terça-feira, 31 de março de 2009

Sobre o BBB9!


Caros e Caras,

segue o texto sobre BBB9, não resisti escrever depois do papo do final de semana.



Sobre BBB9


Outro dia estávamos numa despedida de uma amiga e começamos um longo papo sobre o BBB9. Sim, eu assisto e gosto de BBB. Tem a parte medíocre do programa, como as apelações da GLOBO nas propagandas, no controle das pessoas, o viés de buscar a fama e muito mais. Mas não posso deixar de dizer que tem um elemento muito interessante que é ver as pessoas dentro daquela situação. Como reagem em contato com outras pessoas, como reagem aquele confinamento e como um pequeno fato pode mudar toda história do jogo. Neste basta pensar que no paredão que saiu o TON, ao invés dele tivesse qualquer um do lado B a Ana teria saído. E assim ela não teria se tornado a favorita do jogo. Será que isso não acontece na vida tb? Uma pequena ação muda todo o contexto da sua vida, pra mim certamente isso acontece.

Acompanhei em especial esse BBB. Por alguns motivos óbvios: 1- estava com muito menos coisas pra fazer na minha vida; 2- Não sei pq, mas o PPV estava liberado na minha casa; e 3- minha empatia foi imediata pq colocaram pessoas mais velhas ou maduras nesse BBB. Não estou falado do Nonô e da Naná e sim de pessoas de 30 anos e mais vividas. Foi justamente essa combinação que fez o lado B crescer no jogo. O lado A era formado por pessoas mais imaturas, salvando talvez o Ralf e o Alexandre. Este último logo se distanciou dos demais. Enquanto o lado B era mais vivido, construiu uma relação de amizade forte e madura. É verdade que existem as exceções, a Fran logo caiu a sua face madura e com o tempo o Flávio mostrou tb que mesmo vivido ainda é muito imaturo.

O que quero dizer é que esse BBB tem coisas diferentes dos outros. Somente nessa semana temos uma favorita clara. Nos demais não era assim. Quem fez esse jogo foi o lado B. Não pela combinação de votos, mas pela simpatia. Acontece que com o tempo as brigas com a Ana foram ferrando esse círculo de amizade. A justa perseguição a Ana fez com que eles pensassem mais no jogo que na convivência da casa. Isso fez muitos mudarem de perfil. Junto com as edições da Globo, quem vê o PPV vê outro BBB, isso foi vitimizando a Ana, que esperta soube muito bem usar isso.

Ana é a pessoa mais medíocre pra mim desse BBB. As pessoas dizem que pelo menos ela é verdadeira. Verdadeira com quem? Ela que contou pra Josi que o Ton tinha conhecido a Pri, ela que ficava enchendo a cabeça da Fran contra o Max e ela não consegue parar nas suas intrigas entre as pessoas. Só ela é boa o suficiente... Impressionante o que a edição da globo é capaz de fazer.

Nesse mesmo longo papo falei que torcia pelo Max (jogador cuja as duas maiores qualidades podem ser interpretadas como dois grandes defeitos), resolvi sentar em frente ao pc e fazer uma mega pesquisa sobre a participação dele ao longo do programa. Confesso, no início do jogo, ele era - de longe - meu jogador preferido. Com o passar das semanas, perdeu um pouco do brilho, principalmente pelo desgaste na relação com a Fran e Flávio. Se declarar jogador e chamar a responsabilidade pra si é uma atitude corajosa e arriscada. Max não titubeou em nenhum momento quando indagado sobre isso. Dono de uma sinceridade quase nociva, não teme as conseqüências de suas atitudes, como não defender a namorada. Ele é carismático e tem total consciência disso. Tenho minhas restrições em relação a ele, mas, até agora, foi o único do lado B que se manteve fiel ao pacto de amizade. Sem contar que ele foi a figura central do lado B, quase que como um Sol onde todos se referenciavam. Uma coisa é certa: gostando ou não, o BBB9 não existira sem Max.

Outro foi um dia muito interessante. Josi, Flavio e Priscila foram sorteados para fazer uma produção fotográfica com o JR Duran. Ficaram na casa Max, Francine e Ana. Foi impressionante como Max foi desmontando as barreiras que Ana tem contra ele. Daquele Max que ela adorava tanto falar mal e denegrir o caráter ficou por algumas horas apenas o cara legal que pela manhã havia acalentado a tristeza de Ana com palavras amigas.
Max passou o dia com as meninas, cozinhou, conversou, deu espaço para que elas tivessem conversas de meninas e parecia feliz por ter Fran por perto relaxada e tranqüila, isso de fato deve ser um alívio pra ele. Max contou que quando perguntado na cadeira elétrica se ele era um pegador, ele havia respondido que é um conquistador, que conquistava os amigos, as mulheres, os sonhos. No grupo de amigos ele é a liderança, o referencial, o objeto do desejo. Dos adversários, a primeira a render-se aos encantos de Max foi Josi, ontem foi a vez de Ana, se outros ainda estivessem na casa para serem conquistados certamente o seriam.

Na última festa o bombardeio foi contínuo. Ana diz que não existe carinho na relação dele com a Fran e insiste nisso faz pelo menos um mês. Ana quer ser o centro do mundo, a referência em tudo, portanto o único casal lindo e perfeito é o dela com seu namorado. Engraçado que Ana fala tanto que Max não parece gostar da Fran, que isso é um absurdo, que Francine tem que se valorizar e buscar alguém que a queira de verdade, blá, blá, blá... Mas ao falar sobre seu relacionamento amoroso ela conta que correu atrás do Lindo por um ano e meio, que chorou e implorou para que ele a namorasse, que ele não a levava para conhecer a família dele... Enfim... Mas, Max tem que estar apaixonado e entregue em apenas dois meses e com data de casamento marcado com Fran... Sei não.

Outra coisa importante do Max é que quando perguntado deu sua opinião sincera, mas jamais ficou pelas costas tecendo comentários maldosos sobre o caráter de seus adversários numa tentativa de ”fazer a cabeça” do público. Aliás, esta foi outra discussão que ele levou para dentro do jogo, até onde são válidos os julgamentos feitos pela casa e as injustiças que podem ser cometidas contra seus adversários, ou seja, Max buscou um jogo ético e franco. Mas, os bombardeios continuam. Sem falar nas edições da Globo que construíram essa imagem fria e calculista dele. É verdade que ele se perdeu, mas não tanto como a Globo mostra. Max parece muito forte e firme, mas como esse povo não desiste a gente segue observando a casa e imaginando quem vai levar a melhor, se será Max ou a nojentinha da Ana que vem se comportando como um bando de Candinha invejosa e fofoqueira.

Neste jogo de gente grande tivemos um momento que foi muito sofrido para quem assistia. Max, Francine e Flavio fizeram juras de amizade eterna, promessas de lealdade e caminharam grande parte do jogo unidos nesse propósito. Mas, assim como Flavio disputa a amizade de Max com o amor de Francine, Francine faz o mesmo com relação à amizade dos dois. Ambos foram imaturos e Max se viu no meio de uma disputa que ele não queria jamais. Ficar na corda bamba entre Flavio e Fran é tarefa para Hércules, não para um homem comum. Fran e suas inseguranças e alfinetadas. Flavio e seu maldoso sarcasmo. Não queiram que Max compre esta briga da maneira como vocês gostariam. Ele não vai discutir com Flavio e eu nem acho que alguém ali tenha condições emocionais de enfrentar uma discussão e sair ileso e inteiro a essa altura do jogo.

Flávio pra mim passou de provável ganhador para um Cara chato, inconveniente, invejoso, maldoso e sei lá quantos mais defeitos a gente pode encontrar nesse cara. Ele não larga o assunto. Assim como não largava o assunto Ana, assim como não largava o assunto Nana, assim como encheu o saco com o assunto Maira hoje ele não larga o assunto Francine. Vai encher o nosso saco e torrar a paciência de Max até Francine explodir com Max. Mais uma vez a situação vai reverter contra Max. Max, o jogador que levou para o programa uma discussão adulta sobre a postura dos jogadores diante dos desafios propostos pela produção.

A Fran sofre de uma insegurança gigantesca. Típica de uma pessoa bonita e que construía sua vida em cima disso. Sua segurança vinha de sua beleza, afinal ela já foi Miss. Neste momento ela sempre deixou transparecer essa insegurança. No primeiro ou segundo paredão, quando a Pri estava, ela disse que era pra deixar a Pri pq ninguém merecia ver a bunda dela. Imatura, baseada sua segurança somente na beleza ela decidiu se envolver com Max e aí as coisas pioraram pra ela. Ele super independente e ela super carente. Mistura explosiva isso!

Numa hora que Francine poderia ser mais adulta e pensar um pouco que ele também está cansado e estressado, ela faz justamente o inverso. Neste momento em mais uma crise de insegurança, ela busca o atrito e a confusão e ele e seu stress, seu cansaço, seu corpo ressentido que agüente o tranco. Mas isso algumas pessoas não percebem, Max que se ferre, ele tem mais é que ser um super homem e entrar de cabeça numa briga estressante com aquele que foi e é seu melhor amigo no jogo só porque Francine quer brigar.
A briga de Fran com Flavio ainda tem um elemento intuitivo dela com relação às mudanças acontecidas no amigo nas últimas semanas, mas ao mesmo tempo essa briga tem muito mais a ver com a Francine disputando com Flavio a atenção do Max do que por algum senso de justiça no jogo. Max não tem que ser divisor de águas entre Francine e Flavio, ele não tem que escolher entre um e outro.

À sua maneira Max tem falado para Flavio e Fran as verdades que eles precisam ouvir. Mas isso soa mal nas edições tb. Mas pra mim isso é ser verdadeiro. Sua sinceridade crua, como disse se reverte contra ele. Max o chamou de medroso, afirmou que Francine é ciumenta e infantil. Mas existe alguma maneira sã de se argumentar com Flavio e Fran? Não, pois a imaturidade deles não para de argumentar em cima da mesma tecla.
É verdade que Max cometeu alguns vacilos. Mas quem nunca cometeu? Qual campeão de Big Brother teve uma trajetória isenta de erros e tropeços? Eu não conheço nenhum, todos tiveram defeitos e qualidades erros e acertos. Mas de Max foi exigido muito mais, foi exigida a perfeição. Mas é justamente este conjunto de defeitos e qualidades que ele tem que o torna uma pessoa tão cativante. Max luta com seus demônios internos, não começou seu aprendizado no dia em que entrou no BBB.

E nesse caminhar fez a mais difícil opção, a de ser forte, a de não ter medo de enfrentar a vida e o de assumir que é consciente e responsável pelas decisões que ele tomou, toma e tomará na vida. É muito mais fácil sermos frágeis, sermos loucos. Pois a fragilidade provoca pena e instinto de proteção e a loucura remete ao perdão por pura generosidade de nosso coração. Aos responsáveis, aos conscientes e maduros seres humanos só resta o caminho da perfeição ou senão serão julgados sem dó e sem piedade. Max cometeu este deslize, o de se assumir adulto para ser responsabilizado por tudo que falasse e fizesse no confinamento. E assim ocorreu. Nunca um jogador foi tão testado, tão questionado, não apenas pelo público, mas por todos. Teve sua sexualidade colocada em questão, sua sinceridade questionada à exaustão, suas atitudes dissecadas e estudadas em cada mínimo detalhe.

E ele resistiu. Chegou até aqui íntegro e inteiro, digno e sincero, com uma trajetória e madura. Mesmo questionado, mesmo colocado em xeque.. Nunca traiu um amigo, nunca puxou o tapete de um adversário, nunca fez intriga, confusões desnecessárias, nunca denegriu o caráter de seus parceiros ou de seus oponentes, nunca foi desleal, não se desviou de seus princípios. E fez tudo isso com a calma e a paciência de quem sabe o que está fazendo, com a mesma tranqüilidade que ele demonstrou ao colocar em questão o voto e as atitudes daquele que julga ser seu grande amigo, seu irmão no jogo, Flavio.

Max chega bem perto da Final cansado, tenho certeza. Nestes dias seu semblante não escondia o cansaço, mas ao mesmo tempo ele passava ao público um ar tranqüilo de quem fez o que pode, fez a sua parte, está com seu dever cumprido, agora é com vocês decidirem o destino deste jogador. O embate entre o jogador ponderado, como muito bem definiu Josiane, sensato e o ser humano educado, amigo, parceiro e apaixonado foi finalmente vencido pela emoção. Apesar das plaquinhas de frio e calculista terem sido penduradas em seu pescoço, nunca em nenhuma atitude desse jogador nós poderíamos dizer que o cálculo frio e matemático foi a diretriz de sua permanência no jogo.

Pelo contrário, seu jogo pensado e ponderado tinha como base de sustentação a lealdade aos amigos, os laços de amizade. Vocês querem sentimento mais emoção do que esse? Outro dia em formação do paredão, Max mostrou o quanto tudo que falam dele é apenas rótulo e preconceito com quem teve coragem de dizer – Eu vim aqui para jogar. Com quem teve a pretensão de verbalizar o que de fato todos fazem ali, jogo.

Mostrou que sua coragem não passa pelo dedo em riste na cara do adversário, não se pauta no dedo na ferida nas falhas alheias, mas pelo peito aberto para enfrentar o jogo e suas conseqüências, pelo mostrar-se grande sem apequenar seus oponentes e parceiros.

Será uma pena se ele não se sagrar campeão do BBB9, pois vai ser lamentável tirar da galeria dos campeões alguém que discutiu com o público o que era o jogo, o que é ser um jogador no Big Brother, a realidade e a ilusão tanto do ponto de vista de quem assiste quanto da vivência de quem está jogado inteiro nesse louco projeto de se trancafiar numa casa para se submeter ao julgamento popular em troca de um prêmio em dinheiro. Max conseguiu travar essa discussão com integridade, delicadeza e determinação. Veremos como desenrola esta batalha que será travada nas próximas semanas.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Sobre Vegetarianos e Carnívoros! Vaca percorre quase 100 km para escapar do abate



Caros e Caras,

Boa parte das pessoas que me conhecem já viram minha defesa enfática sobre a ingestão de carne e combate ao vegetarianismo. Aos que leem o blog e não me conhecem irei resumir um pouco dos argumentos.

Acho um absurdo essa tese de que não devemos comer carne, aliás acho que é um retrocesso na história do homem. Nossos ancestrais sobreviram aos anos glaciais graças a ingestão de carne. Por isso, temos dentes CANINOS, pra comer carne, e a enzima PEPSINA, que basicamente digere carne. Ora, se abandonamos esse hábito muitos vão morrer no caso de uma catástrofe voltar ao nosso planeta.

Absurso maior ainda é falar que é crueldade matar animal. Ora, o Leão vive sem a Zebra? Ou outros animais cometem crueldade ao matar outro pra sobreviver. Essa é a lei da vida e os mais fortes se sobressai na natureza. Nossa força está em nossa inteligência. Mas mesmo assim se um VACA quiser ela mata um homem. Ou mesmo, ela pode fugir. Pra falar verdade, esse tópico é homenagem justamente a fuga de uma VACA de seu abate. É a comprovação de que isso é possível. Quer defender as vacas, organize-as.

Pq não ficam com pena das cenouras? Essa sim é viva e não tem escolha nenhuma. Vive lá paradinha, no chão quentinho e só curtindo os nutrientes. Vem o homem assassino, arranca-as, estoca em condições precárias, cozinha e depois mete a faca faca faca. Isso sim é crueldade. Quer ter pena come só o que cai da árvore, não arranque. Contudo, tem uma amigo meu que diz que isso é maior crueldade ainda. Seria como um gavião roubando os filhinhos de um papaguaio no ninho. Onde o pobre filho não tem como se defender. Ainda estou aprofundando minha opinião sobe isso.

Bem, hoje estava fuçando o G1 do Globo.com e me deparei com essa notícia. Me lembrou minha árdua batalha contra o vegetarianismo. E veio exatamente ao encontro da teoria que defendia faz anos sobre as possibilidades da vaca. A grosso modo a possibilidade da vaca é quase igual ao do proletário, que não se percebe como grupo. É verdade que o proletário é racional e tem maiores chances de descobri isso... E ainda tem muita gente morrendo de trabalho escravo e não é pra virar comida de ninguém é só pra deixar os outros mais ricos. Acho que essa comparação não foi boa, mas deixarei aqui.

Assim deixo aqui nosso ícone na luta das vacas!



Vaca percorre quase 100 km para escapar do abate

Ela foi levada para um santuário de animais no Reino Unido.
Duas mulheres pagaram 500 libras para salvá-la do abate.



Nossa Heroína!


Uma vaca percorreu quase 100 quilômetros em nove meses para escapar do abate. O animal fugiu de seu proprietário quando estava sendo descarregado em um mercado em Thirsk (Reino Unido), segundo o jornal inglês "Daily Mail".

Apelidada de a "Besta de Ealand", o animal está agora livre de parar no açougue após ser comprado por Sue McAuley e Tracey Jaine, que pagaram 500 libras (cerca de R$ 1.625) pela vaca e a transportaram para um santuário de animais em Frettenham, no Reino Unido.

Wendy Valentine, fundadora do santuário Hillside, que cuida principalmente de animais que fugiram de fazendas, disse que, quando recebeu a primeira chamada, pensou que a entidade tinha que ajudar. "Ela vai ficar com a gente pelo resto de seus dias", afirmou Wendy.

"Vê-la descer em Hillside foi fantástico", disse Sue McAuley, de 42 anos, que trabalha como assistente administração em uma faculdade em Ealand. Segundo ela, a vaca merece estar viva depois de conseguir se cuidar sozinha por quase um ano.

De Volta as Segundas Gastronômicas: A História do Saquê!



Caros e Caras,

Peço desculpas pela minha ausência. Peço tb que não abandonem esse blog! rsrs Estávamos indo bem na relação com nosso público, contudo minha viagem pra Sampa atrapalhou as publicações aqui.

Um grande problema foi o último texto sobre culinária japonesa. Erro que corrijo agora e espero que gostem. Hoje falaremos do Saquê. Bebida típica japonesa, bebibda no Brasil faz algum tempo e muito pouco conhecida em sua história.

Termino dizendo que podem avisar todos e todas que o blog voltou!

História do Saquê


O que há de tão especial na bebida alcoólica obtida com a fermentação do arroz, que comparativamente ganha de longe até mesmo do vinho, no quesito tradição? Essa e outras perguntas já devem ter passado na cabeça de muita gente quando se ouve falar na milenar bebida japonesa: o saquê.

Famosa por estrelar diversos filmes ao lado celebridades de Holywood, como no recente “ O Último Samurai”, a bebida um dia já foi considerada alimento. Em meados do século V a.C., no período Nara, os produtores não conheciam técnicas apuradas de fermentação, e o saquê era feito com pouco álcool e água, em uma combinação que mais lembrava uma porção de mingau do que outra coisa... Nessa época, “comia-se” o saquê de hachi, direto de uma tigela. Na verdade, tudo era o resultado de uma receita com pormenores um tanto repulsivos: mascava-se o arroz para fermentá-lo com a saliva e depois cuspia-se em tachos para só então iniciar o preparo da bebida. Esse método era chamado de “Kuchikami no sake”, ou saquê mastigado na boca. Já na província de Hokkaido e em áreas rurais de Okinawa, os fãs da bebida encontraram outras maneiras de “purificar” esse processo, determinando que apenas as jovens mulheres virgens poderiam mastigar o arroz, pois elas eram consideradas representantes dos deuses aqui na terra. Logo não demorou, e a bebida produzida por elas foi batizada de “bijinshu”, saquê de mulher bonita. E por incrível que pareça, essa prática sobreviveu até poucos séculos, mesmo após a adoção de técnicas mais modernas de fermentação.

Diz a lenda que a fermentação da bebida foi descoberta por acaso: “Certo dia, um cidadão desleixado esqueceu de tampar um tacho de arroz que cozinhará e o arroz acabou mofando. E como ele era realmente desleixado, também o esqueceu de jogar fora e só depois de alguns dias “notou” que havia ocorrido uma fermentação e o arroz então, transformara-se em uma deliciosa bebida, na verdade mais pastosa do que líquida. A total falta de cuidado do cidadão, acabou se transformando então, em um método e os produtores descobriram que o fungo que mofara o arroz era o responsável pela transformação do amido em glicose e fermento. Logo, o fungo ganhou nome “kamutachi” e não demorou muito para que os produtores divulgassem que a bebida era “produzida pelos deuses”.

Até o século passado, o saquê ainda era produzido artesanalmente, onde o arroz era primeiro lavado e depois colocado em tinas (vasos gigantes) para cozinhar. E após esta etapa de fermentação, a pasta resultante era ralada e só então, misturada manualmente até chegar ao produto final. No entanto, atualmente os grandes fabricantes japoneses ainda utilizam métodos que lembram esse antigo processo. E hoje, o saquê é feito em grande escala industrial e não há mais vestígios do romantismo do passado. Pelas leis do país, a produção caseira da bebida é proibida.

E como os tempos mudam, o “kamutachi” também mudou de nome e hoje é conhecido como “koji”. E é ele quem determina o aroma e o gosto do saquê, uma difícil tarefa para os “tojis”, pois eles que escolhem o fungo que garantirá um sabor ainda mais especial à bebida. O que permanece inabalável, no entanto, é a popularidade do ritual.

Beber saquê é um ritual no país, e existem várias razões pelas quais a bebida é apreciada, que vão muito além do paladar, sede ou disposição para encher a cara. Segundo a tradição, bebe-se saquê para eliminar as preocupações e prolongar a vida, e isto por si só, vale qualquer dose a mais. Pega até mal chamar de bêbado quem toma saquê de forma exagerada e sai cambaleando de madrugada pelas ruas das cidades japonesas. Inebriado talvez fosse a designação correta, uma vez que os efeitos da bebida transformam seus apreciadores em cantores, galanteadores e seresteiros ao luar nas noites nipônicas.

No Japão, costumam-se dizer que o saquê é o melhor companheiro na solidão. Só não se pode toma-lo em qualquer copo ou em qualquer ocasião. Bebe-se em grandes comemorações como no Ano Novo e nas cerimônias xintoístas de casamento, em encontros românticos e também na falta de um pretexto feliz ou dor de cotovelo.

Na maioria das ocasiões, o saquê é servido quente em uma temperatura que varia entre 40º e 55º C. Mas ele também pode ser tomado gelado ou misturado a outras bebidas e sucos, originando coquetéis muito interessantes. A maneira mais tradicional de servi-lo é em xícaras quadradas de madeira, chamadas “masu”, que conferem à bebida um suave sabor amadeirado. Nesse caso, sempre é servido frio com temperatura variando entre 20º e 40º C, uma vez que o saquê quente absorveria o gosto da madeira. Em muitos lugares, sugerem-se ainda que coloquem uma pitada de sal no canto do masu, um certo estilo adotado pelos jovens.

Rituais à parte, os efeitos “inebriantes” do saquê vão muito além das histórias fantásticas da antiguidade. O saquê é a bebida com mais alta porcentagem de álcool entre os fermentados do mundo. Sem ser diluído, chega a marca de 20% de teor alcoólico, enquanto uma cerveja não passa de 5% e o vinho de 12%. Mesmo assim, com menos álcool, ambos estão ganhando a queda-de-braço com o saquê no mercado japonês. Em 1872, quando a bebida era um dos principais produtos da economia do país, havia 30 mil fabricantes, hoje o numero não chega a 10% do total. São cerca de 2.300 produtores que fabricam anualmente, pouco menos que um bilhão de litros de saquê. O que não quer dizer que a bebida está em declínio, pelo contrário, alguns tipos de saquê atingem cifras absurdas, ganhando o status de bebida, como o saquê produzido na província de Hyogo, considerado o melhor do país. Uma simples garrafa pode custar até 300 mil ienes. E mesmo que a cerveja e o vinho continuem roubando espaço do saquê no Japão, uma coisa é certa: ele está na lista dos principais persongens da história do país e os japoneses não o deixaram de beber, pelo menos em comemoração a isso. E como beber saquê no Japão, é um ritual milenar e os excessos são jusificados por milhares de anos de história, o modo mais simples de se desculpar por qualquer estrago provocado em uma noite de bebedeira no Japão, é dizendo “Eu estava bebendo saquê...”. e o perdão é praticamente certo, seja qual for o dano causado.

Curiosidades sobre a Degustação


Enquanto para se provar vinho, basta uma simples taça e não mais que meia dúzia de palavras para classifica-lo, o saquê tem uma infinidade de recepientes para ser tomado, conforme a região do país e a ocasião a ser celebrada. Só para expressar suas opiniões numa degustação de saquê, os especialistas têm a disposição um vocabulário com mais de noventa palavras, em sua maioria desconhecidas do público. Uma sessão de degustação de saquê começa com uma regra fundamental: durante a reunião, só se pode falar em saquê.

As paredes da sala devem ser de cor creme claro e com janelas de face norte para aproveitar a luz natural do sol, no entanto, o saquê não deve estar sob exposição direta do mesmo. O horário de degustação sempre é entre às 10 e 11 horas da manhã, quando o sol ainda não está forte e os técnicos já fizeram a digestão do café e ainda não almoçaram. Não se degusta saquê com estomâgo cheio. A bebida é servida em temperatura ambiente, à cerca de 20ºC.

O copo usado é de porcelana branca com dois círculos azuis no interior, denominado de olho-de-cobra. Os círculos coloridos servem para que os especialistas avaliem a transparência da bebida, enquanto o fundo branco, é utilizado para observar a cor do saquê.

Existe um ritual especial à mesa para tomar o saquê. Levante o seu copinho para receber a bebida, servida sempre por seu vizinho de mesa, apoiando-o com a mão esquerda e segurando-o com a direita. É imprescindível que você sirva o seu vizinho de mesa porque não é de bom tom servir a si próprio. O copo de saquê deve sempre ficar cheio até o final da refeição. A tradição manda fazer um brinde, Campai, esvaziando o copinho num só gole. É sinal de hospitalidade e atenção.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Teatro de Arena da UnB vai renascer na inquietação


Teatro de Arena vai renascer na inquietação

Cenário de ações do movimento estudantil, espaço vai receber calouros e veteranos para atividade que encerra projeto Ocupe

Fabiana Vasconcelos
Da Secretaria de Comunicação da UnB

A utopia tem data para voltar ao Teatro de Arena da Universidade de Brasília. O lugar onde estudantes se reuníram para protestar contra a ditadura, pedir a campanha das Diretas Já e questionar o mundo por meio da arte será palco da Aula da Inquietação, no dia 31 de março, a partir das 9h.

“Queremos instigar a comunidade universitária, sobretudo os alunos, para que tenham pensamentos interpelantes, não conformistas, que rompem fronteiras e saem do lugar comum”, afirma o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Jr.

A tarefa de provocar os universitários estará nas mãos do teólogo Leonardo Boff e do rapper brasiliense Gog, que vão encarar uma platéia única. Há um ano, os estudantes renovaram o sentido do movimento estudantil com o lema “E vai nascer, vai nascer, uma nova UnB”. O "grito de guerra" foi criado durante a ocupação da Reitoria, em abril de 2008.

A atividade do dia 31 não poderia ser em local mais apropriado. “Este é um espaço verdadeiramente histórico, que foi cenário das grandes manifestações políticas e culturais da UnB. A aula é uma maneira de fazê-lo personagem do próprio processo”, reforça José Geraldo.

RESISTÊNCIA – A Aula da Inquietação será um encontro com a história de resistência e luta da UnB. Professor do Departamento de Antropologia (DAN) hoje e aluno em 1977, Gustavo Lins Ribeiro, 55 anos, vivenciou a repressão. “A gente tinha muito medo, mas a necessidade de lutar contra o autoritarismo dava coragem a todos. Como era um movimento muito massivo, nos sentíamos muito fortes”, diz ele, que foi preso por subversão e ficou 31 dias na cadeia da Polícia Federal.

O prefeito do Campus Silvano da Silva Pereira lembra que o então reitor subestimava a capacidade de mobilização dos estudantes, entraram em greve geral em 1977. “O José Carlos Azevedo (reitor) era um agente da repressão e, para desqualificar o movimento, disse que era uma minoria sem importância”, lembra. “Por incrível que pareça, no outro dia foi feita a assembléia com mais de 5 mil alunos. Naquela época a UnB devia ter 8 mil estudantes. Denominamos que lá era o Teatro da Minoria, para mostrar que minoria era aquela.”

HISTÓRIA - A fase mais intensa do Teatro de Arena ocorreu nos anos 1970 e 1980, quando eram comuns protestos contra a expulsão de alunos, debates políticos e mobilizações para eleições diretas para reitor, em 1984. “O processo da UnB se confundia com o processo da política brasileira”, diz a coordenadora do Núcleo de Pesquisa História do Centro de Documentação da UnB, Maria Goretti Vulcão.

Carlos Alberto Torres, professor do Departamento de Administração afirma que havia uma percepção coletiva de que era necessário agir. “O Teatro era um espaço da liberdade. A geração que enfrentou os militares tinha um grande sentimento de missão e a nossa universidade não permitia a nós ficarmos alheios a isso”, ressalta.

“Eles acreditavam que fôssemos perigosos. Gosto de pensar que éramos mesmo”

Darcy Ribeiro


Com o término dos anos de chumbo, atos contra a corrupção em 1992 e a expressão pela arte tomaram o local. O Teatro recebeu três edições do Festival Latino Americano de Arte e Cultura (Flaac), em 1987, 1989 e 1996. “Era um momento de efervescência cultural muito grande. Os professores e alunos estavam muito mobilizados em fazer o Flaac acontecer”, diz Maria Goretti Vulcão, então estudante de Artes Plásticas.

PERSONALIDADES – Os 1.317m² do local ficaram pequenos em 1995 para a homenagem ao antropólogo Darcy Ribeiro, fundador da UnB. Em fevereiro daquele ano, ele recebeu o título de Doutor Honoris Causa. “Foi muito emocionante, o Teatro estava lotado. A UnB foi muito controlada porque estava 'no quintal' do Palácio do Planalto, e ali estava um símbolo da resistência. Tudo isso criou uma aura”, diz o professor Carlos Alberto Torres.

A técnica administrativa do Arquivo Fotográfico da UnB Lúcia Araújo lembra da emoção que o intelectual transmitia para a platéia. Ao final do discurso (http://www.unb.br/unb/titulos/darcy_ribeiro.php), ele pede que volte ao campus a convivência alegre, o espírito fraternal e a devoção profunda ao domínio do saber e agradece. “Necessitava muito dessas expressões de admiração e carinho”, afirmou.

ÚNICO LUGAR PARA SENTAR

A área verde da UnB entre o Minhocão, a Biblioteca e a Reitoria deveria ter praças e bancos para que os estudantes pudessem se reunir. Mas o temor do governo militar em favorecer esses espaços de discussão fez com que nem as praças nem os bancos saíssem do papel.

Um dos poucos lugares de “parar, ver e estar” que se tornou realidade foi o Teatro de Arena, inaugurado em 1974. O paisagista e arquiteto Fernando Chacel, que projetou o local, tem um apreço especial pela obra. “Um amigo me mandou uma fotografia bonita da arena cheia de pessoas. Fiquei satisfeito e orgulhoso de projetá-la. Era uma coisa fantasticamente utilizada, uma espécie de ágora.”

Vivendo hoje no Rio de Janeiro, aos 77 anos, o especialista lembra que o projeto da UnB previa a ligação direta das salas de aula com as áreas verdes. “A ideia não foi concretizada, foi mutilada, a intensão era aprisionar os alunos nas salas de aula.”

Em 2005, Chacel, considerado um dos maiores paisagistas brasileiros, recebeu honraria da Dumbarton Oaks, um dos mais famosos institutos de paisagismo, ligado à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Marx para trabalhadores: China fará espetáculo 'O Capital'

Caros e Caras,

Dei uma sumida geral daqui e nem dei satisfação. Mas estamos voltando... Fui pra São Paulo rever alguns amigos e amigas e de quebra passar no CONEG da UNE e no planejamento da JPT.

Apesar de não postar, neste período coletei e pensei diversos temas pro blog bacanas.

Hoje reproduzo a notícia do vermelho.org.br sobre o Espetáculo sobre O Capital.




Marx para trabalhadores: China fará espetáculo 'O Capital'

O Capital, a principal obra do pensamento do filósofo alemão Karl Marx, vai ser transformada em espetáculo musical na China, com estréia prevista para o ano que vem. O estudo político-econômico sobre o capitalismo deverá se transformar em uma colorida narrativa ambientada em uma empresa onde os operários estão insatisfeitos com as condições de trabalho.


Na trama, esses trabalhadores se revoltam ao descobrirem que estão sendo explorados por um chefe inescrupuloso — que só pensa em lucros. Começam, então, a entender o conceito de mais-valia e decidem agir, mas não conseguem chegar a um acordo. Alguns empregados se amotinam, outros tentam barganhar coletivamente, e um terceiro grupo resolve continuar trabalhando.



O show contará com números de dança nos moldes dos musicais da Broadway e de shows de Las Vegas. Em entrevista ao jornal Wen Hui Bao, o diretor da montagem, He Nian — que é conhecido por dirigir cenas de lutas de artes marciais — disse que o musical chinês será "descolado" e incluirá "uma banda ao vivo, danças e canto".



Nian, entretanto, ressaltou que a mensagem será séria, e a adaptação primará por fidelidade à ideologia marxista. “O que importa não é o estilo da apresentação — mas, sim, que as teorias de Marx não sejam distorcidas", arrematou.



Para revisar o roteiro e garantir fidelidade às ideias marxistas, os produtores contrataram como consultor o professor de economia Zhang Jun, que leciona na prestigiosa Universidade Fudan de Xangai. Jun defende a popularização da obra. “Ou então O Capital permanecerá uma obra-prima apenas para os economistas e socialistas”, afirma.



O Ministério de Propaganda, responsável pela censura cultural, ainda não se manifestou sobre a montagem. Mas Yang Shaolin, gerente do Centro de Artes Dramáticas de Xangai, disse ao jornal britânico The Guardian que confia no êxito na obra, “graças ao momento de explosão criativa que a China vive”.



Segundo Shaolin, hoje em dia é possível conduzir uma montagem moderna de O Capital com "personagens, elementos dramáticos e significado educacional”. O show terá números de dança semelhantes aos dos musicais da Broadway e de shows de Las Vegas.



A estréia da montagem, de quebra, vai aproveitar a conjuntura de crise econômica global. “O espetáculo permitirá às pessoas comuns entenderem a crise financeira”, afirmou Zhang Jun. O musical se baseia também no filme Rashomon, do diretor japonês Akira Kurosawa, na qual quatro testemunhas de um estupro e um assassinato relatam diferentes versões dos fatos.



Com direito a sapateado e banda ao vivo, a peça deve estrear em meados de 2010, no Centro de Arte Dramática de Xangai — a maior e mais cosmopolita cidade chinesa. “Vamos dar vida às teorias econômicas (de Marx) através de uma peça moderna, interessante, pedagógica e divertida", disse o encenador He Nin, garantindo todos os recursos dos maiores musicais da Broadway.



“O Capital ainda tem respostas para os desafios econômicos e sociais de hoje", disse o diretor Shaolin, sobre a mais famosa obra de Karl Marx. O marxismo continua a ser um "princípio cardial" da China. Marx (1818-83) é também co-autor do Manifesto Comunista, escrito com Friedrich Engels e publicado em 1848.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Djs do DF trabalham criação de sindicato!

Caros e Caras,

Recentemente postei uma notícia sobre a regulamentação da profissão de DJ. Fato que considero positivo, pois é uma profissão descriminada pelo fato de ser uma profissão jovem. Desta forma, o reconhecimento do estado permitiria dar mais peso para essa profissão tão atual. Assim como a definição de um piso salarial.

Contudo, fui alertado sobre problemas da lei. Um problema seríssimo é a exigência de curso técnico. Ora, o que será feito com os atuais DJs da periferia que não precisaram estudar pra ser? Quem ensinará a ser DJs? Qual professor e formado onde? É uma grande inconsistência. Se fosse oferecidos gratuitos pelo estado para ampliar sua capacidade de atuação, como é feito pelo IBAMA no Maranhão com Guias e Motorista de 4 x 4, seria uma ótima. Lá no Maranhão melhorou a renda desses setores e ainda melhorou o turismo na região.

Enfim, é um longo debate. Como a importância do tema é grande os DJs de Brasília já se mobilizam e caminham pra criação do sindicato dos DJs. Uma profissão tipicamente jovem, terá portanto um sindicato tipicamente jovem. Iniciativa muito importante para o movimento sindical brasiliero.

Vejam a matéria da CUT-DF sobre o sindicato dos DJs:



Djs do DF trabalham criação de sindicato

17/03/09

A vida noturna no Distrito Federal é um dos ramos que mais cresce na região. Entretanto, um dos personagens principais deste cenário, o Dj (Disk Jokey), se quer tem a profissão regulamentada. Com o objetivo de modificar esta realidade, vários Djs do Distrito Federal vêm trabalhando junto com a CUT-DF para a criação de um sindicato que represente a categoria. O primeiro passo foi dado nessa segunda-feira (16), em reunião realizada no auditório da Central.

No encontro, os participantes frisaram que através de um sindicato será possível o reconhecimento da profissão e de profissionais da área, a unificação da luta por benefícios e direitos para a categoria, além de dar encaminhamento a certificação profissional e credenciamento de escolas de Djs como cursos profissionalizantes.

Durante a reunião, os presentes leram e avaliaram o projeto de lei nº 740, de autoria do senador Romeu Tuma (PTB-SP), que tem por finalidade regulamentar o exercício das profissões de Djs, profissional de cabine de som e produtor Dj. A partir daí, foi criada uma comissão, formada pela CUT-DF e profissionais da área, que tem o objetivo de propor alterações, caso necessário, ao PL – que já passou pelas Comissões de Educação, Cultura e Esporte do Senado - além de formular uma proposta de estatuto para a criação do sindicato que representará a categoria. “Na maioria das vezes a gente recebe menos do que é justo e, às vezes, nem recebe. Precisamos de uma base para conseguirmos ser reconhecidos”, avaliou o Dj Fábio Campos.

No dia 23 de março, Djs e a CUT-DF voltarão a se reunir para apresentar a proposta de estatuto e agendar uma assembléia que reunirá todos os profissionais da área do Distrito Federal. O encontro será no auditório da Central, às 18h30.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pressão antipirataria tira comunidade Discografias do Orkut!


Pressão antipirataria tira comunidade Discografias do Orkut

A comunidade de distribuição de músicas Discografias, do Orkut, enviou, neste domingo (15), um comunicado aos seus membros avisando do fim de suas atividades. Segundo seus moderadores, a pressão feita pela Associação Antipirataria de Cinema e Música (APCM) foi o motivo principal para o fim, não só dela, como das comunidades-irmãs Trilhas Sonoras de Filmes, Trilhas Sonoras de novelas, Coletâneas, Pedidos, Dicas/Dúvidas e Índice Geral.


No comunicado, os moderadores disseram: ''Encerramos as atividades devido às ameaças que estamos sofrendo da APCM e outros orgãos de defesa dos direitos autorais'', que no comunicado procuraram frisar que nunca tiveram ''nenhum tipo de vantagem financeira'' e que tinham apenas a intenção de ''contribuir de alguma forma para a cultura e entretenimento''.



Os argumentos refletem a confusão muito comum entre pirataria e cópia. “A cópia para uso individual e sem fins comerciais não deveria ser associada à pirataria, como tradicionalmente ocorre. Ela só tem o fim de compartilhar conhecimentos entr indivíduos e não lucratividade entre empresas”, defendeu Marcelo Branco, presidente da Associação de Software Livre (ASL), em entrevista à Folha Online, durante a nona edição do Campus Party, realizada em janeiro deste ano em São Paulo.



A comunidade, criada em novembro de 2005, já somava 920 mil usuários cadastrados, que a usavam para a oferta de links para álbuns de música completos, que podiam ser baixados gratuitamente.



Perseguição



Em resposta ao encerramento das atividades da comunidade Discografias, a APCM confirmou nesta segunda-feira (16) que “há alguns meses acompanha e solicita a retirada de links com conteúdo protegido por direitos autorais desta comunidade”.



Em nota, a APCM disse estar claro que a “Discografias” se dedicava a “disponibilizar músicas de forma ilegal, ignorando todos os canais legais de divulgação e uma cadeia produtiva de compositores, autores, cantores, produtores fonográficos e etc”.



“A comunidade, assim como outras fontes de infrações aos direitos de artistas e produtores, foi e continua sendo observada pelo Departamento de Internet da Associação, que considera um avanço positivo a sua exclusão da rede mundial de computadores, destacando existirem meios legítimos para que os internautas tenham acesso à esse tipo de conteúdo musical no Brasil e no mundo”, continua a nota da associação.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Quarta Futebol! Sobre a Privatização do Futebol!


Caros e Caras,

Aos poucos vou vendo e pesquisando que não sou o único que escreve e questiona o neoliberalismo no futebol. Tema que abordei desde o primeiro posto sobre futebol. É tão visível e tão pouco falado essa metamorfose do futebol. Muitos falam das transformações em outros níveis da sociedade, mas esquecem esse patrimônio do povo brasileiro.

Impressinante a passividade em que vemos tudo isso. Fiquei feliz quando vi o Emir Sader escrevendo sobre isso. E recentemente consegui pela net outro artigo bem interessante que trata sobre duas coisas que já tinha abordado: a venda de imagem e o lucro que isso gera, sendo que hoje isso dá mais lucro que jogar bem, e sobre a influência das televisões e tb sobre o dinheiro que isso dá.

Enfim, como caminhamos cada vez mais para a verdadeira ditadura do mercado no futebol. A privatização do futebol caminha a passos largos! Pior que vejo muito gente de esquerda elogiando as vezes essa racionalidade. Como no caso do São Paulo... A estrutura... O clube empresa... e as outras catilengas neoliberais, sem que eles percebam que estão legitimando a lógica do mercado. E mal sabem eles, como já escrevi aqui, que mesmo com essa catilenga o que dá título e lucro mesmo é futebol! Sem um bom time, vendendo caro seus principais jogadores e não fazendo uma base time nenhum no mundo é campeão!

Mas vamos ao texto de hoje sobre a Seleção Brasileira.


Osvaldo Bertolino: Seleção Brasileira que não é brasileira

É triste ver que a Seleção Brasileira de futebol que acaba de ser convocada praticamente nada tem a ver com o Brasil, além do nome. Há muito a seleção perdeu o vínculo com o país.


O prestígio esportivo da Seleção Brasileira passou a ser usado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como máquina de fazer dinheiro.

Entre contratos de patrocínio, cotas de amistosos e vendas de direitos de transmissão, a Seleção Brasileira rende uma fortuna.

Os direitos de transmissão de cada uma das partidas disputadas são vendidos pela CBF à Rede Globo, que tem contrato de exclusividade para os canais abertos. A emissora paga 600 mil dólares por evento à entidade.

Até mesmo os períodos de treinos e concentrações são usados para aumentar os lucros da CBF — hotéis pagam para a Seleção Brasileira se hospedar e faturam com o marketing.

A transformação do mundo da bola num negócio milionário, ocorrida no início da década de 90, ajudou a seleção a atingir o atual faturamento.

Como administradora da seleção, a CBF tem aproveitado esse cenário favorável para fechar bons acordos comerciais.

“Até a década de 80, o time era sustentado por verbas do governo”, afirma Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Aos poucos, as estatais foram sendo substituídas por empresas privadas.

Os valores dos contratos de patrocínio alcançaram novo patamar quando a Nike se tornou parceira da seleção, em 1996.

Até hoje a multinacional norte-americana contribui com parte substancial do faturamento da equipe: são 12 milhões de dólares por ano.

O contrato vai até 2018. Uma cláusula prevê bônus de 6 milhões de dólares em caso de vitória nos mundiais de 2010, 2014 e 2018.

Além do direito de ser a fornecedora de material esportivo do time, a Nike pode explorar a imagem da seleção em uma série de produtos.

Os prejuízos desse modelo para o futebol são evidentes. Uma semana antes da Copa de 1998, por exemplo, a Nike, tentando capitalizar ao máximo o momento, convocou os jogadores para participar de uma festa de inauguração.

O então capitão Dunga (patrocinado pela Reebok) chegou a dizer que os jogadores deviam treinar, e não participar de eventos sociais.

Depois da derrota para a França na final (por 3 a 0), foi levantada a possibilidade de que a Nike teria sido a responsável pela escalação de Ronaldo. Naquele evento ficou patente a influência dos patrocinadores nos destinos da seleção.

A confusão começou nos amistosos que antecederam a Copa de 1994. Como não havia comprado cotas de patrocínio nas emissoras de TV, a Brahma invadiu os estádios com placas e torcidas uniformizadas.

O jogador Bebeto, patrocinado pela cervejaria, chegou a comemorar um gol fazendo o número 1 (exatamente como fazia nos comerciais da Brahma).

Em represália, as câmeras da Globo enquadravam o campo apenas parcialmente, para impedir que a sinalização da Brahma entrasse em cena. O telespectador chiou com os cortes nas transmissões dos jogos.

O Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) intercedeu. No final, a Brahma diminuiu a presença nos campos e as emissoras voltaram a transmitir os jogos normalmente.

A Fédération Internationale de Football Association (Fifa) também está toda contaminada por esta lógica.

