sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Contra a Racionalidade Neoliberal no Futebol!


Goiás pronto pro jogo de domingo!


A Racionalidade Neoliberal no Futebol!

Estamos na reta final do campeonato brasileiro e 2 times tem chance de ser campeão, Grêmio e São Paulo. O último tem a chance de fazer dois feitos inéditos: ser tricampeão seguido e hexacampeão. De fato um feito respeitável.

Contudo, os méritos desses feitos não vêm sendo atribuídos ao futebol e sim à estrutura do São Paulo, a maneira que se organiza o “futebol-empresa” e muitos outros blá-blás que tiram à única coisa que decide um campeonato: O FUTEBOL!

Nos anos 90 nos acostumamos a escutar que tudo que é público é ruim e deve se tornar privado pra dar certo. Ou seja, a lógica empresarial e do mercado é insuperável. Esses eram os motes neoliberais e da tese do Estado Mínimo. Em tempos de crise econômica e crise dessas premissas é uma grande oportunidade para revertermos esse longo período de lavagem cerebral.

Assim como as novelas, o futebol está no imaginário popular e são fontes poderosas de popularização de opiniões. Entretanto, o futebol é um gosto popular antigo, mas, como já disse na postagem anterior sobre futebol, a Rede Globo de Televisão conseguiu mercantilizar essa paixão. Da vez passada falei sobre os torcedores, agora vou falar como esse processo acontece com os clubes.

No bojo das privatizações nos anos 90 criaram a premissa da solução do futebol brasileiro, os clubes-empresas. Essa foi a grande virada e que faria o futebol brasileiro superar todos os problemas! O exemplo eram os grandes clubes ingleses, em especial ao Manchester United, e no Brasil o maior exemplo foi o São Paulo Bi-Campeão Mundial. De lá pra cá muita pouca coisa mudou, mas uma é notória: como o mercado de jogadores aqueceu. Enfim, os clubes-empresas serviram pra ampliar mercado e não pra melhorar o futebol. E nem atuar como empresa fez com que os times tornassem invencíveis, como eram propagandeado no início dos anos 90.

Alguém pode chegar e dizer: - Mas e o São Paulo agora e no passado só foi campeão mundial e bi-brasileiro por causa disso... Neste momento chegamos ao ponto principal de minha argumentação. É verdade que o São Paulo de hoje é muito parecido com o São Paulo de 92/93 e isso se deve ao fato único e exclusivo ao FUTEBOL.

O que quero dizer que o São Paulo tornou-se megacampeão nos início dos anos 90 e agora por uma estratégia adotada ao FUTEBOL e não ao clube empresa. Aliás, o próprio São Paulo reproduz essa idéia de que é campeão pelo fato de sua organização em empresa. Mesma idéia reproduzida pelo Palmeiras-Parmalat e etc etc etc...

Se voltarmos aos anos 80 vamos lembrar que o Flamengo foi megacampeão naquele período e pelo mesmo motivo que o São Paulo hoje. Antigamente, arrisco dizer que antes da criação dos clubes empresas, o fundamental era o time manter uma base de jogadores durante anos, às vezes inclusive técnicos. Se formos mais longe chegamos ao Internacional dos anos 70 e vemos que isso é verdade tb. Ou seja, o que faz um megacampeão são os jogadores, a equipe, o entrosamento e evolução do FUTEBOL quando se joga muito tempo junto. Não aos clubes empresas!

Os clubes empresas fizeram justamente ao contrário. Depois desse processo foi justamente quando o futebol brasileiro ficou a mercê do capital privado e pouquíssimos times conseguem sobreviver isso. Os que fazem se destacam. A venda desenfreada de jogadores brasileiros chegou ao absurdo de jogadores inexpressivos serem vendidos para times internacionais como craques ou a convocação de jogadores que nunca soubemos onde jogou ou ainda ter um campeonato árabe com mais craques brasileiros que o Brasileirão. Ou seja, os clubes empresas serviram pra encher bolso de dirigentes de clubes e empresários. Sem contar a construção ideológica em favor da lógica de mercado.

Alguns podem dizer que era sacanagem com os jogadores a antiga lei do passe. Concordo, mas a mudança não deixou de ser sacanagem com eles... Se vc não tem um bom empresário (que se pague bem) vc não tem mercado pra jogar! Hoje pra jogar no exterior é mais importante ter um bom empresário que um bom futebol! Ou seja, vale é o mercado e não o futebol. Mas como quem ganha campeonato é futebol e não mercado nem sempre sair comprando mega-astros do futebol garante muitos títulos. Exemplos não faltam e vão do Milan que perdeu pro São Paulo nos anos 90 ao Barcelona que perdeu pro Internacional recentemente. Ou ainda o melhor ataque do mundo com Sávio, Romário e Edmundo que afundou o Flamengo no centenário ou o Real Madri dos Galácticos.

