus costumes vulgares: "Os Kallikantzaroi causam confusão, intimidam as pessoas, urinam nos canteiros, estragam comida, derrubam coisas e quebram móveis", disse Tomkinson.


As opiniões diferem sobre a aparência deles, por causa da imaginação ativa e da antiga distância entre as regiões da Grécia, separadas por muitas montanhas e os vastos mares da nação helênica. Em conseqüência, alguns dizem que os Kallikantzaroi se parecem com seres humanos de pele escura, muito altos e feios, que usam tamancos de ferro. Outros dizem que eles são baixos e morenos, com olhos vermelhos, cascos de bode, braços de macaco e corpos peludos. Existe outra escola de pensamento que os descreve como mancos, vesgos e idiotas. Eles sobrevivem com uma dieta de vermes, sapos e cobras.


Durante a maior parte do ano os Kallikantzaroi vivem nas profundezas da terra, mas saem durante os Doze Dias do Natal, aventurando-se sob a cobertura da noite.


Os visitantes não convidados e festivos entrariam nas casas pela chaminé ou, mais ousadamente, pela porta da frente. E, surpresa, as famílias gregas se esforçam para afastar esses monstrinhos. Algumas usam a precaução legendária de uma faca de cabo preto. Outras se defendem pendurando a queixada de um porco atrás da porta da frente ou dentro da chaminé. "É o que é preciso ter durante o Natal", disse Tomkinson. "Não me pergunte por quê."


Pendurar um feixe torcido de linho na porta da frente tende a confundir os Kallikantzaroi, que param para contar as linhas, tarefa demorada que os mantém ocupados até o sol nascer.


O fogo é outro dissuasor: muitas casas mantêm o fogo aceso na lareira durante toda a temporada. A fumaça afastaria os Kallikantzaroi da chaminé. Na véspera do Natal, o patriarca da família atira no fogo um grande tronco de uma árvore espinhosa, como uma pereira ou cerejeira silvestres. Esse tronco de Natal é conhecido como "skarkantzalos", de Kallikantzaroi.


Às vezes se queima um velho sapato, pois o mau cheiro do couro queimado aumenta o efeito repelente. Um punhado de sal, que faz as coisas estalarem, também assustaria as feras.


E os gregos nascidos no dia de Natal correm um risco especial. Isso pode ser considerado uma tentativa de superar Cristo, e a criança pode se transformar em um Kallikantzaroi - a menos que a mãe amarre o bebê com alho.


O dia de Natal também é um grande dia de fogos. Os gregos atiram no fogo grãos de trigo ou as folhas verdes de oliveira ou nogueira. O modo como eles se incendeiam prevê se uma pessoa vai sobreviver ao próximo ano e se essa pessoa deixará sua aldeia.


Nos últimos anos, a árvore de Natal ganhou popularidade em toda a Grécia. Mas alguns gregos preferem a moda antiga, optando por um ramo de manjericão pendurado sobre uma tigela cheia de água. Uma vez por dia alguém da casa, geralmente a mãe da família, usa o ramo para espirrar água por toda a casa, para afastar as criaturas.


Mas a única cura realmente confiável é quando padres da aldeia abençoam as águas na véspera da Epifania, que marca o fim dos Doze Dias do Natal. Eles costumam visitar as casas para borrifar água benta perfumada com manjericão para afastar os maus espíritos durante o ano novo.


Na véspera da Epifania em Chipre, os aldeões atiram panquecas sobre o telhado para dar aos Kallikantzaroi algo doce para comer enquanto eles se preparam para deixar a cidade, talvez para mostrar que não ficaram magoados.


Aikaterini Polymerou-Kamilaki, diretora do Centro de Pesquisa Folclórica Helênica em Atenas, diz que os Kallikantzaroi continuam populares em toda a Grécia atual, mesmo nas cidades. Mas hoje em dia eles são relegados a simples mitos - não são mais as feras temíveis que vagam à noite, não se acredita mais que sejam reais.


"Desde a introdução da eletricidade até nas menores aldeias não há mais motivos para alguém ter medo de sair à noite", diz Polymerou-Kamilaki. "Há luzes em todo lugar hoje, e não apenas a noite escura."


Mas mesmo assim dá vontade de dormir com a luz acesa.


Fonte: Der Spiegel / Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves / UOl Mídia Global

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Nem tudo são flores!

Caros e Caras,

de fato meu natal foi bom! Como escrevi isso aconteceu pelo reencontro da minha família.

Mas como coloquei na foto sobre o natal dias atrás, cabe a nós socialistas fazer uma crítica contudente a visão capitalista imbutida no natal.

Neste sentido publiquei aquela foto! Hoje recebi um cartão sensacional e que irei aqui deixar para todos vcs!

Em meio a crise mundial, a Grécia traz sintomas do tamanho dessa crise. Quem não leu, leia o artigo do Mike Davis publicado aqui sobre a Grécia.

Sendo assim, vejam a mensagem de feliz natal vinda dessa terra onde a sabedoria é bem antiga!


Feliz Natal!



Cheguei da festa de Natal agora. Faço aqui quase um desabafo, ou melhor é um desabafo! Neste momento queria ser poeta, como não sou, eu escrevo normal pra tentar explicar esse momento.

Tenho que confessar que nunca gostei de Natal. Se eu afirmar que não sei pq estaria mentindo, apesar de não ter certeza se esses são os reais motivos. Enfim, não é sobre isso que quero escrever. Na verdade é justamente ao contrário! Hoje escrevo justamente como gostei desse natal. Que eu lembre é o único Natal que eu gostei.

Aqui tenho que fazer uma ressalva, pois tenho uma enorme dívida com muitas pessoas pelo Natal. Como nunca gostei de Natal e mesmo meus pais nunca deram grandes importâncias, sempre optei por viajar nesse período ou optei por ser acolhido por outras famílias. A Família do Daniel Pardal, pela família de meus amigos Rollembergs, pela família de meu amigo sergipano Davi Melo, pelas famílias de amigos da minha mãe e pela família Portugal, que me adotou como filho durante alguns anos. Enfim, todos esses me acolheram nesse dia e em todas me senti bem e me fizeram menos triste.

Contudo, eu tinha alguma dívida com Natal, algo estranho, sentimento ruim... Confesso que não sei explicar. Por mais que fosse bem acolhido, pra mim Natal era sempre triste. Desde criança que minhas lembranças são tristes. Como natal é essencialmente familiar, acho que parte de minha dívida vem daí.

Mas esse Natal foi diferente. Como todo ano estava há dias com a tensão de véspera de Natal. Não sabia o que fazer... Não queria ir pra festa com amigos, nem queria ir pra Goiânia e muito menos achava a solução. Fiz a opção de passar com meu pai e minha vó, como alguns natais quando criança.

Ontem fizemos o último encontro de boa parte de meus amigos e fomos até tarde! Acordei hoje de ressaca e tarde. Ouvi o telefone tocar, mas não atendi. Achei que era algum amigo preocupado comigo e me convidando pro natal.

De fato era um convite, mas da minha prima. Afilhada da minha mãe e posso dizer que ela e o marido são meus anjos da guarda candangos.Deixou recado me convidando pra festa na casa do pai dela(que é casa da minha Tia Deisinha tb, mas ela faleceu antes de minha mãe). Disse que estariam aqui minha Tia Aredina, que foi companheira do meu finado Tio Zé, meus primos Alexandre e Alessandra. As mulheres moram em Portugal fazem 20 anos e o Alexandre mora em Poa, mas não o via fazia bem uns 20 anos tb.

Aqui tenho que pedir desculpas ao meu pai e minha vó, pois assim que soube desse evento decidi reencontrar essa parte de minha família e irei pra Goiânia só amanhã. Não sei pq, mas eu e minha mãe nos afastamos muito dessa nossa família. Os motivos de minha mãe eu sei e acho que fui por inércia. Era com quem tinha mais proximidade quando criança, sendo que o Christianno, meu primo, era uma espécie de ídolo quando eu era criança e fui algo semelhante para o irmão mais novo dele, o Affonso.

