Sobre jogadoresComo hoje é quarta é dia de futebol. Tenho que pedir desculpas, pois não escrevi nada na quarta passada. De fato foi um lapso, passou em branco mesmo.
Aqui já falamos dos torcedores, da final do Brasileiro e a Cartolagem São Paulina e hoje é dia de falar de jogadores. Como disse no post anterior sobre futebol o neoliberalismo chegou ao futebol. Contudo, as particularidades do futebol são grandes. Isso pq a mesma mercadoria que hj gera rios de dinheiro é, em tese ao menos, o proletário do futebol: o jogador.
É com jogadores que os clubes hj ganham mais dinheiro, seja na venda, no marketing ou mesmo na conquista de títulos. Se avaliarmos somente os títulos o jogador é um legítimo proletário. Se avaliarmos o marketing ele é uma mercadoria e se avaliarmos sobre as vendas ele é um bem que gera capital rentista e que tem valor de uso, pois se um jogador está jogando mal seu valor será baixo e o contrário o seu valor será alto. Isso tb em tese, pq dependendo da mídia, ou seja, propaganda, que o jogador traga ao clube ele pode ter um valor de uso enorme. Daí seu valor não será mais como jogador, mas como mercadoria, como peça de marketing.
Podemos perceber que existe vários olhares para um jogador hj. Nem sempre foi assim, durante muito tempo o jogador era um proletário. Ele sofria com os dirigentes dos times, sofria com empresário e era muito explorado.
Não vou me alongar aqui sobre o jogador proletário, pois os focos do meu texto são a mercantilização do futebol e como os jogadores hoje são peça fundamental nisso. Também não irei falar sobre o capital rentista dos empresários neste momento, pois isso será fruto de um debate sobre empresário no futebol.
Com advento da sociedade midiática e ascenso da propaganda tudo se tornou uma mercadoria e usam cada vez mais as estrelas pra venderem mercadorias. As pessoas comuns desejam ser seus ídolos e pra isso existem vários acessórios. Esse nem sempre seu ídolo usa, mas certamente faz propaganda pra vender e ganha com isso. No início foram atores e atrizes, depois cantores e cantoras e assim foi... Chegamos aos craques da bola.
Um dos pioneiros foi David Beckham, inglês, que até hoje colhe os frutos de se tornar um popstar. Futebol de craque ele não apresenta faz tempo. Mais recente de todos é o Cristiano Ronaldo, mas esse ta jogando muito futebol atualmente. Sem dúvida o precursor de tudo isso é o Rei Pelé. Campeão de marketing, já na década de 70 largou à carreira no auge e se perpetuou como rei do futebol. Tb é verdade que a Rede Globo sempre deu uma ajudinha pra isso...
Mas com toda certeza o mais carismático de todos foi o Ronaldo Fenômeno. Isso se deve a pessoa dele, que sempre passou grande simplicidade e também pelo ótimo futebol que ele apresentou no seu auge. Ninguém é o maior artilheiro de todas as copas a toa. Logo a Nike percebeu o potencial do menino e o comprou como peça de marketing. E ele infelizmente se vendeu... É verdade que vivemos numa sociedade capitalista e que todos desejam ganhar um bom dinheiro. O Ronaldo fez o que a sociedade esperava dele e que um menino de vida difícil desejava. Mas nem todos cedem a isso, o Adriano, por exemplo, nunca topou contrato de marketing assim. Fica um bom exemplo.
Essa combinação de ótimo futebol e ter virado uma mercadoria da Nike fizeram do Ronaldo mundialmente conhecido, hj mais que o Pelé. Relato aqui minha ida à Índia em 2004, final do auge do Fenômeno. Todos que escutavam que eu era do Brasil perguntavam do Ronaldo... Eram muitas camisas da seleção com nome dele pela rua. Impressionante! Justamente nesse ano de 2004 as coisas começaram a mudar para ele. Paulatinamente ele foi deixando o bom futebol e virando cada vez mais uma peça de marketing.
Podemos citar vários fatores pra isso. Nessa altura ele tinha ganhado quase tudo e nem 30 anos tinha ainda. Além do que era conhecido mundialmente e com isso tinha muitas receitas mesmo sem jogar futebol.
Com isso, sua motivação pra jogar futebol diminuiu e sua idade foi avançando... O resultado disso era óbvio ganhou peso e o futebol foi ficando medíocre. Desde 2004 que o Ronaldo não joga mais que 5 partidas seguidas. Aqui entra um elemento do capital rentista no futebol, junto com o fator proletário. Ninguém sabe dizer que o Ronaldo tomou pra ficar mais forte, mas todo mundo sabe que ele tomou algo. Com isso, seus músculos podem estar desgastados como uma pessoa idosa. Caso recente foi da ginasta Jade Barbosa, que foi submetida a métodos de treinamento que suas articulações parecem de uma pessoa idosa.
O resultado de tudo isso é que em 2007 Ronaldo tem outra contusão séria e agora com 31 anos. Está na geladeira, se envolveu em mais de um escândalo e está sendo mais uma vítima da sociedade dos ídolos. Quando estão no auge à mídia lucra com seu futebol e quando estão em baixa à mídia lucra com sua desgraça. O que não pode é deixar de lucrar!Até mesmo o contrato vitalício com a Nike esteve em risco e com isso sua carreira de celebridade iria ser somente pelas suas baixarias.
O que tudo indica é que ele percebeu o buraco que tava entrando e tentou reverter isso. Contudo, escolheu novamente o caminho midiático. Flamenguista assumido foi fazer a recuperação no Flamengo, coisa óbvia, pois ali teria mais holofotes. Passou meses declarando amor ao Flamengo e que o sonho era jogar lá. Virou alvo de supostas contratações por todos os times patrocinados pela Nike, o Manchester City foi o mais divulgado, numa clara trama de mercado para mantê-lo na mídia e valorizado. Será que a Nike não forçou os times a entrarem nessa?
Por fim, a saída melancólica, que somente mostrou mais uma vez ser um objeto da Nike e não um jogador de futebol. Inexplicavelmente de repente ele acerta com Corinthians, patrocinado pela Nike e que acaba de voltar de maneira brilhante para a Série A. Voltou sem oba-oba na Série B, mas parece ter esquecido disso nesse final de ano vitorioso. Certamente o fato do Flamengo não ter ido pra Libertadores e estar em litígio com a Nike pesou. E novamente quem definiu os rumos do Fenômeno foi seu patrocinador. Chegamos ao auge do neoliberalismo no futebol! No qual quem definem as coisas não são os clubes ou os jogadores, personagens principais do jogo de futebol, e sim o pessoal da grana! Estão conseguindo transformar o maior jogador brasileiro das últimas décadas em um fantoche banana. Triste fim para Ronaldo...
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