Num artigo publicado na revista científica Lancet, alguns médicos questionaram a inclusão de companhias como a cervejaria Budweiser, a indústria de refrigerantes Coca-Cola e a cadeia de fast-food McDonald’s como parceiros oficiais da Fifa.

Segundo os autores do artigo, a entidade tem a obrigação de evitar relacionamentos com patrocinadores que não sejam adequados.

“A presença de parceiros da Fifa como a Budweiser, a Coca-Cola e o McDonald’s ilustra bem o conflito existente entre o esporte internacional e a promoção de um modo de vida saudável”, diz o artigo.

“Esta tensão reforça a necessidade de se reavaliar as relações entre organizadores e seus patrocinadores, assim como dos governos assegurarem a eficiência das suas legislações e do investimento público no esporte de elite”, afirmam os autores.

Outro efeito nefasto da privatização do futebol é o mandonismo das TVs.

O renascimento do futebol no Reino Unido, por exemplo, aconteceu a partir de 1992 quando Murdoch e a British Sky Broadcasting investiram milhões de libras esterlinas, pagando pelos direitos de transmissão ao vivo das partidas (até aquele momento, não havia cobertura ao vivo dos jogos das equipes inglesas) — um modelo copiado em vários lugares, inclusive no Brasil.

Um dos principais problemas é a publicidade na TV. Os clubes não podem fazer planejamento porque datas e horários são determinados pelos interesses comerciais de quem detém os direitos de transmissão.

Mesmo jornalistas de outros veículos de comunicação são proibidos de fazer determinadas coberturas por conta do controle autoritário do monopólio televisivo. Até a essência do futebol está ameaçada.

A maioria dos canais não coloca anúncios no ar durante as partidas, pelo simples motivo de que o futebol é um esporte com pouco tempo de interrupção.

Por isso, os nomes dos patrocinadores são expostos em placas em volta do campo. Já se fala em mudanças nas regras do futebol para facilitar a veiculação de comerciais na TV.

Isso seria o fim do futebol tal como o conhecemos hoje. O problema é que o futebol está ganhando dinheiro grande. E o dinheiro grande muitas vezes acaba conseguindo o que quer.

Blog O Outro Lado da Notícia

terça-feira, 17 de março de 2009

Dalai-lama tocava o terror no Tibete


Dalai-lama tocava o terror no Tibete

O dalai-lama aloprou de vez e disse que a China fez do Tibete ''um inferno''. O ocidente dá ouvidos a essas figuras porque elas lhe são úteis. Parece que elas são oriundas de Xangri-lá, aquele paraíso longínquo no Himalaia em que todos vivem longas vidas e são felizes. Essa concepção falseada do romance Lost Horizon, escrito pelo britânico James Hilton, virou moda a partir dos anos 1920 e habita a cabeça dos inocentes úteis que ''trabalham'' pelo ''Tibete Livre''.

Por Humberto Alencar, escreve no www.vermelho.org.br


A sociedade ocidental da época vivia o tumulto dos anos do pós-guerra e da quebra da bolsa de Nova York. O romance virou filme e ajudou a colar no imaginário popular a imagem de que os budistas tibetanos seriam seres superiores espiritualmente. Templos humanos de bondade e sabedoria. Além de templos, oceanos de sabedoria, como traduz-se dalai-lama.

A elite tibetana, cuja testa era composta em sua grande maioria por monges, deixou a região há cinquenta anos, após o retumbante fracasso em tentar conservar seu poder feudal sobre os seres humanos que viviam ali. Sua rebelião foi contra uma reforma democrática e econômica acordada anos antes pelo próprio dalai-lama na Assembleia Popular Nacional da China.

"Rompido o acordo de 1951 pelo décimo quarto dalai-Lama e seus adeptos separatistas, o governo central aboliu o regime teocrático, revogou as leis e códigos desiguais, fechou os tribunais e cárceres privados, emancipou os servos e os escravos, cancelou as dívidas que os sufocavam e procedeu à redistribuição gradativa e cuidadosa das terras e dos rebanhos, indenizando os proprietários que apoiassem a reforma democrática" afirma o jornalista Duarte Pereira.

Levados em liteiras por servos, esses monges se estabeleceram em Dharamsala, na vizinha Índia, formando uma comunidade separatista que hoje atinge 120 mil ''espíritos encarnados''.

A reforma abolia as grandes propriedades, abolia a servidão, abolia a escravidão. A reforma deixava livre os 95% de tibetanos que eram regularmente oprimidos e massacrados pela elite dirigida pelo dalai-lama.

As razões pelas quais os monges se rebelaram e depois saíram correndo do Tibete são simples: perderam seus privilégios e suas propriedades. Não tem nada a ver com ''ocupação'' chinesa ou ''liberdades reprimidas''. Os nobres locais viram proibidas suas práticas desumanas de exploração de outros seres humanos de uma hora para a outra. Isso é intolerável para uma classe que sugou o sangue e o tutano dos ossos de escravos e servos por mais de mil anos.

Os monges e aristocratas tibetanos tocavam o terror, entre um mantra e outro. Os museus da região conservam ainda fotografias e objetos que demonstram como 95% da população era massacrada. Neles podem ser vistos tapetes feitos de peles humanas, que um dia haviam pertencido a servos ou escravos que desobedeceram seus amos.

Chicoteados, mantidos à beira da morte, os servos não tinham qualquer tipo de direito durante suas existências. Viviam, em média, 35 anos. Aravam a terra acorrentados, tinham a mão direita decepada por seus senhores caso fossem acusados de cometer algum delito. Tribunais? Havia sim, o senhor dos servos era o 'juiz', 'promotor', 'advogado' e 'testemunha'.

Já estamos acostumados a ler nos jornais controlados pelos barões da mídia brasileira notícias e artigos salpicados de adjetivos rancorosos e venenosos contra a China e sua Região Autônoma do Tibete.

Na terça-feira (10), o dalai-lama aloprou e disse que a China transformou o Tibete em um 'inferno'. Vejamos que inferno é este no qual foi transformada a região autônoma, que tem laços indissolúveis com o resto da China desde o século 13. Primeiro é preciso ter noção do 'paraíso' sobre a terra que era o Tibete antes da libertação, em 1951.

Cárceres privados

O Tibete é parte integrante da China desde o século 13. A revolução, vitoriosa em 1949 no resto do país, chega ao Tibete em 1951. Nesta época, a região era governada por monges e aristocratas e sua economia era feudal. O complexo sistema de castas tibetano deixava pouca liberdade até mesmo para os monges de castas inferiores.

As leis conformavam a desigual estrutura de poder, dividindo a população em três estratos e nove graus, cada um com direitos e deveres distintos.

Com 95% da população analfabeta, o Tibete possuía pouco mais de 1,4 milhões de habitantes. Desse total, 90% eram servos e 5% escravos. Toda a terra cultivável estava distribuída entre o governo local (30,9%), aristocratas (29,6%) e monges superiores (39,5%).

O budismo tibetano consistia na combinação de religião e política, privilégio completo da reduzida casta dominante, opressão da mulher, abuso sexual e psicológico.

Não havia igualdade jurídica, nem mesmo para as mulheres do estrato dominante. Se um nobre matava um servo ou um escravo, pagava uma indenização. Mas, para servos e escravos que agredissem um nobre ou furtassem um bem, os códigos previam penas cruéis, como espancamentos brutais, mutilação de mãos ou pés, extração dos olhos.

Até entre os monges, a disciplina era mantida à custa de chicotes e surras, como relata o dalai-lama em sua autobiografia. Além de uma prisão pública e precária em Lhasa, havia guardas, tribunais e cárceres privados nos mosteiros e nas grandes propriedades.

Os monges da camada superior e os nobres mais influentes monopolizavam os direitos políticos. O dalai-lama encabeçava o governo desde meados do século 18. Os demais cargos eram repartidos entre lamas e nobres leigos. A Seita Amarela, do dalai-lama, era privilegiada em relação às demais seitas e o budismo tibetano, em relação às demais religiões.

Era assim o Xangri-lá gerenciado pelo dalai-lama. ''É espantoso que se invoquem os 'direitos humanos' para defender esse regime opressivo e cruel, em que a maioria da população, formada por servos e escravos, não gozava de liberdade pessoal, nem dispunha de qualquer direito político'' diz Duarte Pereira, um jornalista especialista em Ásia.

Vida digna

Depois da libertação, com a saída de seus algozes da China, os tibetanos puderam, pela primeira vez na história, viver dignamente.

A população da região, que era de 1,41 milhão de habitantes, atingiu 2,81 milhões até final do ano passado, isto é, duas vezes em relação a 1951. As estatísticas indicam que atualmente a população da etnia tibetana ocupa mais de 92% na população total, e a expectativa média da população passou de 35,5 anos em 1951 para 67 anos, na atualidade.

A elevação do nível de vida e visível melhora das condições de tratamento médico contribuíram para o aumento da população no Tibete, elevando o nível de garantia de saúde dos agricultores e pastores tibetanos.

Cultura protegida

O governo chinês intensificou, a partir dos anos 1970, a proteção das culturas tradicionais tibetanas. O intercâmbio cultural entre diferentes etnias vem aumentando e a cultura tibetana está sendo difundida pelo mundo.

A China investiu 700 milhões de iuanes (US$ 91,38 milhões) na proteção do acervo cultural do Tibete e classificou quinze itens, como a ópera tibetana e o festival Xuedun, na lista de patrimônios imateriais nacionais.

A crença religiosa é completamente respeitada no Tibete. Em total, há 5.700 lugares que oferecem atividades rituais do budismo tibetano.

Economia florescente

Em termos econômicos, o 'inferno' vivido pelo Tibete mantém a economia da região fortemente aquecida. O produto interno bruto (PIB) da região foi de US$ 3,72 bilhões em 2006, uma alta de 13,2% em relação ao ano anterior, enquanto o PIB per capita excedeu US$ 1.282.

''O aumento bateu o recorde da década de 1990. O ano de 2006 foi o sexto ano consecutivo de crescimento econômico acima 12%'', disse Qingba Puncog, o tibetano que preside a região autônoma, citando os números na sessão anual da longínqua 10ª Assembléia Popular Nacional (APN), realizada em 2007.

A renda per capita da zona urbana aumentou para US$ 1.145, um aumento de 6,2%, enquanto a da zona rural subiu um recorde de 13,1% para US$ 301.

A receita de imposto dos setores não-públicos cresceu 41%, para US$ 125 milhões no ano passado, representando 58% da receita total do imposto, a primeira vez que os setores não-públicos contribuem mais que os setores públicos.

Além disso, a ferrovia Qinghai-Tibet, inaugurada em julho de 2007, aproximou a região das outras partes da China, e a reabertura da fronteira comercial, o Passo Nathu La, entre a China e a Índia, impulsionaram o desenvolvimento do Tibete.

Em busca da educação total

O Ministério de Educação da China informou que as escolas de todos os níveis no Tibete possuem mais de 530 mil estudantes inscritos. A percentagem de tibetanos em idade escolar atingiu 96,5%.

Segundo as estatísticas, a taxa de analfabetismo entre os adolescentes e adultos no Tibete caiu dos 70%, observados em 1990, para os 10% atuais. Hoje os infernais tibetanos até conseguem ler os livros que o ghost-writer do dalai-lama escreve.

Atos terroristas em Lhasa

Em 14 de março de 2008, terroristas (seria assim que a mídia ocidental trataria os bandidos caso os fatos tivessem ocorrido em Madri, por exemplo) tocaram o terror em Lhasa, a capital da região. Puseram fogo em edifícios públicos, escolas, um hospital e dezenas de prédios comerciais no centro da cidade.