Até então nada tinha mudado, continuava triste. Fui pra lá triste, passei boa parte da festa triste, mas aos poucos a tristeza foi passando. Como em um passe de mágica fui encontrando sossego em meu natal, finalmente! A cada conversa, cada lembrança e a cada minuto que ia diminuindo a distância criada pelo tempo meu coração ficava tranquilo. Quando fizemos o brinde estava bem próximo de superar algo que foi construido em minha vida. E a lembrança do Chris que lá tinham mais 3 pessoas quase me fez chorar.

Daquele momento em diante meu coração estava em paz, mas me incomodava agora a ausência de minha mãe. E por óbvio dos meus dois tios falecidos. Pela primeira vez em minha vida estava feliz em um natal! Feliz de estar com minha família! Ao mesmo tempo a família não estava completa e nunca mais estará... Mas isso não era triste, era alegre! Pq esse sentimento de falta era vontade deles estarem lá sendo felizes junto conosco. Mas com certeza eles não estavam em matéria, mas eles estavam presente e felizes. Independente de qualquer crença. Pois, se existir vida após a morte, certamente eles estão felizes e mesmo se não existir,tenho certeza que estariam felizes de nos ver todos juntos e esse sentimento que faz eles presentes. E isso acalmou meu momento!

Pela primeira vez não tive vontade de ir embora de uma festa de natal! Com isso, comecei a pensar como construimos muro em nossas vidas. Como nossas experiência nos marcam. E como é difícil quebrar esse muro e superar essas marcas. Acho que hoje consegui dar um passo... Quero dar outros, mudar essa minha relação em família! Chega de fuga! Vamos mudar essa realidade.

Termino dizendo que hoje posso dizer pela primeira vez um Feliz Natal sincero para Todos! Que venham outros...

E ainda quero aqui agradecer a cada família que já me acolheu, pois vcs foram lembrados por mim hj tb. E quero que nenhuma delas seja desmerecida pelo que escrevo aqui, mas vcs sabem melhor do que eu como é bom um Natal em família!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Novo Colunista!

Venho informa que este blog acaba de aceitar um novo colunista oficial, Fernadinho Vida-Alheia, tb conhecido como Fernando Chagas.

Esse camarada estou ciência política e quando calouro foi da gestão do CAPOL que fiz parte. Sempre preocupado com um mundo mais justo e tb com sua aparência e a dos outros é uma figura que irá qualificar ainda mais o nosso blog.

Desde ontem ele está dando dicas para o blog... Incansável, deve ser a frustação de não ter o seu Blog. rsrsrs

Seja bem vindo FVA!

Quarta Futebol! Cavalo Paraguaio do Ano!




Todo fim de ano ficamos aguardando ansioso a retrospectiva pra lembrarmos o que ocorreu no ano.

Por isso, farei hoje uma breve retrospectiva do nosso futebol. Não tenho tempo e nem disposição pra fazer grandes coisas. Desta forma, irei focar no Cavalo Paraguaio do Ano.



O flamengo começou o ano bem, ganhando o carioca e cheio de moral do ano anterior, no qual ele saiu da zona de rebaixamento pra libertadores.

Mas logo vimos que esse ano estava fadado ao fracasso dos flamenguistas. Na libertadores estava jogando bem, fato que levou o Joel para treinador da seleção da África do Sul. E bem que Joel disse que ficaria no flamengo até o final da libertadores.

Na semana em que o Flamengo aplicou uma goleada no México, a diretoria anunciou o substituto de Joel, Caio Júnior. O substituto estava como treinador do Goiás e vinha de péssimos resultados de reta final. Assim como no Palmeiras no ano anteiror. No Goiás ele conseguiu perder pro Corinthians de 4 a 0 no pacaembu, em 15 minutos, pela copa do brasil, isso que o Goiás tinha uma vantagem de 2 gols, e conseguiu perder o Goianão para Itumbiara.

Com a contratação de Caio Júnior, o flamengo fez o jogo de despedida do Joel. Um fiasco... Deixou reverter a vantagem conseguida no México e acabou eliminado. Apesar de não ter sido treinado nesse jogo pelo Caio, o espírito Caio Júnior estava tomando conta do Flamengo.

Mesmo com esse fiasco os flamengueiro tava todo prosa e tiveram a cara de pau de colocar essa faixa no maraca.




No Brasileirão seguiram forte e abriram 9 pontos de vantagem na liderança. Todos brincavam que o Flamengo seria o Cavalo Paraguaio desse ano e os flamengueiros diziam que eles não eram time pequeno!!!! Santa ilusão... Foi quando depois da excelente vitória no Mineirão sobre o Patético Mineiro alguns jogadores resolveram fazer uma putaria que não acabou bem... Ali foi o início do fim do flamengo nesse ano. Podem pegar os resultados na tabela e ficará claro o início do declínio.

Por incrível que possa parecer foi tb jogando com o patético mineiro que o Flamengo afundou o sonho de título. Dessa vez no Maraca com mais de 80 mil flamengueiros... 3 a 0 pro patético e o espírito Caio Júnior ficava cada vez mais forte.

Restava o sonho da vaga para libertadores. Poucas rodadas e uma tabela favorável. Foi quando venciam o Goiás por 3 a 0 no Maraca e cederam o empate de 3 a 3, isso na penúltima rodada... Ali saia o decreto do fim do sonho e da realidade Caio Júnior.



Mais uma vez esse sujeito conseguiu perder a vaga na libertadores nas últimas rodadas. Impressionante sua trajetória de fracassos...

Contudo, a desgraça flamengueira ainda não tinha acabado. Passaram o ano babando o ovo do Ronaldo, botaram ele pra cantar o hino do flamengo no Maraca e todas as babaquices possíveis. E que que o Ronaldo fez? Foi pro Corinthians! Neste momento o ano de 2008 era pra ser tão esquecido quanto o ano do centenário com melhor ataque do mundo.

Mas eis que a diretoria flamengueira poderia piorar ainda esse final de ano. Não satisfeita em ter afundado seu time com o derrotado Caio Júnior, foram buscar um técnico mais derrotado ainda, o Cuca! Mas conhecido como UruCuca, por causa de sua urucubaca e vocação para cavalo paraguaio.

Desta vez a diretoria não só afundou ainda mais o ano de 2008, como garantiu que 2009 será mais um ano fracassado pros flamengueiros!



Se 2008 é um ano difícil de terminar, 2009, pros flamengueiro, será um ano difícil de começar!!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Uma foto muito boa!

Não resisti quando vi essa foto no blog http://diariogauche.blogspot.com/ e farei o 3o post de hoje! Bom que fica muita coisa nova pros próximos dias!

Passei semanas procurando algo assim pra escrever sobre o consumismo de natal.
Enfim, achei uma imagem que resume tudo...



Final de ano e a Modernidade




Recetemente um amigo meu das antiga, Vitor, me ensinou a colocar o meu Blog no Google Analytics. Impressionante a modernidade... Vc sabe quantas pessoas entraram no blog, quanto tempo ficou, de que cidade são e até mesmo o navegador que está usando!!!

Nisso pude perceber que dias de semana tínhamos em média 20 visitantes e isso cai pra 7 aos finais de semana. Podemos tirar uma conclusão, o pessoal só entra no blog quando está jiboiando no trampo. rsrsrs

Entraremos no período de festas e as pessoas não trabalham nesse período. O humilde proprietário desse blog tb irá viajar. Como as pessoas não estarão no trampo pra entrar na net e eu tb não terei a mesma disponibilidade de net como no dia a dia, aviso que as atualizações a partir de hoje não serão mais diárias. Mas ocorrerão atualizações ocasionais.

