segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Chega de Amenidades... Vamos à Crise Mundial!


É o Capitalismo, estúpido!


Bem, começamos o blog com amenindades. Saudades, lembranças e música. Mas a vida não tá fácil pra ninguém e parece que a crise tá só começando.

Essa semana, na quarta-feira, o PT irá promover um debate sobre a crise internacional com o Guido Mantega e o Marco Aurélio Garcia. Certamente um debate bem importante que o partido deve fazer, ter posição e se preparar para atuar nessa realidade.

Estamos vivendo uma das maiores crises do capitalismo. Dentre os vários fatores que demostram isso, cabe ressaltar o fato de que nunca na história do planeta um modo de produção tomou conta de toda esfera global, como o capitalismo vive hoje.

O velho barbudo já dizia que o capitalismo vive crises cíclicas. Vivemos hoje uma crise do capitalismo, mais especificamente do modelo adotado pela hegemonia burguesa nos últimos 30 a 20 anos, o chamado Neoliberalismo.

Durante esse período de hegemonia do neoliberalismo vimos a queda do muro de Berlim e a derrocada do socialismo soviético. Que pesem todas as críticas que tínhamos ao modelo do leste europeu, ele fazia um contraponto a hegemonia capitalista. Com isso, o neoliberalismo triunfou não só na economia, mas também no campo das idéias. Justamente no terreno fundamental para luta socialista. Chegaram até decretar o fim da história.

O resultado disso foi catastrófico. Retirada de direitos, ampliação da exploração do trabalho humano, destruição de instituições políticas e sociais... e uma série de ações que foram avançando e garantindo cada vez mais lucros aos capitalistas. A máquina de moer gente do capitalismo funcionou como nunca nesses anos.

Contudo, os sinais de esgotamento eram claros há pelo menos 6 anos. A crise atual já vinha sendo desenhada por alguns marxista fazia anos (Não é a toa que em Berlim depois da crise triplicou a venda de O Capital de Marx). Os sinais vinham em vários sentidos. Seja pela acelaração de guerras, seja pela vitórias eleitorais do campo progressista na América Latina. Porém, nem todos acreditavam que ela viria. Neste sentido uma boa parte da esquerda foi pega de surpresa.

Bem, estamos no olho do furacão, a esquerda ainda vive um período de fragilidade imposta pelo neoliberalismo. Existem regiões no planeta em grande caos, o caso a Africa e Oriente Médio, existem regiões centrais do planeta em recessão e indo pro buraco, EUA, Japão e Europa, existem regiões no planeta em pleno desenvolvimento, mas extremamente depende economicamente dos EUA, como a China, e existe região no planeta que vive um período de ascenso de governos progressistas, mas em países que foram devastados pelo neoliberalismo, o caso da América Latina.

Mas mesmo na América Latina nenhum governo se preparou pra crise que se desenhava. Pior, em muito deles o poder político estava deslegitmado, como no caso de Venezuela, Bolívia, Equador e Paraguai. Nesses países a hegemonia neoliberal foi tão brutal que destruiu até organizações e partidos de esquerda. Estes voltaram a se organizar de outras formas com a chegada do esgotamento do modelo.

Podemos perceber uma importante dimensão da crise com esse exemplo. Estamos vivendo não só uma crise econômica como diz a grande mídia, mas também uma crise política, alimentar, energética e ambiental.

A crise política é profunda em alguns países, como os citados na América Latina,mas também em escala global! As estruturas surgidas pós 2a guerra acabaram. Não se chama mais a ONU pra tirar resoluções para crise. Ou mesmo, a ONU é respeitada na Guerra do Iraque. O Banco Mundial tem menos crédito que o BNDES... Ou seja, ruiu o modelo atual de organização do capitalismo. Essa crise é ainda agravada pq não temos um substituto natural aos EUA como tivemos no caso da Inlgaterra no pós 2a guerra.

A econômica nem precisa explicar muito, pois boa parte já está claro. A farra do boi foi grande dos Bancos. Tem ainda quem diga que o problema foi o sub prime, ou seja, o problema é emprestar dinheiro pra pobre. Ridículo isso!

A especulação estava sem limite e é como um castelo de cartas... Quando cai em cima vai destruindo tudo. É como se vc depositasse 10 reais no banco e esse banco empretasse seu 10 reais umas 60 vezes. Quando todos vão resgatar a conta dá 600 e eles só tem 10 pra pagar... E se empresta 60 vezes pra ganhar mais com os juros. É assim que banco lucra e muito, mas os limites estouraram. Sem dúvida, esse era um dos motivos da desvalorização do dólar, quando tem dinheiro demais cai o valor. Na tentativa de salvar passaram a emprestar mais e assim era como se os bancos estivessem fazendo mais dinheiro. Função que devia ser do Estado e muito bem regulada.

As crises alimentar, energética e ambiental são também de esgotamento de modelo. Temos uma modelo de produção pra manter um consumo gigantesco e incompatível com planeta. Se não mudarmos o padrão de consumo, essas crises só irão se acentuar. Os alimentos ficarão mais caros e os mais pobres não poderão comprar, a energia ficará escassa e os países mais pobres sofrerão as consequências e a devastação do planeta será acelerada.

Portanto, percebemos que a crise é muito maior que nos deixam ver. Esse é o motivo de sempre ter alguma coisa nova. Primeiro quebra os bancos, depois as montadoras, depois a construção civil e assim segue a destruição do castelo de cartas construído pela especulação financeira.

Nesse cenário a América Latina desponta como uma esperança, mas mesmo essa esperança corre seríssimo risco. Tivemos com o início do esgotamento do neoliberalismo vitórias eleitorais e não tomadas de poder. Vitória eleitorais vem e vão. Os sinais que temos das urnas não são animadores, parece uma estagnação da possibilidade de ascenso da esquerda. E ao mesmo tempo no auge da crise estamos com governo progressistas, que começarão a passar por dificuldades devido a dependência externa que esses países ainda vivem.

Nesses cenários de crise brutal do capitalismo já vimos ascenso da ultra direita, como no caso da crise de 1929. Na Europa vimos a ascensão do Facismo na Alemanha, Itália e outros países. O que acabou resultando na 2a Guerra Mundial. Nesse momentos de crise política e econômica só existe uma certeza aos estados-nação, o número de tanques! Ou seja, a força.

Na Europa atual já vemos uma hegemonia conservadora e que pode chegar do outro lado do atlântico. Teremos uma série de novas eleições na América Latina nos próximos 3 anos e que podem mudar o rumo dos ventos por aqui. É preciso definir uma estratégia desde já para evitar essa possibilidade. Passa por fortalecer as relações multilateriais do continente, em construir um mercado consumidor interno com força pra diminuir a depedência externa e acima de tudo solidariedade internacional para efetivarmos da melhor forma essa mudança de epóca que estamos vivendo.

Enfim, o cenário é de uma grande crise e sem sabermos direito qual serão os desdobramentos dela. Nos resta nos preparar para o pior e buscar fortalecer a militância, mesmo com o cenário nada animador. Por isso, sejamos pessimista de razão e otimista de ação!

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