Voltando a Brasileirão temos que lembrar que gestão do São Paulo é a mesma dos anos 90 até agora. E durante muito tempo o São Paulo ficou fora da Libertadores ou sem ganhar um título expressivo. Foram mais de 10 anos! Ou seja, não é gestão que faz o futebol... Aí alguém diz: - Mas no campeonato de pontos corridos a estrutura é fundamental... Em tese isso é verdade, mas a estrutura dos clubes brasileiros é muito parecida, um exemplo é a equipe médica da seleção brasileira. Essa equipe seria o que teríamos de melhor no país, pois bem, ela é dirigida pelo médico do Flamengo!

Sobre os pontos corridos ainda tenho que dizer uma coisa. No início da disputa do Brasileiro por essa fórmula o técnico Vanderlei Luxemburgo foi campeão em vários clubes e por várias vezes. Muitos diziam que ele seria o rei dos pontos corridos. Ora se um técnico se destaca em vários clubes a culpa não é da empresa e sim do futebol produzido. O mesmo podemos dizer agora. O Muricy Ramalho quase foi campeão com Internacional em 2005(se não fosse o golpe da arbritagem dado pelo Corinthians) e vem estando na cabeça do Brasileiro desde então. Acontece que o São Paulo não permitiu que ele saísse e ele mesmo preferiu manter uma base estável, ao contrário que o Luxemburgo fez.

Enfim, chegamos ao ponto de que se o campeonato for vencido pelo São Paulo será devido à base da equipe de anos, a manutenção de um bom técnico e ao FUTEBOL apresentado. Vale lembrar que esse ano o São Paulo não sobrou, ou seja, não mostrou um bom futebol na maioria do campeonato! Mais uma vez o que define as coisas é o FUTEBOL!

Contudo, neste momento o São Paulo pode apresentar o melhor futebol, mas serve de símbolo maior dos clubes empresas e da mercantilização do futebol. Sempre para construir uma hegemonia se apropria dos símbolos para legitimar. Como bons capitalistas que são os diretores do São Paulo eles gostam de ser essa vitrine de modelo de gestão e reproduzem essa balela. Podemos dizer então que o São Paulo hoje é o símbolo maior da mercantilização do futebol e dos valores neoliberais no futebol. Assim, quanto mais ele for vencedor mais essa mentalidade será reproduzida na sociedade.

Pra terminar queria colocar mais elemento sobre o possível título do São Paulo. Nas condições normais de temperatura e pressão, a famosa CNTP, o que decide é o futebol. Mas nem sempre só o futebol decide, pois existe a cartolagem. Essa foi responsável por coisas inacreditáveis como a Copa João Havelange pra salvar o Fluminense. Ou ainda capaz de mudar resultados de jogos como em 2005 e tirar na “cara-dura” o título do Inter.

O São Paulo é um dos mestres da cartolagem. Vale lembrar da Libertadores que decidiu com Atlético Paranaense, em que esse perdeu o mando de campo na final da competição. Favorecendo claramente o São Paulo. Neste campeonato, muitas rodadas atrás, um amigo meu flamenguista, que teve a ilusão do título, me disse que se o São Paulo tivesse disputando título na última rodada iam tirar o mando de campo do Goiás. Dito e feito... Tiraram o mando de campo do Goiás numa polêmica decisão do STJD. Polêmica por dois motivos: 1- O motivo é inacreditável! Teve uma briga de torcidas e o Goiás saiu responsável... Imagina quantos mandos de campo o Fluminense deveria perder pelo que fez sua torcida no Engenhão?; 2- Vários times perderam o mando de campo na reta final do campeonato, o único que teve a pena pra esse ano ainda foi o Goiás!

Além desses absurdos que demonstram um lobby claro da cartolagem são-paulina teve a cartada final. O Goiás queria jogar em Itumbiara e o São Paulo chiou. A CBF impôs o Bezerrão em Brasília. É notório que Brasília, por incompetência, não tem nenhum time decente e a maioria das pessoas aqui torcem pra time de fora. (leiam meu post sobre torcedores) E graças aos títulos da década de 90 a torcida tricolor é expressiva aqui. Acuado por sucessivos golpes da cartolagem o Goiás tentou resistir com os preços dos ingressos, ou seja, se é pra favorecer claramente um time vamos colocar dificuldades. Vamos mostrar o absurdo que estão fazendo com futebol brasileiro. Depois de muita pressão Goiás teve que ceder... Mas estamos mordidos.

E por estarmos mordidos que me motiva esse jogo. O São Paulo é persona no grata para os esmeraldinos. Ele foi o time que roubou mais de meio time do Goiás em 2003/2004 e criou a base pra ser campeão do mundo. Agora acontecem esses episódios que irão manchar o campeonato de 2008. Só nos resta mostrar a força do Verdão.

Termino conclamando a todos e todas que lutam contra a mercantilização do futebol e contra os golpes da cartolagem a torcer pelo Goiás contra o símbolo maior dessa política vigente no futebol Brasileiro.

Eu já sou Goiás Esporte Clube e tenho mais orgulho ainda de ser o bastião da luta contra a Mercantilização do Futebol neste momento!

Um comentário:

Renatão disse...

Tucanaram o futebol.