Devemos voltar a todo vapor no dia 5 de janeiro, daí já com algumas novidades da viagem que farei. No dia 5 devo estar chegando no delta do Parnaíba, vindo de Jericoacoara. E irei até os Lençóis Maranhenses. Uma viagem que sonho faz tempo e que tive a possibilidade de realizar. Como diz nosso amigo Rafael Anjinhu, este circuito deveria ser um estado, o Estado do Paraíso!

Então para todos um excelente final de ano! E para refletir sobre isso deixo um poema do Drummond ótimo sobre o final de ano.

Carlos Drummond de Andrade

Receita de Ano Novo


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz;
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido),
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra
birita, não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas, nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

Violência Contra o Atirador de Sapatos



Nesse final de ano fomos surpreendidos com a sapatada no Bush. A verdade é que o jornalista fez o que o mundo gostaria de fazer. O sentimento de apoio a iniciativa dele é visível. Fico me pensando se ele tivesse acertado... De fato o Bush foi ágil e lembrou Matrix. Se pensarmos bem o Bush vive em sua própria matrix faz alguns anos.

Mas o intuito deste post é divulgar a matéria da Al Jazeera que denuncia as agrassões feitas ao jornalistas. Fato que nem foi lembrado pelas grandes redes de comunicação.

Segua a matéria da Al Jazeera

Atirador de sapatos: 'sem desculpas' a ninguém

Muntazer al-Zaidi, o jornalista iraquiano que atirou seus sapatos contra George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, disse que não pedirá desculpas pelo ato, ao mesmo tempo que seu advogado afirmou que o jornalista foi torturado na prisão.


Dhiya'a al-Sa'adi, advogado de al-Zaidi disse à al-Jazira, a rede catariana de televisão, nesta segunda-feira, que ''Muntazer al-Zaidi considera que o que fez ao atirar seus sapatos contra Bush foi exercitar seu direito à liberdade de expressão, em oposição e rejeição à ocupação, que trouxe o caos ao Iraque''.


Al-Sa'adi disse que al-Zaidi não estava pensando em pedir desculpas ao presidente dos Estados Unidos, ''nem hoje, nem no futuro''.


Um porta-voz do premiê do Iraque, Nuri al-Maliki, afirmou na última quinta-feira (18), em uma coletiva de imprensa em Bagdá, que al-Zaidi teria reconhecido que atirar seus sapatos teria sido um ''ato hediondo''.


Entretanto, Dhargham al-Zaidi, o irmão do jornalista questionou a veracidade da afirmação. Ele disse que seu irmão foi surrado com uma barra de ferro logo depois que foi retirado da coletiva com o premiê e o presidente americano.


''Ele não volta atrás em relação ao que fez'', disse o advogado à al-Jazira.


''As suas ações objetivavam somente o presidente Buhs, para dizer a ele que rejeita a ocupação e tudo o que isso significa para o Iraque''


''Em particular, à luz da forma desumana pela qual os prisioneiros iraquianos foram tratados pelas forças americanas''.


Espancamentos


Permitiram a al-Zaidi ver seu advogado no domingo à tarde, que em seguida confirmou as informações iniciais de que ele teria sido espancado e que sua condição médica era ''muito ruim''.


''Há sinais visíveis de torturem em seu corpo, em resultado do espancamento com instrumentos de metal'', disse al-Sa'adi.


''Relatórios médicos mostraram que o espancamento a que foi foi submetido al-Zaidi levaram-no a perder um dente, assim como ferimentos em sua mandíbula e ouvidos.


''Ele teve sangramento no olho esquerdo, assim como marcas em seu rosto e abdôme. Quase nenhuma parte de seu corpo foi poupada de ser espancada.''


Hajar Smouni, um porta-voz do Doha Centre for Media Freedom no Catar disse que ''a forma como ele foi preso foi muito brital. Algumas pessoas relataram que havia sangue no chão no lugar onde ele foi detido''.


''Embora ele não tenha sido preso por causa de suas opiniões, nós não podemos permancer em silêncio, diante dos maus-tratos a que foi submetido pelas forças iraquianas de segurança. É vital que ele tenha acesso a cuidados médicos e que lhe seja dado um julgamento justo'', disse.

Reclamações

"O fato dele ter sido assistido por um advogado já é um sinal positivo, mas o que preocupa é que ele será julgado pela Corte Central Iraquiana, que é o tribunal que julga os casos dos acusados por terrorismo".


"Esse á um julgamenteo difícil. Ele pode ser sentenciado a 25 anos na prisão, e nós precisamos assegurar que a ele não seja dada uma pena excessiva".


"No passado, houve muitos casos que foram interpretados como
reveladores da submissão e falta de independência do sistema judicial iraquiano".


Al-Zaidi fez uma ação contra os guardas que o espancaram, de acordo com seu advogado, e solicitou que eles sejam julgados também pela Corte Central Iraquiana".


"A corte aceitou a ação e tomou as medidas cabíveis para que os guardas sejam levados à justiça e punidos por infração à lei", disse al-Sa'adi.


O julgamento de al-Zaidi está marcado para 31 de dezembro de 2008, quando será acusado de "insultar um líder estrangeiro".

Com informações da Al Jazira: http://english.aljazeera.net

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Viva a Chegada da Luiza!


Essa foto é uma ilustração, não é a Luiza!!!

Caros e Caras,

Quero aqui fazer uma breve saudação a chegada de Luiza no mundo. Pra quem não conhece, a Luiza é a filha recém nascida dos meus amigos Renatão e Thaíza. Nosso querido Renatão é colunista oficial de nosso blog.

A Luiza deu demostração que tava com pressa de viver e de alegrar seus pais. Chega antes da hora! Sabia que tinha que chegar essa ano ainda e tinha que ser Sagitariana, o signo mais animado do Zodíaco!

Seja bem vinda Luiza!!!!

Bjs do Tio Rafael Pops!

Não podemos deixar de falar da Grécia


Faixas colocadas na Acropole!


Nos jornais e na mídia brasileira sempre escutamos de relance falar da revolta dos jovens gregos. Muitas vezes sem profundidade nenhuma e uma mera simplificação. Contudo, o que acontece lá é grave e tem haver com a crise mundial que vivemos.

Não precisamos lembrar da revolta de jovens de Seattle e nem mesmo dos jovens franceses. O que percebemos é que cada vez mais a sociedade em que vivemos está em crise e não tem espaço pra todo mundo. Neste caso a revolta é o caminho...

Ao contrário do que a mídia brasileira coloca as mobilizações na Grécia não são só protestos devido a morte de um jovem de 15 anos, Alexandros Grigoropoulos, baleado por um policial de Atenas. Essa morte é só a faísca que explodiu o barril de polvora que está virando o mundo e principalmente os países desenvolvidos.

Pra tentar mostrar um pouco mais sobre a revolta na Grécia trago pra vocês o texto do Mike Davis. Ele é professor no departamento de História da Universidade da Califórnia (UCI), em Irvine, e um especialista nas relações entre urbanismo e meio ambiente. Ex-caminhoneiro, ex-açogueiro e ex-militante estudantil. Ele tem publicado uma série de trabalhos que se tornaram referências no meio acadêmico, tais como Ecologia do medo, Holocaustos coloniais, Cidade de quartzo: escavando o futuro em Los Angeles e Planeta Favela que traz o debate sobre o modelo de sociedade urbana que estamos criando no mundo.