As imagens gravadas pela emissora de TV pública da China mostraram pessoas mascaradas e monges depredando lojas comerciais, atacando e ferindo com gravidade um motociclista e até corpos carbonizados de vítimas da fúria dos terroristas (manifestantes, para nossa mídia ocidental). Mais de 30 pessoas foram assassinadas pelos terroristas.

Quem tocou o terror, de novo, foi a turma do dalai-lama, o encarnado que quer reencarnar sem desencarnar. Diga-se de passagem que o dalai-lama 'prega' a não-violência.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Segundas Gastronômicas! Especial Comida Japonesa! Sobre Hashi!

Pessoas,

Seguindo a tradição das segundas gastronômicas trazemos hoje o terceiro episódio da série sobre culinária japonesa. Tratamos hoje dos Hashis, mais conhecido como os "pauzinhos".

Enfim, pra comer japonês temos que além de conhecer as peças tb saber utilizar os hashis. O modo certinho eu confesso que acho meio besteira, mas a história é bem interessante. Isso pq os talheres surgiram com a revolução francesa e os hashis surgiram muito antes de cristo.

Bem, vamos ler pra saber!




A Tradição dos Hashis

História


Os hashis começaram a ser usados no ano de 2.500 anos antes de Cristo. Conta-se que os primeiros foram utilizados como suporte para grelhar carnes sobre a brasa. Para não queimar as mãos e servir a carne, eram usadas as tiras de bambu. Lenda ou fato, o hábito sobrevive até os dias de hoje e se mostra uma das formas mais interessantes de manipulação dos alimentos.

Os hashis são mais higiênicos do que os garfos e colheres e podem ser produzidos com diversos materiais, desde bambu até prata e marfim. Parece que toda a cultura culinária oriental foi de certa forma desenvolvida para ser consumida por estes palitinhos. Os alimentos são cortados em tamanhos que podem ser facilmente segurados, dispensando o uso da faca e do garfo.

Existem algumas regras de etiqueta para segurar os hashi. Uma delas é não ficar balançando os palitos no ar. Também não é de bom tom passar os alimentos de hashi para hashi de outra pessoa. Os palitinhos são delicados e como tal não devem jamais perfurar os alimentos. Dizem os japoneses que os hashis não fazem parte da tradição de comer sushis. Isso é um hábito ocidental. O correto é consumir utilizando-se das mãos.

A maneira correta de pegar o hashi é sempre na parte final, nunca na parte inferior, pois dificulta o movimento. Nunca se deve espetar o hashi na vertical, pois isso se refere à morte, missa e rituais religiosos. Chupar a ponta do hashi também é falta de educação. O hashi sempre deve ser apoiado no suporte próprio para isso, de preferência, paralelo ao corpo, pois é mais fácil de pegá-lo depois. O ideal é que fique o mais escondido possível e que não aponte para as outras pessoas. No caso de não haver apoiador, faça um dobrando a própria embalagem do hashi.

Conheça mais:

- Nunca cruze o hashi;
- Segure o hashi perto da parte final e não no meio ou no começo;
- Nunca pegue a comida na posição vertical e sim pelas laterais;
- Quando não estiver usando o hashi ou quando tiver terminado de comer, coloque-o na sua frente, com a ponta virada para esquerda;
- Não espete o hashi na comida. É considerada uma gafe (shinda toki). É costume no Japão, espetar o hashi em um pote de arroz e conduzi-lo do velório ao cemitério;
- Não passe comida do seu hashi diretamente para o hashi de outra pessoa. Apenas ossos da cremação em funerais são passados dessa maneira;
- É falta de educação escolher comida e apontar pessoas e objetos com o hashi;
- Não movimente pratos ou tigelas com o hashi;
- O correto é segurar o hashi com a mão direita e usar a esquerda para levantar as tigelas de arroz e de sopa para comer;
- Quando houver pratos que serão degustados por todos, terá um talher ou hashi para cada prato, onde você irá utilizá-lo para se servir;
- Garfo e faca são usados apenas para pratos ocidentais. Colheres às vezes são utilizadas em pratos japoneses que apresentam uma certa dificuldade de serem consumidos com o hashi, por exemplo, alguns donburi ou kare raisu. A colher chinesa de cerâmica ocasionalmente é usada para sopas.

Uma Excelente Notícia: Maurício Funes é Eleito Presidente de El Salvador!



Recebi agora a pouco um email do Companheiro e amigo Eduardo Valdoski, membro da atual executiva da JPT e companheiro de coletivo nacional na gestão que fiz parte, que deve estar em El Salvador como Observador Internacional, que foi confirmado a eleição de Maurício Funes Presidente de El Salvador.

Notícia confirmada pelo site UOL. Reproduzo aqui o email do Edu.

Compas,

O candidato a presidente de El Salvador pela FMLN (Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional), Mauricio Funes, acaba de fazer um pronunciamento como presidente eleito do país.

A vitória, apesar de apertada (51% a 49%), coloca mais um país no grupo dos que contam com governos de esquerda e progressistas.

Parabéns aos companheiros da FMLN! A luta continua e o socialismo avança!

Saudações,
Eduardo

domingo, 15 de março de 2009

Os 45 anos do comício da Central do Brasil


Caros e Caras,

Nesta última sexta-feira 13, completou 45 anos do Comício da Central do Brasil.Evento importante da história brasileira e diretamente ligado a reação conservadora das elites brasileiras que geraram o golpe de 64.

Vale a pena relembrar a história e o discurso do então presidente Jango Goulart!

Para isso reproduzo aqui a matéria publicada pela Carta Maior na sexta.


Os 45 anos do comício da Central do Brasil

Há exatos 45 anos, em 13 de março de 1964, o então presidente João Goulart resumia com a frase "Progresso com justiça, desenvolvimento com igualdade" o famoso discurso em frente ao Edifício Central do Brasil, no Rio de Janeiro. O comício reuniu cerca de 150 mil pessoas, incluindo sindicatos, associações de servidores públicos e estudantes e proclamou o povo a lutar por mudanças estruturais no país que iam do campo à cidade e passavam por amplas reformas na educação, na política tributária e nas leis eleitorais do país. Muitas destas reivindicações até hoje não saíram efetivamente do papel.

Clarissa Pont

PORTO ALEGRE - O discurso de João Goulart aniversaria na mesma semana em que a anistia de Maria Thereza Fontela Goulart, viúva do ex-presidente, foi publicada no Diário Oficial e que o general Luiz Cesário da Silveira Filho, ao despedir-se do cargo, exaltou em discurso o golpe militar que depôs Goulart, em 1964. Segundo Silveira, o golpe militar foi um "memorável acontecimento", que pode ser chamado de "revolução democrática de 31 de março de 1964, por ter evitado o golpe preparado pelo governo de então contra as instituições democráticas do país".

O “golpe preparado pelo governo” ao qual o saudosista general se refere foi, na verdade, um momento privilegiado das lutas sociais e políticas no Brasil. Na época pré-golpe, amplos setores sociais, no campo e na cidade, lutavam por reformas sociais e econômicas, bem como a ampliação da democracia política. O governo de João Goulart, espécie de porta voz destas reivindicações, perdurou sob o signo do golpe. Se, em agosto de 1961, o ele pôde ser evitado, em abril de 1964 tornou-se dura e concreta realidade. Foi um pouco antes, mas já com os dias contados para acabar, que o governo de João Goulart promoveu um verdadeiro embate político e ideológico no país. Para muitos historiadores, um dos raros momentos de democracia autêntica no Brasil.

O movimento estudantil estava no seu auge, assim como o movimento operário se destacava pela autonomia sindical através do Comando Geral dos Trabalhadores, uma espécie de diretório central que organizava greves e reivindicava constantemente a ampliação dos direitos trabalhistas. Nas cidades, o caráter de massa desse sindicalismo crescia juntamente com sua independência e autonomia. No campo, as Ligas Camponesas em Pernambuco, sob o comando do advogado Francisco Julião, fizeram história.

Neste cenário, o Comício na Central do Brasil, realizado com o apoio do CGT, foi a gota d’água para as classes dominantes escolherem de que lado ficariam no conflito. Com a promessa de encaminhar ao Congresso projetos de reformas inéditas no país, Goulart radicalizava seu discurso anunciando desapropriações de terras que ladeavam rodovias e ferrovias nacionais e a estatização de refinarias de petróleo. Uma ampla reforma educacional prometia erradicar o analfabetismo e se baseava em experiências pioneiras inspiradas em Paulo Freire, 15% da renda produzida no Brasil seria direcionada à educação. No plano econômico, haveria controle da remessa de lucros das empresas multinacionais para o exterior e o imposto de renda seria proporcional ao lucro pessoal. Qualquer semelhança com algumas das receitas anti-crise vistas na atualidade não é mera coincidência.

A reforma eleitoral demandava extensão do direito de voto aos analfabetos e aos militares de baixa patente. Além disso, a desapropriação de terras com mais de 600 hectares e a redistribuição destas à população pelo governo indicava uma reforma agrária forte. O Brasil ainda não havia conhecido a fúria neoliberal das privatizações da década de 90, mas a proteção das empresas nacionais era pauta, traduzido na defesa da Petrobras no discurso de Goulart. Ele defendia “tornar produtivas áreas inexploradas ou subutilizadas, ainda submetidas a um comércio especulativo, odioso e intolerável”, cenário um tanto parecido com a quantidade de áreas agricultáveis brasileiras que hoje são destruídas pelo negócio das florestas exóticas. A preocupação com a criminalização das manifestações populares que, àquela época levou o país a um período ditatorial indelével, já era manifestada.

“O povo quer que se amplie a democracia e que se ponha fim aos privilégios de uma minoria; que a propriedade da terra seja acessível a todos; que a todos seja facultado participar da vida política através do voto, podendo votar e ser votado; que se impeça a intervenção do poder econômico nos pleitos eleitorais e seja assegurada a representação de todas as correntes políticas, sem quaisquer discriminações religiosas ou ideológicas Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso”, disse no dia 13 de março de 1964, em frente ao Edifício Central do Brasil, sede da Estrada de Ferro Central do Brasil para cerca de 150 mil pessoas.

A ofensiva contra o programa de governo proposto por Goulart não tardou a se manifestar. Poucos dias após o comício, cerca de 500 mil pessoas saíram pelas ruas de São Paulo na “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Setores das classes médias e da burguesia, sob a bandeira do anticomunismo e da defesa da propriedade, da fé religiosa e da moral cristã, saíam às ruas nas maiores capitais do país contra o discurso que Carta Maior reproduz aqui (com trechos de áudio e vídeo). O resto da história é conhecido. As manifestações acabaram por criar um clima favorável à intervenção militar e ao golpe.

O discurso de João Goulart



“Devo agradecer em primeiro lugar às organizações promotoras deste comício, ao povo em geral e ao bravo povo carioca em particular, a realização, em praça pública, de tão entusiasta e calorosa manifestação. Agradeço aos sindicatos que mobilizaram os seus associados, dirigindo minha saudação a todos os brasileiros que, neste instante, mobilizados nos mais longínquos recantos deste país, me ouvem pela televisão e pelo rádio.

Dirijo-me a todos os brasileiros, não apenas aos que conseguiram adquirir instrução nas escolas, mas também aos milhões de irmãos nossos que dão ao brasil mais do que recebem, que pagam em sofrimento, em miséria, em privações, o direito de ser brasileiro e de trabalhar sol a sol para a grandeza deste país.

Presidente de 80 milhões de brasileiros, quero que minhas palavras sejam bem entendidas por todos os nossos patrícios.

Vou falar em linguagem que pode ser rude, mas é sincera sem subterfúgios, mas é também uma linguagem de esperança de quem quer inspirar confiança no futuro e tem a coragem de enfrentar sem fraquezas a dura realidade do presente.

Aqui estão os meus amigos trabalhadores, vencendo uma campanha de terror ideológico e sabotagem, cuidadosamente organizada para impedir ou perturbar a realização deste memorável encontro entre o povo e o seu presidente, na presença das mais significativas organizações operárias e lideranças populares deste país.

Chegou-se a proclamar, até, que esta concentração seria um ato atentatório ao regime democrático, como se no Brasil a reação ainda fosse a dona da democracia, e a proprietária das praças e das ruas. Desgraçada a democracia se tiver que ser defendida por tais democratas.

(...)

A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia antipovo, do anti-sindicato, da anti-reforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que eles servem ou representam.

A democracia que eles querem é a democracia para liquidar com a Petrobrás; é a democracia dos monopólios privados, nacionais e internacionais, é a democracia que luta contra os governos populares e que levou Getúlio Vargas ao supremo sacrifício.

Ainda ontem, eu afirmava, envolvido pelo calor do entusiasmo de milhares de trabalhadores no Arsenal da Marinha, que o que está ameaçando o regime democrático neste País não é o povo nas praças, não são os trabalhadores reunidos pacificamente para dizer de suas aspirações ou de sua solidariedade às grandes causas nacionais. Democracia é precisamente isso: o povo livre para manifestar-se, inclusive nas praças públicas, sem que daí possa resultar o mínimo de perigo à segurança das instituições.

(...)

Estaríamos, sim, ameaçando o regime se nos mostrássemos surdos aos reclamos da Nação, que de norte a sul, de leste a oeste levanta o seu grande clamor pelas reformas de estrutura, sobretudo pela reforma agrária, que será como complemento da abolição do cativeiro para dezenas de milhões de brasileiros que vegetam no interior, em revoltantes condições de miséria.

Ameaça à democracia não é vir confraternizar com o povo na rua. Ameaça à democracia é empulhar o povo explorando seus sentimentos cristãos, mistificação de uma indústria do anticomunismo, pois tentar levar o povo a se insurgir contra os grandes e luminosos ensinamentos dos últimos Papas que informam notáveis pronunciamentos das mais expressivas figuras do episcopado brasileiro.

(...)

Àqueles que reclamam do Presidente de República uma palavra tranqüilizadora para a Nação, o que posso dizer-lhes é que só conquistaremos a paz social pela justiça social.

Perdem seu tempo os que temem que o governo passe a empreender uma ação subversiva na defesa de interesses políticos ou pessoais; como perdem igualmente o seu tempo os que esperam deste governo uma ação repressiva dirigida contra os interesses do povo. Ação repressiva, povo carioca, é a que o governo está praticando e vai amplia-la cada vez mais e mais implacavelmente, assim na Guanabara como em outros estados contra aqueles que especulam com as dificuldades do povo, contra os que exploram o povo e que sonegam gêneros alimentícios e jogam com seus preços.

Não receio ser chamado de subversivo pelo fato de proclamar, e tenho proclamado e continuarei a proclamando em todos os recantos da Pátria – a necessidade da revisão da Constituição, que não atende mais aos anseios do povo e aos anseios do desenvolvimento desta Nação.

Essa Constituição é antiquada, porque legaliza uma estrutura sócio-econômica já superada, injusta e desumana; o povo quer que se amplie a democracia e que se ponha fim aos privilégios de uma minoria; que a propriedade da terra seja acessível a todos; que a todos seja facultado participar da vida política através do voto, podendo votar e ser votado; que se impeça a intervenção do poder econômico nos pleitos eleitorais e seja assegurada a representação de todas as correntes políticas, sem quaisquer discriminações religiosas ou ideológicas.

Todos têm o direito à liberdade de opinião e de manifestar também sem temor o seu pensamento. É um princípio fundamental dos direitos do homem, contido na Carta das Nações Unidas, e que temos o dever de assegurar a todos os brasileiros.

(...)

É apenas de lamentar que parcelas ainda ponderáveis que tiveram acesso à instrução superior continuem insensíveis, de olhos e ouvidos fechados à realidade nacional.

São certamente, trabalhadores, os piores surdos e os piores cegos, porque poderão, com tanta surdez e tanta cegueira, ser os responsáveis perante a História pelo sangue brasileiro que possa vir a ser derramado, ao pretenderem levantar obstáculos ao progresso do Brasil e à felicidade de seu povo brasileiro.

(...)

E podeis estar certos, trabalhadores, de que juntos o governo e o povo – operários , camponeses, militares, estudantes, intelectuais e patrões brasileiros, que colocam os interesses da Pátria acima de seus interesses, haveremos de prosseguir de cabeça erguida, a caminhada da emancipação econômica e social deste país.

O nosso lema, trabalhadores do Brasil, é “progresso com justiça, e desenvolvimento com igualdade”.

(...)

Vamos continuar lutando pela construção de novas usinas, pela abertura de novas estradas, pela implantação de mais fábricas, por novas escolas, por mais hospitais para o nosso povo sofredor; mas sabemos que nada disso terá sentido se o homem não for assegurado o direito sagrado ao trabalho e uma justa participação nos frutos deste desenvolvimento.

Não, trabalhadores; sabemos muito bem que de nada vale ordenar a miséria, dar-lhe aquela aparência bem comportada com que alguns pretendem enganar o povo. Brasileiros, a hora é das reformas de estrutura, de métodos, de estilo de trabalho e de objetivo. Já sabemos que não é mais possível progredir sem reformar; que não é mais possível admitir que essa estrutura ultrapassada possa realizar o milagre da salvação nacional para milhões de brasileiros que da portentosa civilização industrial conhecem apenas a vida cara, os sofrimentos e as ilusões passadas.

O caminho das reformas é o caminho do progresso pela paz social. Reformar é solucionar pacificamente as contradições de uma ordem econômica e jurídica superada pelas realidades do tempo em que vivemos.

Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da SUPRA com o pensamento voltado para a tragédia do irmão brasileiro que sofre no interior de nossa Pátria. Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos.

Ainda não é a reformulação de nosso panorama rural empobrecido.
Ainda não é a carta de alforria do camponês abandonado.
Mas é o primeiro passo: uma porta que se abre à solução definitiva do problema agrário brasileiro.

O que se pretende com o decreto que considera de interesse social para efeito de desapropriação as terras que ladeiam eixos rodoviários, leitos de ferrovias, açudes públicos federais e terras beneficiadas por obras de saneamento da União, é tornar produtivas áreas inexploradas ou subutilizadas, ainda submetidas a um comércio especulativo, odioso e intolerável.

Não é justo que o benefício de uma estrada, de um açude ou de uma obra de saneamento vá servir aos interesses dos especuladores de terra, que se apoderaram das margens das estradas e dos açudes. A Rio-Bahia, por exemplo, que custou 70 bilhões de dinheiro do povo, não deve beneficiar os latifundiários, pela multiplicação do valor de suas propriedades, mas sim o povo.

(...)

Reforma agrária com pagamento prévio do latifundio improdutivo, à vista e em dinheiro, não é reforma agrária. É negócio agrário, que interessa apenas ao latifundiário, radicalmente oposto aos interesses do povo brasileiro. Por isso o decreto da SUPRA não é a reforma agrária.

Sem reforma constitucional, trabalhadores, não há reforma agrária. Sem emendar a Constituição, que tem acima de dela o povo e os interesses da Nação, que a ela cabe assegurar, poderemos ter leis agrárias honestas e bem-intencionadas, mas nenhuma delas capaz de modificações estruturais profundas.

Graças à colaboração patriótica e técnica das nossas gloriosas Forças Armadas, em convênios realizados com a SUPRA, graças a essa colaboração, meus patrícios espero que dentro de menos de 60 dias já comecem a ser divididos os latifúndios das beiras das estradas, os latifúndios aos lados das ferrovias e dos açudes construídos com o dinheiro do povo, ao lado das obras de saneamento realizadas com o sacrifício da Nação. E, feito isto, os trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada, embora em parte, a sua mais sentida e justa reinvindicação, aquela que lhe dará um pedaço de terra para trabalhar, um pedaço de terra para cultivar. Aí, então, o trabalhador e sua família irão trabalhar para si próprios, porque até aqui eles trabalham para o dono da terra, a quem entregam, como aluguel, metade de sua produção. E não se diga, trabalhadores, que há meio de se fazer reforma sem mexer a fundo na Constituição. Em todos os países civilizados do mundo já foi suprimido do texto constitucional parte que obriga a desapropriação por interesse social, a pagamento prévio, a pagamento em dinheiro.

No Japão de pós-guerra, há quase 20 anos, ainda ocupado pelas forças aliadas vitoriosas, sob o patrocínio do comando vencedor, foram distribuídos dois milhões e meio de hectares das melhores terras do país, com indenizações pagas em bônus com 24 anos de prazo, juros de 3,65% ao ano. E quem é que se lembrou de chamar o General MacArthur de subversivo ou extremista?

Na Itália, ocidental e democrática, foram distribuídos um milhão de hectares, em números redondos, na primeira fase de uma reforma agrária cristã e pacífica iniciada há quinze anos, 150 mil famílias foram beneficiadas.

No México, durante os anos de 1932 a 1945, foram distribuídos trinta milhões de hectares, com pagamento das indenizações em títulos da dívida pública, 20 anos de prazo, juros de 5% ao ano, e desapropriação dos latifúndios com base no valor fiscal.

Na Índia foram promulgadas leis que determinam a abolição da grande propriedade mal aproveitada, transferindo as terras para os camponeses.

Essas leis abrangem cerca de 68 milhões de hectares, ou seja, a metade da área cultivada da Índia. Todas as nações do mundo, independentemente de seus regimes políticos, lutam contra a praga do latifúndio improdutivo.

Nações capitalistas, nações socialistas, nações do Ocidente, ou do Oriente, chegaram à conclusão de que não é possível progredir e conviver com o latifúndio.

A reforma agrária é também uma imposição progressista do mercado interno, que necessita aumentar a sua produção para sobreviver.

Os tecidos e os sapatos sobram nas prateleiras das lojas e as nossas fábricas estão produzindo muito abaixo de sua capacidade. Ao mesmo tempo em que isso acontece, as nossas populações mais pobres vestem farrapos e andam descalças, porque não tem dinheiro para comprar.

Assim, a reforma agrária é indispensável não só para aumentar o nível de vida do homem do campo, mas também para dar mais trabalho às industrias e melhor remuneração ao trabalhador urbano.

Interessa, por isso, também a todos os industriais e aos comerciantes. A reforma agrária é necessária, enfim, à nossa vida social e econômica, para que o país possa progredir, em sua indústria e no bem-estar do seu povo.

Como garantir o direito de propriedade autêntico, quando dos quinze milhões de brasileiros que trabalham a terra, no Brasil, apenas dois milhões e meio são proprietários?

O que estamos pretendendo fazer no Brasil, pelo caminho da reforma agrária, não é diferente, pois, do que se fez em todos os países desenvolvidos do mundo. É uma etapa de progresso que precisamos conquistar e que haveremos de conquistar.

Esta manifestação deslumbrante que presenciamos é um testemunho vivo de que a reforma agrária será conquistada para o povo brasileiro. O próprio custo daprodução, trabalhadores, o próprio custo dos gêneros alimentícios está diretamente subordinado às relações entre o homem e a terra. Num país em que se paga aluguéis da terra que sobem a mais de 50 por cento da produção obtida daquela terra, não pode haver gêneros baratos, não pode haver tranquilidade social. No meu Estado, por exemplo, o Estado do deputado Leonel Brizola, 65% da produção de arroz é obtida em terras alugadas e o arrendamento ascende a mais de 55% do valor da produção. O que ocorre no Rio Grande é que um arrendatário de terras para plantio de arroz paga, em cada ano, o valor total da terra que ele trabalhou para o proprietário. Esse inquilinato rural desumano é medieval é o grande responsável pela produção insuficiente e cara que torna insuportável o custo de vida para as classes populares em nosso país.

(...)

E é claro, trabalhadores, que só se pode iniciar uma reforma agrária em terras economicamente aproveitáveis. E é claro que não poderíamos começar a reforma agrária, para atender aos anseios do povo, nos Estados do Amazonas ou do Pará. A reforma agrária deve ser iniciada nas terras mais valorizadas e ao lado dos grandes centros de consumo, com transporte fácil para o seu escoamento.

(...)

Não me animam, trabalhadores – e é bom que a nação me ouça – quaisquer propósitos de ordem pessoal. Os grandes beneficiários das reformas serão, acima de todos, o povo brasileiro e os governos que me sucederem. A eles, trabalhadores, desejo entregar uma Nação engrandecida, emancipada e cada vez mais orgulhosa de si mesma, por ter resolvido mais uma vez, pacificamente, os graves problemas que a História nos legou. Dentro de 48 horas, vou entregar à consideração do Congresso Nacional a mensagem presidencial deste ano.

Mas estaria faltando ao meu dever se não transmitisse, também, em nome do povo brasileiro, em nome destas 150 ou 200 mil pessoas que aqui estão, caloroso apelo ao Congresso Nacional para que venha ao encontro das reinvindicações populares, para que, em seu patriotismo, sinta os anseios da Nação, que quer abrir caminho, pacífica e democraticamente para melhores dias. Mas também, trabalhadores, quero referir-me a um outro ato que acabo de assinar, interpretando os sentimentos nacionalistas destes país. Acabei de assinar, antes de dirigir-me para esta grande festa cívica, o decreto de encampação de todas as refinarias particulares.

A partir de hoje, trabalhadores brasileiros, a partir deste instante, as refinarias de Capuava, Ipiranga, Manguinhos, Amazonas, e Destilaria Rio Grandense passam a pertencer ao povo, passam a pertencer ao patrimônio nacional.

Ao anunciar, à frente do povo reunido em praça pública, o decreto de encampação de todas as refinarias de petróleo particulares, desejo prestar homenagem de respeito àquele que sempre esteve presente nos sentimentos do nosso povo, o grande e imortal Presidente Getúlio Vargas.

(...)

Na mensagem que enviei à consideração do Congresso Nacional, estão igualmente consignadas duas outras reformas que o povo brasileiro reclama, porque é exigência do nosso desenvolvimento e da nossa democracia. Refiro-me à reforma eleitoral, à reforma ampla que permita a todos os brasileiros maiores de 18 anos ajudar a decidir dos seus destinos, que permita a todos os brasileiros que lutam pelo engrandecimento do país a influir nos destinos gloriosos do Brasil. Nesta reforma, pugnamos pelo princípio democrático, princípio democrático fundamental, de que todo alistável deve ser também elegível.

Também está consignada na mensagem ao Congresso a reforma universitária, reclamada pelos estudantes brasileiros. Pelos universitários, classe que sempre tem estado corajosamente na vanguarda de todos os movimentos populares nacionalistas.

(...)

Dentro de poucas horas, outro decreto será dado ao conhecimento da Nação. É o que vai regulamentar o preço extorsivo dos apartamentos e residências desocupados, preços que chegam a afrontar o povo e o Brasil, oferecidos até mediante o pagamento em dólares. Apartamento no Brasil só pode e só deve ser alugado em cruzeiros, que é dinheiro do povo e a moeda deste país. Estejam tranqüilos que dentro em breve esse decreto será uma realidade.

(...)

Ao encerrar, trabalhadores, quero dizer que me sinto reconfortado e retemperado para enfrentar a luta que tanto maior será contra nós quanto mais perto estivermos do cumprimento de nosso dever. À medida que esta luta apertar, sei que o povo também apertará sua vontade contra aqueles que não reconhecem os direitos populares, contra aqueles que exploram o povo e a Nação.

Hoje, com o alto testemunho da Nação e com a solidariedade do povo, reunido na praça que só ao povo pertence, o governo, que é também o povo e que também só ao povo pertence, reafirma os seus propósitos inabaláveis de lutar com todas as suas forças pela reforma da sociedade brasileira. Não apenas pela reforma agrária, mas pela reforma tributária, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto do analfabeto, pela elegibilidade de todos os brasileiros, pela pureza da vida democrática, pela emancipação econômica, pela justiça social e pelo progresso do Brasil”.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Domingo Eleições em El Salvador!

Caros e Caras,

Desculpem a demora pelo post de hoje. Mas tive um dia corrido em Goiânia e acabo de chegar em Brasília. Já estava planejado o tópico de hoje, mas vacilei de não colocar antes.

Mas antes de postar a notícia sobre as eleições de El Salvador queria falar do episódio triste e esquisito ontem em Goiânia. Por incrível que possa parecer eu estava entrando naquele shopping na hora da queda. O segurança na minha frente, no estacionamento, de repente virou e saiu correndo. Por sorte estava do outro lado do shopping. Como não sabia de nada entrei no shopping pra comprar meu cabo de impressora e papel. Além que iria jantar. NO que entro um corre corre, lojas fechandos as pressas... Achei que era assalto , arrastão ou algo do gênero. Mas fiquei tranquilo... Quando entro nas Lojas Americanas não me contive e perguntei numa rodinha que se formava. Ali soube do ocorrido e que era preciso esvaziar o shopping, pq tinha risco de explosão... Me senti no próprio world trade center. Nesse momento um amigo de Brasília me liga, pra falar outras coisas... Acabei saindo com tranquilidade, pois imaginei que era um teco-teco e não um Boeing e que a explosão jamais chegaria ali. Enfim, mais uma história pra minha vida.

Vamos ao tópico de hoje. Faz muito tempo que sempre coloco aqui notícias sobre El Salvador. País que já visitei e que a FMLN tem grandes ligações históricas com o PT. Além de ser o único país latino americano com tropas no iraque, o partido da direita e ligado a ditadura militar tem como seu candidato um ex-comandante das forças para-militares na Guerra Civilç. Guerra essa que todos querem virar a página e pra isso devemos eleger Maurício Funes, da FMLN. Apesar da Frente ter combatido na guerra civil, Maurício Funes é um dos quadros da frente que surgiu pos guerra civil. Levando em conta o ascenso de governos de esquerda pela América Latina essa seria a grande chance de uma virada nesse sofrido país.

Deixo aqui a notícia do dia 7, sábado passado. No qual a campanha de Maurício Funes reuniu 300 mil pessoas.



MAS DE 300 MIL PERSONAS EN MAYOR CONCETRACION POLITICA DE LA HISTORIA DE EL SALVADOR
Boletín de prensa No 118/7-03-2009

Más de 300,000 personas colmaron hoy la Alameda Juan Pablo II de San Salvador, ante el llamado del partido FMLN para comenzar a celebrar el cierre de la presente campaña electoral, que concluirá con la elección presidencial del próximo 15 de marzo. Se trata de la mayor concentración la historia política de El Salvador.

La alameda fue convertida por la multitud en una especie de río rojo, el color distintivo del partido FMLN, desde el Centro de Gobierno hasta la Terminal de Oriente, un tramo de más de un kilómetro de largo.

Varias caravanas comenzaron a desplazarse desde tempranas horas de la mañana del sábado con dirección a la capital, donde ingresaron entrada la tarde formando cinco columnas, las cuales parecían interminables, según descripciones de medios de prensa.

A las 4:30 de la tarde, cuando la alameda Juan Pablo II estaba repleta, arribó el candidato presidencial Mauricio Funes, acompañado de su esposa, Vanda Pignato, la cúpula del FMLN y líderes del movimiento ciudadano Amigos de Mauricio. En la tarima, en cuyo fondo fue instalada una enorme vaya con la fotografía de Funes y Salvador Sánchez Cerén, el candidato a la vicepresidencia, ya se encontraban presentes otros dirigentes de distintos partidos políticos que respaldan la fórmula presidencial.

Destacaron entre los presentes, José Napoleón Duarte, hijo del fallecido expresidente, del mismo nombre; dirigentes de Cambio Democrático, del Frente Democrático Revolucionario y la ex fórmula presidencial del Partido de Conciliación Nacional (PCN), Tomás Chévez y Rafael Garciaguirre. En primera fila se encontraban también alcaldes del Partido Demócrata Cristiano, otros líderes del PCN, empresarios y personalidades invitadas.

Antes del discurso central de Funes, hablaron el coordinador general del FMLN, Medardo González, el ex candidato presidencial del PCN, Tomás Chévez y Sánchez Cerén. “Estamos aquí para decir una vez más que apoyamos la fórmula presidencial del FMLN, porque creemos en el cambio que nuestro país necesita para salir adelante”, afirmó Chévez, quien fuera destituido por la cúpula del PCN.

Medardo González, por su parte, recordó al partido gobernante Arena, que “comiencen a contar los días, que sólo faltan siete días para el triunfo electoral del FMLN”. Sánchez Cerén agradeció a la militancia y simpatizantes del partido por el respaldo a la fórmula presidencial del FMLN.

Mauricio Funes, vestido de jeans azul y camisa blanca, aprovechó su discurso para hacer un nuevo llamamiento al partido Arena a cesar la campaña sucia y retó a su candidato presidencial a aceptar un debate ante la televisión y la radio. “No se esconda señor Ávila, no se esconda detrás del candidato a la vicepresidencia”, le dijo. De inmediato se escuchó un ruido ensordecedor.

Funes también llamó a simpatizantes y militantes, a cuidar y defender el voto el día de la elección, a estar atentos ante cualquier maniobra de la derecha que estaría intentando evitar la derrota con acciones fraudulentas. Llamó a la población a denunciar cualquier intento del partido del gobierno en cualquier lugar del país, que pretenda burlar la voluntad popular.

Lanzó un llamado a “no permitir provocaciones” del partido Arena, el cual estaría intentando generar hechos de violencia para crear un clima de zozobra en los días previos a la elección.

Luego reiteró sus compromisos contenidos en el Manifiesto a la Nación, presentado el pasado jueves, en que ofreció trabajar incansablemente por la democracia, la paz social, velar por el respeto a la constitución y garantizar las libertades individuales de todos los salvadoreños. A una semana de la elección presidencial, Funes marcha favorito en las encuestas.

Tras concluida la ceremonia, cuando comenzaba a caer la noche, luces artificiales iluminaron el cielo. Luego los organizadores invitaron a participar en el Carnaval de la Victoria, a lo largo de toda la alameda donde se instalaron 12 conjuntos musicales.
Aunque la movilización de este jueves se dio en llamar cierre de campaña, el mitin final de la campaña se llevará el próximo miércoles 11 por la noche, en la ciudad de Soyapango. Antes de ese evento, la fórmula presidencial del FMLN participará todavía en varias actividades públicas el domingo, lunes y martes.

San Salvador, 7 de marzo de 2009