Ao longo da história das crises do capitalismo quem pagou a conta foram os trabalhadores. A chamada crise de lucros é o momento em que os donos dos meios de produção para garantir os lucros começam a demitir e defender a redução dos escassos direitos dos trabalhadores.
Vivemos hoje, talvez, a maior de todas essas crises. O cenário muda a cada momento e ninguém sabe onde irá parar o mundo quando a recessão atacar com mais força os EUA e a Europa.
Recetemente, no dia que escrevi sobre a
CRISE(clicando aqui vc verá esse post). Este post foi na véspera do debate com Guido Mantega e com Marco Aurélio Garcia sobre a crise.
Tenho que confessar que o debate me decepcionou. Mas em todo momento ambos mostrava bastante empenho em manter emprego. Pra isso inúmeras medidas estão sendo feitas pelo governo e isso é muito positivo. Eu fui um dos poucos sorteados pra fazer perguntas. Abri com uma intervenção dizendo que nesses momentos abrem brechas para desenvolver iniciativas mais progressistas e desvincular das ações imperialista. Seria um período bom para fazermos mudanças estruturais da pauta histórica da esquerda. No sentido que o governo vem trabalhando, manter empregos, tem a pauta histórica da redução da jornada de trabalho, sem a redução do salário. Diversos estudos mostram a capacidade dessa medida gerar emprego, o próprio presidente do IPEA já mostrou estudos que a capacidade brasileira poderia gerar jornada de 35 horas. Mas a luta nem é pra tanto, a luta é pra reduzir de 44 pra 40 horas!
Minha decepção foi grande. A resposta foi que isso era uma pauta dos movimentos sociais e que eles tinham que brigar por isso. Ora, tirou o corpo do governo fora. Nesse cenário os trabalhadores estão suando no chão da fábrica para garatir seus empregos, os sindicatos lutando pra evitar demissões, é um período de resistência. Era hora do governo, com amplo apoio dos trabalhadores, dar um passo mais forte em defesa deles.
Mas essa semana parte da minha decepção passou, quando o Ministro Guido Mantega disse que não irá mexer nos direitos trabalhistas. Muito positiva a iniciativa...
Isso pq pouco a pouco os empresários estão soltando as asinhas e querendo pegar carona no cenário de crise. Como disse antes é preciso entender essa crise de lucros.
Fazendo um rápido resumo, durante o boom econômico do pós-guerra, essa taxa girou entre 15% a 20%. A crise do final dos anos 1960, que marcou o fim deste período, derrubou a taxa para 8% e 9%.
O imperialismo teve, então, uma recuperação importante com a globalização e a restauração do capitalismo no Leste Europeu. Elevou a taxa de lucros para 10%, nos anos 1980, e 13%, no final dos anos 1990, sem chegar, porém, aos níveis do pós-guerra.
Durante a crise de 2000-2001, a taxa caiu para 6%. No período de expansão dos últimos anos, ela aumentou novamente para 12%. A crise atual se manifestou com clareza nos últimos quatro meses de 2007 quando, segundo o The Wall Street Journal, a taxa de lucros caiu 8,4%. Foi isso que determinou o início da crise e não a evolução do mercado financeiro.
E a saída como sempre pra manter lucro é ferrar trabalhador. Deixou aqui então uma notícia que mostra claramente a movimentação dos empresário do Brasil para retirar direitos e tentar manter seus lucros em queda.
A matéria foi retirada do site www.vermelho.org.br
Depois da Vale, agora lojistas também pedem fim dos direitos trabalhistasO empresariado brasileiro mostra que não tem escrúpulos quando o assunto é tirar proveito da atual crise econômica financeira. Depois que o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, cantou a bola, agora é a vez da A Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop) sugerir que a flexibilização dos direitos trabalhistas para supostamente "evitar demissões em 2009". Conforme o presidente da entidade, Nabil Sahyoun, os empresários vão buscar um diálogo com o governo neste sentido a partir de janeiro. "É preciso que as flexibilizações durem por, no mínimo, um ano, e não apenas três meses", disse.
Segundo Sahyoun, o setor está evitando demissões até o final deste ano para avaliar melhor as perspectivas para 2009, e as decisões ficarão para janeiro. "Quem mais gera emprego no Brasil é o varejo e o setor de serviços. O governo tem feito muito pouco para ajudar estas empresas", disse.
Mas parece que a crise ainda não atingiu o setor como quer fazer crer seus dirigentes. Mesmo em plena crise internacional, o setor de shoppings prevê a inauguração de 23 novos empreendimentos em 2009. Segundo o presidente da Alshop, todos estes empreendimentos já tiveram sua construção iniciada durante 2008, o que garante que eles serão concluídos. "Sai mais caro interromper as obras do que concluí-las com agilidade", disse. O executivo destacou que não faltarão lojistas interessados em participar destes shoppings porque é uma maneira de aumentar a participação de mercado. Ele afirmou que, com os novos empreendimentos, o número de shoppings no Brasil no final de 2009 chegará a 689.
Sahyoun disse que algumas empresas terão dificuldades em obter crédito para os futuros empreendimentos, mas que isso será suprido por bancos nacionais ou eventuais parcerias com empresas estrangeiras. Ele afirmou ainda que algumas empresas que captaram recursos na Bovespa estão em boa situação de caixa e poderão utilizar estes recursos em novos projetos.
Para os próximos dois anos, estão previstos investimentos de R$ 8,3 bilhões no setor, mas o executivo admitiu que eles vão variar de acordo com as condições da economia. "É possível que alguns projetos que ainda estão na fase das discussões iniciais não saiam do papel", disse. Segundo ele, a crise levará ao fechamento de muitas lojas, enquanto outras vão aproveitar o momento para crescer e investir. "É natural viver altos e baixos", disse. Na dúvida sobre se o próximo período será de alta ou baixa demanda, os empresários já querem garantir seus lucros a custa da redução dos direitos trabalhistas.
Centrais repudiam proposta
Em meados de dezembro, quando veio à tona as sugestões do presidente da Vale de flexibilização das leis trabalhistas, as centrais sindicais foram unânimes em repudiar a proposta.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique da Silva Santos, o momento é de garantir o emprego. Ele diz que parte dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador vai para o BNDES. "Esse dinheiro beneficia tanto a Vale quanto outras empresas e, por isso, elas deveriam diminuir os lucros e manter os empregos".
Santos disse, na ocasião, que os sindicatos ligados à CUT estão orientados a fazer mobilização e greve em caso de propostas de suspensão de contrato de trabalho e redução de jornada e de salário.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira dos Santos, o Paulinho, criticou a idéia de mudança temporária nas leis trabalhistas. "Essa medida pode se tornar definitiva depois da crise, por isso não podemos mexer nas garantias dos trabalhadores", diz. Paulinho admite a possibilidade de utilização dos instrumentos previstos na lei para garantir os empregos. "A suspensão do contrato e a redução de jornada com redução do salário devem se tornar mais freqüentes no ano que vem, com o agravamento da crise."
A Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) condena toda mudança nas leis trabalhistas . "A choradeira dos empresários não tem nenhuma justificativa. Eles lucraram muito e agora querem descontar nas costas dos trabalhadores no primeiro momento de dificuldade", diz o coordenador da entidade, José Maria de Almeida.
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