Vale muito a pena ler esse texto como as obras o autor (vale o esforço de ler em espanhol). Da minha parte eu só tive contato com o livro Planeta Favela, que mostra que o mundo está se favelizando e numa velocidade enorme. E essa favelização do mundo tem idade e cor, jovem e negra! Pude tb ver sua entrevista ao programa Millenium da Globo News. Enfim, um dos grandes intelectuais de esquerda da atualidade. Tem uma entrevista tb sobre o livro Planeta Favela - http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&tipo=entrevista&edicao=25

El mundo se ha vuelto inflamable y la revuelta de Atenas es el primer chispazo
Mike Davis




1. Pienso que nuestras sociedades están supersaturadas con rabia no reconocida, una que repentinamente puede cristalizar en torno a algún incidente aislado de abuso policiaco o de represión estatal. Aunque las semillas de la revuelta se han sembrado flagrantemente, la sociedad burguesa casi no reconoce que es su propia cosecha.

En Los Ángeles en 1992, por ejemplo, cada adolescente en las calles (o para el caso todo policía de turno, a pie) supo que venía el Armagedón. Las ensanchadas líneas de quiebre entre la juventud de las barriadas y el gobierno de la ciudad debieron haber sido visibles hasta para el más ingenuo de los observadores: arrestos masivos semanales, innumerables tiroteos de policías contra chavales desarmados, una indiscriminada caracterización de los jóvenes de color como gángsters, unos injuriantes dobles criterios de justicia, y así por el estilo. No obstante, cuando ocurrió la erupción, en la ola del veredicto de la corte que exoneraba al policía que casi había matado a Rodney King a golpes, las elites políticas y de los medios reaccionaron como si alguna fuerza secreta, impredecible, se hubiera desatado desde las profundidades de la Tierra.

Subsecuentemente, los medios (que sobrevolaban en helicópteros casi todos) intentaron manejar la percepción mundial del motín mediante la simplificación y el estereotipamiento drásticos: las pandillas de negros estaban en las calles incendiando y saqueando. De hecho, el veredicto en torno al caso Rodney King se volvió el núcleo respecto del cual diversos agravios se aglutinaron. De los miles arrestados pocos eran en realidad los miembros de pandillas y únicamente un tercio era siquiera afroestadunidense. La mayoría eran inmigrantes pobres o sus hijos, que fueron arrestados por robar pañales, zapatos y televisores de las tiendas locales. La economía de Los Ángeles estaba (aún está) en un profunda recesión y los barrios latinos pobres al oeste y al sur del centro de la ciudad fueron los más afectados, pero la prensa nunca había informado de su miseria existencial, así que casi se ignoró por completo la dimensión de "motín por pan" del levantamiento.

De modo semejante, en la Grecia actual, una atrocidad policiaca "normal" finalmente dispara un brote que se estereotipa como furia inexplicable y se culpa a los anarquistas de las sombras, cuando que, de hecho, "guerra civil de baja intensidad" es el término que mejor caracterizaría lo que desde hace mucho es la relación entre la policía y varios estratos de jóvenes.

2. No estoy calificado, en lo absoluto, para comentar la especificidad de las condiciones griegas, pero tengo la impresión de que hay importantes contrastes con la Francia de 2005. La segregación espacial de los jóvenes inmigrantes y pobres parece menos extrema que en París, pero las perspectivas de empleo para los muchachos pequeñoburgueses son considerablemente peores: la intersección de estas dos condiciones trae a las calles de Atenas a una coalición más diversa de estudiantes y jóvenes adultos desempleados. Más aún, heredan una continuada tradición de protesta y una cultura de la resistencia que es única en Europa.

3. ¿Qué demanda la juventud griega? Seguramente percibe con claridad implacable que la depresión mundial cancela las reformas tradicionales del sistema educativo y el mercado laboral. ¿Por qué habrían de tener fe alguna en la repetición seriada del Pasok (el Panellinio Sosialistiko Kinima o Movimiento Socialista Panelénico) y sus promesas rotas?

Pero sí, están ustedes en los cierto: ésta es una especie original de revuelta, prefigurada por los motines anteriores en Los Ángeles, Londres y París, pero que surge de un nuevo y más profundo entendimiento de que el futuro ya lo saquearon por adelantado. De hecho, ¿qué generación en la historia moderna (aparte de los hijos de la Europa de 1914) ha sido tan totalmente traicionada por los patriarcas?

Me angustia esta pregunta porque tengo cuatro hijos y aun el más joven entiende que su futuro puede ser radicalmente diferente que mi pasado. La cohorte de mi generación [los llamados bayboomers] le hereda a sus hijos una economía mundial rota, extremos de inequidad social que aturden, brutales guerras en las fronteras imperiales y un clima planetario fuera de control.

4. A Atenas se le mira ampliamente como la respuesta a la pregunta: "¿Y después de Seattle qué?" Recuerden las manifestaciones contra la OMC y la "batalla de Seattle" en 1999, que abrieron una nueva era de protestas no violentas y activismo de base; la tremenda popularidad de los Foros Sociales Mundiales; las demostraciones de protesta contra la invasión de Irak por Bush en 2003, que tenían la fuerza de millones de personas, y el amplio respaldo hacia los Acuerdos de Kyoto, todo esto auguraba una enorme esperanza de que un "mundo alterno" podía aún nacer.

Desde entonces, la guerra no ha terminado, las emisiones de gases con efecto invernadero aumentaron muchísimo y el movimiento del foro social ha languidecido. Un ciclo completo de protesta llegó a su fin justo en el momento en que estalló la caldera de Wall Street del capitalismo globalizado, y deja en su ola problemas más radicales y nuevas oportunidades para el radicalismo.

La revuelta en Atenas termina con la reciente sequía de rabia. Sus cuadros parecen tener muy poca tolerancia hacia las consignas esperanzadoras o las soluciones optimistas, lo que los distingue de las demandas utopistas de 1968 o el espíritu anhelante de 1999. Esta ausencia de demandas de reforma (y como tal, de cualquier manejo convencional de las protestas), por supuesto, es lo que es más escandaloso, no los cocteles molotov o las vitrinas rotas. No recuerda tanto a la izquierda estudiantil de los años 60 sino a las intransigentes revueltas del anarquismo de los descastados de Montmartre en la década de 1890 o del Barrio Chino de Barcelona a principios de la década de 1930.

Algunos activistas estadunidenses, por supuesto, consideran esto como la renovación de la protesta al estilo Seattle, con la cuota temporal de pasión mediterránea. Encaja con una idea de que "Obama-traerá-cambios", en un paradigma de entendimiento que es una repetición de los movimientos de reforma política de los años 30 o los 60.

Pero otros jóvenes que conozco rechazan esta interpretación sacada de la manga. Se identifican a sí mismos (igual que los anarquistas de fin d'siecle) como una "generación condenada" y miran en las calles de Atenas la métrica apropiada de su propia rabia.

Hay el peligro, por supuesto, de sobrestimar la importancia de una erupción en un escenario nacional específico, pero el mundo se ha vuelto inflamable y Atenas es el primer chispazo.

Mike Davis es miembro del Consejo Editorial de SINPERMISO. Traducidos recientemente al castellano: su libro sobre la amenaza de la gripe aviar (El monstruo llama a nuestra puerta, trad. María Julia Bertomeu, Ediciones El Viejo Topo, Barcelona, 2006), su libro sobre las Ciudades muertas (trad. Dina Khorasane, Marta Malo de Molina, Tatiana de la O y Mónica Cifuentes Zaro, Editorial Traficantes de sueños, Madrid, 2007) y su libro Los holocaustos de la era victoriana tardía (Universidad de Valencia, Valencia, 2007). Sus libros más recientes son: In Praise of Barbarians: Essays against Empire (Haymarket Books, 2008) and Buda's Wagon: A Brief History of the Car Bomb (Verso, 2007; traducción castellana en prensa en la editorial El Viejo Topo). Actualmente, está escribiendo un libro sobre ciudades, pobreza y cambio global.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Vídeo Maneiro!

Caros e caras,

nesse domingão deixo pra vcs curtirem essa músiquinha junto com vídeo "Classe Média" Muito bom!!! Apresentado por nosso companheiro e camarada Yuri, da história da UnB!!!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Sobre Amizade - Uma ode aos amigos e amigas!


Amigos das antigas que iremos confraternizar hoje!

Outro dia estava conversando com uns amigos sobre amizade e tb sobre família e trabalho. Resumidamente é como buscamos nas amizades boa parte de nossos conflitos e frustações de nossa família e mesmo do trabalho.

De fato o jargão que amigos são a família que a gente escolhe é verdade. Minha experiência felizmente é de ter vários amigos e amigas de todos os tipos. Os militantes, os de infância, os da faculdade... Numa família pequena como a minha ter amigos é muito mais importante. Lembro de minha mãe, feliz dela que tinha muitos amigos e sempre os cultivou. Me disse uma vez: valorize os amigos que tem hoje e que está fazendo agora, pois esse serão seus amigos pra sempre. Dizia isso quando estava na faculdade.

Realmente fazer amigos mais velho é mais difícil, mas não impossível. No filme Efectos Secundários que divulguei aqui, a protagonista diz isso no manual de viver os 30 anos.

Mas talvez o mais difícil dessa fase da vida não seja fazer amigos ou cultivá-los, o mais difícil é perdê-los. Não pq vc não cultivou ou pq vc nao gostava, mas pq a vida vai tomando rumos diferenciados. No meu caso muitos amigos não vivem na cidade que escolhi, Brasília. Outros não encontro tanto mais e nem encontrarei, pois nossas aventuras quase sempre eram em encontros estudantis. Quando tinha 21 anos eu não sofria de perder amigos, apesar de ter sofrido muito com as diversas mudanças de cidade dos meus pais. Perder amigo era algo não muito palpável, pq mesmo os amigos que tinha deixado em Goiânia eu encontrava rapidamente nas festas que frequentava lá.

Hoje perder o contato com amigos é algo real e dolorido!

Cultivar amigos é algo prazeroso e faz muito bem pra alma. Queria eu poder cultivar todos que já fiz na vida. Dos meus amigos de Goiânia na época do primário, dos amigos que fiz em Brasília na 114 sul e na 211 sul,os do Sigma, os de falcudade, os do movimento estudantil, os do PT e os amigos dos amigos destes que tb pude construir essa relação.

No final de ano sempre essa oportunidade pra reviver essas amizades. Reviver pq no dia a dia da correria vc acaba vivendo os amigos que estão mais próximos... Enfim, é a vida de cada um, mas que nunca ninguém duvide da amizade de algum amigo passado.

Escrevo isso hoje pq esse final de ano farei quase que uma "suruba" de amigos. Nessa quinta, local e data que me inspirou neste posto, fizemos a última cerveja de quinta do ano com os amigos mais próximos hoje. Hoje irei reencontrar amigos mais antigos e de muitas aventuras. Que muitas vezes sinto falta, mas não perdi o contato! Domingo teremos outra reunião de amigos, esse evento organizado por um dos mais próximos hoje em dia! E o Reveillon passarei com muitos amigos que fiz na militância e que não se encontrava todos juntos ao mesmo tempo fazia um bom tempo.

Enfim, viva a amizade!!!

Pra terminar deixo uma música sobre o tema em questão!!!

A Lista

Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha...
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?
Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver ...
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber ...
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?

Oswaldo Montenegro

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sobre as eleições em El Salvador



Enquanto Secretário Nacional de Juventude do PT pude participar do XIII Encontro do Foro de São Paulo em El Salvador organizado pela Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional - FMLN.

Apresentação

Antes de mais nada precisamo explicar algumas coisas, pois nem todos os leitores do blog sabem do que se trata o Foro de São Paulo e a FMLN.

O Foro de São Paulo é uma articulação política de partidos de esquerda e progressistas da América Latina e Caribe. Foi uma iniciativa tomada em 1990, pós queda do Muro de Berlim, para conseguir termos uma cara pra esquerda latinoamericana. Do Brasil participaram da fundação do Foro o PT, PC do B e PPS. Trata-se de uma importante ferramenta da luta de esquerda no continente.

A Frente Farabundo Martí para Libertação Nacional é um partido político de esquerda de El Salvador. Este país da América Central tem uma grande história de lutas populares e também sofre de maneira siginificativa com o imperialismo norte-americano. Cerca de 1/3 dos salvadorenhos vivem em território dos EUA.

El Salvador é um país menor que o estado de Sergipe e é o menor país da América Latina. No início era uma das colônias esquecidas da Espanha. Por ser uma das colônias mais atrasadas da Espanha a indepêndencia de El Salvador herdou essa heraça do atraso. Esse atraso foi acentuado com a expulsão dos indígenas de suas terras e a formação de grandes latifúndios. A primeira exploração de El Salvador foi de índigo, posteriormente foi o café. Existem diversos vulcões em El Salvador o que gerou um solo altamente produtivo.

Com o avanço do latifúndio e da cultura do café o controle político do país era de uma Oliguarquia conhecida como Los Catorze, pois eram 14 famílias que controlavam o café.

Esse poder foi posto em cheque com a crise mundial de 1929 e que despencaram o café. De maneira bem resumida, essa oligarquia em 1930 permitiu e operou para que o Exército assumisse o controle político do país, inclusive numa ação pra combater o crescimento da insatistação social crescente no país.

Em 1932 houve um levante popular em El Salvador, no qual um dos líderes era Agustín Farabundo Martí. Podemos considerar esse levante como a primeira tentativa de uma revolução socialista na América Latina. Contudo, o exército foi impiedoso e aniquilou o levante popular.

Essa situção política de El Salvador foi acentuando-se até que com as vitórias de revoluções através de guerrilhas em Cuba e Nicarágua a esquerda salvadorenha decidiu enfrentar essa hegemonia do estado através da guerrilha.

Foram muitos anos de guerra civil no país, onde certamente não haveria vencedores. Nem a guerrilha era forte suficiente para derrotar o exército e nem vice-versa. O apoio popular e a organização da FMLN eram muito grandes. Eles tinham a rádio Venceremos que era um importante veículo de comunicação com toda sociedade salvadorenha.



Em 1992 foi feito o acordo de paz e retomada de um estado democrático de direito. Foram garantidos a anistia aos guerrilheiros e a liberdade de organização política. Foram centenas de milhares de desaparecidos durante essa guerra. Minha foto no início é um monumento destinados aos desaparecidos, um muro com nome de cada um deles.

Assim, da guerrilha por um país democracia surge a FMLN. Desde o início o PT sempre manteve profundas relações com a FMLN. Essa relações bilaterais e de simpatia são de longa data.

As eleições de 2009 em El Salvador



Desde 1992 restabeleceram as eleições em El Salvador. Contudo, o poder econômico da direita é virtuoso e o apoio dos EUA enorme. Com quase 1/3 da população vivendo nos EUA e com boa parte da receita do país vindo da grana que esses salvadorenhos mandam para o país o apoio do EUA sempre foi decisivo. E o alinhamento de El Salvador com EUA é enorme, um exemplo é que El Salvador é o único país da América Latina que enviou tropas ao Iraque. Mas esse alinhamento gera uma grande dependência do país e acentua as diferenças sociais.

Nesse quadro a FMLN cresceu eleitoralmente, tendo a prefeitura de San Salvador, capital do país. (Um dado engraçado aqui, disse que muitas cartas de brasileiros nos EUA vai parar em San Salvador por causa de um confusão do correio estadudinense entre Salvador da Bahia e a capital de El Salvador). Mas nunca teve chance eleitorais para presidente.

Contudo, esse quadro vem mudando. Teremos eleições pra presidente de El Salvador em fevereiro de 2009. A briga política está intensa lá. Assim como no Paraguai onde a direita reacionária nunca havia perdido uma eleição, El Salvador esse cenário vem mudando. Mas como o caráter da direita nesse países é muito reacionário a disputa eleitoral nunca é tranquila.

O candidato da FMLN é Maurício Funes, um apresentador de televisão e figura muito popular. Tive a grata chance de conhece-lo, inclusive ele é casado com uma Brasileira.
As pesquisas são animadoras, onde a FMLN tem de 44% a 50% das intenções de votos.

Confirmando esse cenário estaremos dando uma virada histórica na conjuntura da América Central. Onde temos governos de esquerda e centro-esquerda em diversos países e tb derrotando a direita no seu maior quintal que era El Salvador.

Quando estive na JPT desenhamos uma proposta de intercâmbios entre jovens dos dois partidos, inclusive alguns jovens salvadorenhos estavam estudando português. Assim como essa iniciativa temos que ampliar ainda mais o intercâmbio entre esses dois países e principalmente entre nossas organizações.

Todo petista deveria estar acompanhando um pouco mais essas eleições, assim como acompanhando em www.fmln.org.sv o desenrolar das eleições. É preciso que mobilizemos o estado brasileiro pra ser observador dessas eleições, assim como organizações como o PT. Digo isso pq poucos anos atrás fizeram uma mega fraude eleitoral no México, para impedir a vitória do PRD. Não seria novidade que a intervenção dos EUA aconteça novamente, ainda mais pq El Salvador sempre foi a principal porta de entrada dos EUA na América Central.

Seguimos firme acompanhando essa importante eleição e torcendo muito pela vitória da FMLN e de Maurício Funes.

Viva FMLN!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Homenagem a minha Mãe!




Hoje será um dia de homenagem. Farei uma homenagem a minha mãe, grande guerreira Ângela Barbosa.

Infelizmente ele faleceu em setembro de 2007 e pra algumas pessoas, inclusive eu, bem de repente, pois ela guardou pra si e pra um círculo estreiro de amigos seu câncer no fígado.

Uma mulher guerreira, batalhadora, insistente, carinhosa, bondosa e bohemia! Não tenho palavras para descrevê-la completamente...

Dizia que criou filho pro mundo e não pra barra da saia dela. Com 16 anos fui morar sozinho! Hoje acho isso magnífico, mas já achei mais. Pq se me ensinou muita coisa na vida, roubou bons tempos que poderia ter vivido ao seu lado. Quando entrei na UNE em 2003 o convivência ao vivo ficou mais escassa ainda. Mas admiração por ela só foi aumentando.

Podemos dizer que fez um virada na sua vida pessoal, junto com o fim do século XX. Podemos dizer que a Ângela renasceu ou mesmo que apareceram várias faces repreendidas da Ângela. Boa parte disso não pude viver e outra grande parte só fui descobrir depois de seu falecimento.

Arquiteta de formação, sempre trabalhou com planejamento urbano, uma urbanista. Essa face todos conhecem bem. Mas foi aparecendo mais a face poética dela e fiquei impressonado com a quantidade de poemas que ela produziu nesses anos. Sonho um dia publicar um livro.

Bem, nossa homenagem é com a publicação de um de seus poemas. Sobre a vida, sobre as nossas memórias e també, sobre Goiânia, cidade que ela escolheu pra ser sua. Cidade que nasci e durante muito tempo fugi e aindo fujo, ainda não sei bem pq... Mas uma cidade que quanto mais eu fujo, mais ela puxa meu pé! Estou ligado em Goiânia para sempre... Lá está boa parte da minha história, lá está minha mãe, assim como minha irmã que não conheci, meus avós, meu pai e quase toda minha família. Ao contrário da minha mãe, não tive escolha... Mas não fico triste com isso, preciso saber viver isso!

Esse poema ainda tem muito haver com o momento de passagem da minha vida, de recordação dos vividos e abertura dos guardados. Cada dia mais minha vida não será com antes e nem poderá ser. Mas sem dúvida ficam os guardados...



Os Guardados da Cidade
Ângela Barbosa

Só vivemos porque dividimos guardados.
Assim ficamos todos poetas, arquitetos, dançarinos, professores...
De nossos guardados.

Guardados do:
Chão que pisamos,
Do ar que respiramos,
Das coberturas que dividamos,
De que percorremos com o olhar, juntos,
Dos espaços de vida que ocupamos
Lembranças e relembranças de nós...

Arquitetos e poetas de vida

Comungando a descoberta de que tudo não é mais que um
GUARDADO
Não importa a forma como os expressamos!...
Assim és... arquiteto do sentimento da cidade
O melhor desse sentimento
Ontem... como urbanista, percorri a cidade!!!
O fazia como poeta!
Fui-me buscar em minha cidade
Fui percorrer meus guardados caminhos de vida
Meus meandros de tempos no tempo de minha cidade
Fui buscar

1- Telhados que dessem guarida a todos os mendigos
(assentamento do Jardim Primavera dos sem teto, que implantamos)
2- Fui olhar a padaria do pão de cada dia de minha história
(praça do avião, meu primeiro morar em Goiânia)
3- Atravessar os bosques querendo encontrá-los encantados para encontrar a flauta que encantam nossas borboletas, mesmo as mais inexistentes (bosque do zoológico)
4- Percorrer os becos da lucidez dos bêbados
(beco do Armando, rua 7 antigo ponto de estudantes, antigo DCE da Federal)
5- Maravilhar-me com pássaros, pois eles são os mais sábios poetas
(os pássaros que cantam todos os dias no amanhecer de minha casa)
6- Despedir-me do inferno, no desejo de encontra-me na aurora dos velhos amores, de um tempo passado, na história da praça universitária
(o mais bonito nascer e morrer do sol de Goiânia)
7- Caminhar no jaz do passo que não caminhei
(nos cemitérios onde minha filha está enterrada e onde meus pais estão enterrados)
Perplexa! De estar na encruzilhada da paixão e saudosa dos entes
Queridos...
Sai sem destino...
Nessa cidade que vivo,
Que discuto
Que projeto
Que discurso
Que planejo
Que ocupo terras
Que tive várias moradas
Que tive grandes amarguras
Que comemorei várias vitórias
Sonhei
Desejei
Amei
Vivi
História de mim...

Guardados de minha memória
Fui percorrendo cada canto, cada lugar, saboreava cada passo
Do chão que pisava
Acariciava cada folha seca nas lembranças de meu passado
Recolhia cada pedrinha que algum dia pudesse ter estado em meus sapatos
Olhava cada janela aberta que se abria
Para entrada do sol dos desejos de cada ser

Caminhava lenta e percorria o redor de cada espaço
Vivido... vivendo...

Ouvi alguns sons do passado
Retornei na viagem do tempo

Resgatei algumas imagens:
De vidas com os amigos
De um casamento
Da morte da minha filha
Do nascimento do meu filho
De um meio casamento
De uma vida de trabalho
De uma vida política
Da trajetória de cada passo dado
Cada lugar guardado. Cada dia

De cada momento que tive e que não tive
E suspirava...

Só que a cidade que pisava hoje no urbano, não é a mesma cidade
Tive saudades
E desejei ser uma bruxa para encantá-la.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Dia de Futebol - Sobre Jogadores!




Sobre jogadores

Como hoje é quarta é dia de futebol. Tenho que pedir desculpas, pois não escrevi nada na quarta passada. De fato foi um lapso, passou em branco mesmo.

Aqui já falamos dos torcedores, da final do Brasileiro e a Cartolagem São Paulina e hoje é dia de falar de jogadores. Como disse no post anterior sobre futebol o neoliberalismo chegou ao futebol. Contudo, as particularidades do futebol são grandes. Isso pq a mesma mercadoria que hj gera rios de dinheiro é, em tese ao menos, o proletário do futebol: o jogador.

É com jogadores que os clubes hj ganham mais dinheiro, seja na venda, no marketing ou mesmo na conquista de títulos. Se avaliarmos somente os títulos o jogador é um legítimo proletário. Se avaliarmos o marketing ele é uma mercadoria e se avaliarmos sobre as vendas ele é um bem que gera capital rentista e que tem valor de uso, pois se um jogador está jogando mal seu valor será baixo e o contrário o seu valor será alto. Isso tb em tese, pq dependendo da mídia, ou seja, propaganda, que o jogador traga ao clube ele pode ter um valor de uso enorme. Daí seu valor não será mais como jogador, mas como mercadoria, como peça de marketing.

Podemos perceber que existe vários olhares para um jogador hj. Nem sempre foi assim, durante muito tempo o jogador era um proletário. Ele sofria com os dirigentes dos times, sofria com empresário e era muito explorado.

Não vou me alongar aqui sobre o jogador proletário, pois os focos do meu texto são a mercantilização do futebol e como os jogadores hoje são peça fundamental nisso. Também não irei falar sobre o capital rentista dos empresários neste momento, pois isso será fruto de um debate sobre empresário no futebol.

Com advento da sociedade midiática e ascenso da propaganda tudo se tornou uma mercadoria e usam cada vez mais as estrelas pra venderem mercadorias. As pessoas comuns desejam ser seus ídolos e pra isso existem vários acessórios. Esse nem sempre seu ídolo usa, mas certamente faz propaganda pra vender e ganha com isso. No início foram atores e atrizes, depois cantores e cantoras e assim foi... Chegamos aos craques da bola.

Um dos pioneiros foi David Beckham, inglês, que até hoje colhe os frutos de se tornar um popstar. Futebol de craque ele não apresenta faz tempo. Mais recente de todos é o Cristiano Ronaldo, mas esse ta jogando muito futebol atualmente. Sem dúvida o precursor de tudo isso é o Rei Pelé. Campeão de marketing, já na década de 70 largou à carreira no auge e se perpetuou como rei do futebol. Tb é verdade que a Rede Globo sempre deu uma ajudinha pra isso...

Mas com toda certeza o mais carismático de todos foi o Ronaldo Fenômeno. Isso se deve a pessoa dele, que sempre passou grande simplicidade e também pelo ótimo futebol que ele apresentou no seu auge. Ninguém é o maior artilheiro de todas as copas a toa. Logo a Nike percebeu o potencial do menino e o comprou como peça de marketing. E ele infelizmente se vendeu... É verdade que vivemos numa sociedade capitalista e que todos desejam ganhar um bom dinheiro. O Ronaldo fez o que a sociedade esperava dele e que um menino de vida difícil desejava. Mas nem todos cedem a isso, o Adriano, por exemplo, nunca topou contrato de marketing assim. Fica um bom exemplo.

Essa combinação de ótimo futebol e ter virado uma mercadoria da Nike fizeram do Ronaldo mundialmente conhecido, hj mais que o Pelé. Relato aqui minha ida à Índia em 2004, final do auge do Fenômeno. Todos que escutavam que eu era do Brasil perguntavam do Ronaldo... Eram muitas camisas da seleção com nome dele pela rua. Impressionante! Justamente nesse ano de 2004 as coisas começaram a mudar para ele. Paulatinamente ele foi deixando o bom futebol e virando cada vez mais uma peça de marketing.

Podemos citar vários fatores pra isso. Nessa altura ele tinha ganhado quase tudo e nem 30 anos tinha ainda. Além do que era conhecido mundialmente e com isso tinha muitas receitas mesmo sem jogar futebol.

Com isso, sua motivação pra jogar futebol diminuiu e sua idade foi avançando... O resultado disso era óbvio ganhou peso e o futebol foi ficando medíocre. Desde 2004 que o Ronaldo não joga mais que 5 partidas seguidas. Aqui entra um elemento do capital rentista no futebol, junto com o fator proletário. Ninguém sabe dizer que o Ronaldo tomou pra ficar mais forte, mas todo mundo sabe que ele tomou algo. Com isso, seus músculos podem estar desgastados como uma pessoa idosa. Caso recente foi da ginasta Jade Barbosa, que foi submetida a métodos de treinamento que suas articulações parecem de uma pessoa idosa.

O resultado de tudo isso é que em 2007 Ronaldo tem outra contusão séria e agora com 31 anos. Está na geladeira, se envolveu em mais de um escândalo e está sendo mais uma vítima da sociedade dos ídolos. Quando estão no auge à mídia lucra com seu futebol e quando estão em baixa à mídia lucra com sua desgraça. O que não pode é deixar de lucrar!Até mesmo o contrato vitalício com a Nike esteve em risco e com isso sua carreira de celebridade iria ser somente pelas suas baixarias.

O que tudo indica é que ele percebeu o buraco que tava entrando e tentou reverter isso. Contudo, escolheu novamente o caminho midiático. Flamenguista assumido foi fazer a recuperação no Flamengo, coisa óbvia, pois ali teria mais holofotes. Passou meses declarando amor ao Flamengo e que o sonho era jogar lá. Virou alvo de supostas contratações por todos os times patrocinados pela Nike, o Manchester City foi o mais divulgado, numa clara trama de mercado para mantê-lo na mídia e valorizado. Será que a Nike não forçou os times a entrarem nessa?

Por fim, a saída melancólica, que somente mostrou mais uma vez ser um objeto da Nike e não um jogador de futebol. Inexplicavelmente de repente ele acerta com Corinthians, patrocinado pela Nike e que acaba de voltar de maneira brilhante para a Série A. Voltou sem oba-oba na Série B, mas parece ter esquecido disso nesse final de ano vitorioso. Certamente o fato do Flamengo não ter ido pra Libertadores e estar em litígio com a Nike pesou. E novamente quem definiu os rumos do Fenômeno foi seu patrocinador. Chegamos ao auge do neoliberalismo no futebol! No qual quem definem as coisas não são os clubes ou os jogadores, personagens principais do jogo de futebol, e sim o pessoal da grana! Estão conseguindo transformar o maior jogador brasileiro das últimas décadas em um fantoche banana. Triste fim para Ronaldo...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vídeo Manifesto Comunista em Desenho

Esse é o vídeo do Manifesto Comunista em Cartoons. Não resisti, muito bom!!! Vale a pena assistir... Didático e divertido!

Mas não deixem de ler o conto do Veríssimo embaixo, postei hoje tb!

Sobre desconhecidos!




Caros e Caras,

Sexta passada estive em um samba na Associação dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores. O samba muito bom e estava especialmente cheio. Neste dia foi impressionante a quantidade de pessoas antigas que encontrei. Muitas nem sei o nome... Como morei 5 anos fora de Brasília muitos contatos se perderam e mesmo a vida nos reservou caminhos distintos.

Contudo, no meio desse monte de gente teve um que falou comigo e que não conheço. Intrigado, fiz algumas perguntas pra ter certeza disso e realmente não fazia idéia. E após as perguntas minha sensação era que ele tb percebeu que se enganou.

Na hora veio essa crônica do Veríssimo - Grande Edgar - que trata justamente sobre isso. No próprio samba comentei com um amigo e algumas amigas que iria postar esse conto aqui. Vale a pena a leitura! Bem engraçado...

Grande Edgar

Já deve ter acontecido com você.

— Não está se lembrando de mim?

Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele esta ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados, antecipando sua resposta. Lembra ou não lembra?

Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir.

Um, curto, grosso e sincero.

— Não.

Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O "Não" seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. Pelo menos entre pessoas educadas. Você deveria ter vergonha. Passe bem. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem. Outro caminho, menos honesto mas igualmente razoável, é o da dissimulação.
— Não me diga. Você é o... o...

"Não me diga", no caso, quer dizer "Me diga, me diga". Você conta com a piedade dele e sabe que cedo ou tarde ele se identificará, para acabar com sua agonia. Ou você pode dizer algo como:

— Desculpe, deve ser a velhice, mas...

Este também é um apelo à piedade. Significa "não tortura um pobre desmemoriado, diga logo quem você é!". É uma maneira simpática de você dizer que não tem a menor idéia de quem ele é, mas que isso não se deve a insignificância dele e sim a uma deficiência de neurônios sua.

E há um terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.

— Claro que estou me lembrando de você!

Você não quer magoá-lo, é isso! Há provas estatísticas de que o desejo de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida sem deixar um vestígio sequer. E, mesmo, depois de dizer a frase não há como recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você ainda arremata:

— Há quanto tempo!

Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará.

— Então me diga quem sou.

Neste caso você não tem outra saída senão simular um ataque cardíaco e esperar, e falsamente desacordado, que a ambulância venha salvá-lo. Mas ele pode ser misericordioso e dizer apenas:

— Pois é.

Ou:

— Bota tempo nisso.

Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória. Quem será esse cara meu Deus? Enquanto resgata caixotes com fichas antigas no meio da poeira e das teias de aranha do fundo do cérebro, o mantém à distância com frases neutras como jabs verbais.

— Como cê tem passado?

— Bem, bem.

— Parece mentira.

— Puxa.

(Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse cara, meu Deus?)

Ele esta falando:

—Pensei que você não fosse me reconhecer...

—O que é isso?!

—Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.

—E eu ia esquecer de você? Logo você?

—As pessoas mudam. Sei lá.

— Que idéia. (é o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O... o... como era o nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas como saber se ele tem uma perna mecânica? Você pode chutá-lo amigavelmente. E se chutar a perna boa? Chuta as duas. "Que bom encontrar você!" e paf, chuta uma perna. "Que saudade!" e paf, chuta a outra. Quem é esse cara?)

— É incrível como a gente perde contato.

— É mesmo.

Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.

— Cê tem visto alguém da velha turma?

— Só o Pontes.

— Velho Pontes! (Pontes. Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um nome com o qual trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...)

— Lembra do Croarê?

— Claro!

— Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo.

— Velho Croarê. (Croarê. Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez tiro ao alvo. É inútil. As pistas não estão ajudando. Você decide esquecer toda cautela e partir para um lance decisivo. Um lance de desespero. O último, antes de apelar para o enfarte.)

— Rezende...

— Quem?

Não é ele. Pelo menos isto esta esclarecido.

— Não tinha um Rezende na turma?

— Não me lembro.

— Devo esta confundindo.

Silêncio. Você sente que esta prestes a ser desmascarado.

Ele fala:

— Sabe que a Ritinha casou?

— Não!

— Casou.

— Com quem?

— Acho que você não conheceu. O Bituca. (Você abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela. Já que o vexame é inevitável, que ele seja total, arrasador . Você esta tomado por uma espécie de euforia terminal. De delírio do abismo. Como que não conhece o Bituca?)

— Claro que conheci! Velho Bituca...

— Pois casaram.

É a sua chance. É a saída. Você passou ao ataque.

— E não avisou nada?

— Bem...

— Não. Espera um pouquinho. Todas essas acontecendo, a Ritinha casando com o Bituca, O Croarê dando tiro, e ninguém me avisa nada?

— É que a gente perdeu contato e...

— Mas meu nome tá na lista meu querido. Era só dar um telefonema. Mandar um convite.

— É...

— E você acha que eu ainda não vou reconhecer você. Vocês é que se esqueceram de mim.

— Desculpe, Edgar. É que...

— Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam. ( Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu você com outro. Ele também não tem a mínima idéia de quem você é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele esta na defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de "Já?!".)

— Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?

— Certo, Edgar. E desculpe, hein?

— O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido.

— Isso.

— Reunir a velha turma.

— Certo.

— E olha, quando falar com a Ritinha e o Manuca...

— Bituca.

— E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein?

— Tchau, Edgar!

Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer "Grande Edgar". Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe perguntar "Você está me reconhecendo?" não dirá nem não. Sairá correndo.

Fontes:
VERÍSSIMO, Luis Fernando. "As Mentiras que os Homens Contam". Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001. Disponível em http://www.releituras.com/

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Mujica será candidato a Presidente do Uruguai



Nosso vizinho Uruguai e parceiro de Mercosul também vive uma experiência de esquerda com o Governo Tabaré Vazquez. É verdade que as coisas andam turbulentas por lá, desde o veto à lei do aborto. Esse veto resultou na saída de Tabaré do Partido Socialista, que é um dos partidos da frente ampla. Frente Ampla é uma articulação de partidos e organização que existe há mais 30 anos e é a representação da esquerda uruguaia.

Recentemente a Frente Ampla escolheu seu novo candidato a presidente para tentar a continuidade do projeto iniciado. Entre os candidatos derrotados está Asturi, uma espécie de Palocci Uruguaio, que defendeu e aplicou uma política econômica muito críticada por quase toda Frente Ampla.

Reproduzo aqui a notícia do site Vermelho.Org - www.vermelho.org.br -

Uruguai: Mujica será o candidato presidencial da Frente Ampla

O senador José Mujica foi anunciado neste domingo (14) candidato da coalizão governista Frente Ampla às eleições de outubro de 2009 no Uruguai, em que será escolhido o sucessor do presidente Tabaré Vázquez. A confirmação da escolha, porém, precisará ser ratificada no dia 28 de junho, quando todos os partidos do país realizam eleições primárias.


O ex-líder guerrilheiro tupamaro, de 74 anos, passou 12 anos preso durante a ditadura militar uruguaia (1973-1985). Líder do Movimento de Participação Popular (MPP), ele recebeu o apoio de 1.694 delegados, mais de dois terços dos que estavam habilitados a votar na eleição interna.


Na votação, da qual participaram 2.381 delegados, o senador venceu seu principal oponente, o ex-ministro da Economia do governo Tabaré Vázquez, Danilo Astori. Também participaram da disputa o atual ministro da Indústria, Energia e Mineração, Daniel Martinez, o diretor do Escritório de Planejamento e Orçamento da Presidência, Enrique Rubio, e o prefeito de Canelones, Marcos Carámbula.


Apesar da vitória, conquistada durante o Congresso da Frente Ampla, realizado neste fim de semana, Mujica denunciou ter sido alvo de uma intensa campanha para forçá-lo a renunciar à disputa e aceitar ser vice em uma eventual chapa com Astori.
Os delegados da Frente Ampla decidiram também não indicar nenhum nome para a vice-presidência, o que deixa aberta a decisão para compor a chapa da coalizão que disputará as eleições.


História


Mujica foi um dos líderes da guerrilha tupamara que pegou em armas contra a ditadura militar que governou o país de 1973 a 1985 e fez parte de um grupo que ficou conhecido como “os reféns”. Os integrantes deste grupo foram submetidos a um regime de destruição física, moral e mental que incluiu dois anos de encarceramento no fundo de um poço. Foram, praticamente, enterrados vivos. Isolamento total.


Neste período, aprendeu a conversar com rãs, ouvir o grito das formigas e a “galopar para dentro de si mesmo”, como forma de não enlouquecer. Sobreviveu. Saiu da prisão, junto com sua companheira de vida e de luta, Lucía Topolansky.


Nas eleições de 2004, Mujica transformou-se em uma das figuras mais poderosas do Uruguai. Senador mais votado, foi escolhido para assumir o ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca.


Cenário eleitoral


Enquanto a Frente Ampla decidia quem será seu candidato à sucessão do presidente Tabaré Vásquez, pesquisas de opinião dão a partidos da oposição porcentagens cada vez maiores.


Segundo números divulgados na última sexta-feira (12), a coalizão governista conta hoje com 40% das intenções de voto, mas é seguido de perto pelo Partido Nacional, que tem 27%. Em seguida vêm o Partido Colorado, com 4%, e o Partido Independente, com 1%. Os indecisos chegam a 16% do eleitorado.


Da redação, com agências