Como vocês devem ter percebido tenho um problema sério com a língua portuguesa. São longos anos lutando contra isso, mas por todos os testes que fiz dizem que meu problema foi na alfabetização e isso comprometeu todo meu aprendizado da língua portuguesa. Disse uma das pessoas que me aplicou o teste na 8a série: - Ele ainda não repetiu de ano?.
Bem! não repeti, mas sempre sofri... No 3o ano do Sigma, em Brasília, tirei os famosos 49,5 em que o computador arrendodava para 50 e te passava. Foi um alívio!
Mas hoje a postagem é dedicada a dois colaboradores do blog. Primeiro o Renatão, que foi colega de curso na Ciência Política e hoje é agente de viagens. Via Láctea Turismo aqui em Brasília. E que entrou como colaborador oficial do blog e hoje me deu vários toques da língua mãe.
E segundo ao Rodrigo Cesar, grande companheiro da JPT e da AE. Hoje é membro da direção nacional da JPT e um cronista. Que pedi pra que ele disponibilizasse suas crônicas para divulgação aqui. Torna-se então mais um colaborador!
E pra terminar deixo então uma das crônica do Rodrigo que brinca com a língua portuguesa e as desigualdades:
Pereba
Rodrigo Cesar
A palavra é: pereba. Muitas designações embarcam na bela e nada pomposa sonoridade. Simples, na verdade, surge sempre cheia na boca de qualquer um. Não a pereba, a palavra. Cheia, pois rompante.
Nunca foi desperdiçada. Sempre usada quando necessária, no momento certo, sem abusos ou excessos, sem escassez nem timidez. Tanto no tom quanto no volume, precisa.
Que pereba! Soa bem. É uma injustiça que palavra tão bonita, tão coesa, tão sonora, sirva para designar ruindades. Não importa o contexto, é sempre algo de negativo. O contraste entre a gramática e a semântica é brutal. São tão opostas quanto imaginário e real, grande e pequeno, seco e molhado, frio e calor.
Quem diria. Quando é falada, a bela palavra é acompanhada de sarcasmo, pena, nojo, careta ou espanto. Não foge deste escopo. Coitada da pereba. Não tem nem liberdade de expressão. Não consegue se dissociar da negatividade. Ela gostaria de ser lembrada de forma diferente. Não quer mais freqüentar círculos de informalidade. Por ser simples, não significa que está fadada a permanecer no baixo clero lingüístico. Quer estar entre as requintadas.
Acontece que as pomposas são faladas por bocas que nunca conheceram uma pereba. Quem tem pereba e fala pereba carece de requinte.
Assim, percebeu que de nada adiantaria querer ascensão pessoal, que tudo não passava de um jogo de cartas marcadas, que era preciso inverter a ordem, transformar toda a gramática e toda a semântica.
Todo apoio à pereba popular!
Defesa da Alegria
Há 5 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário