sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um voto em Dilma, por Luís Felipe Miguel

Caros e Caras,

mando esse email para meus amigos e amigas que estão pensando em votar nulo. Não preciso aqui manifestar meu apoio de longa data a Dilma e sei que para alguns esse email soará como parcial. Para todos e todas gostaria de dizer, e creio que a ampla maioria saiba disso, que nunca minhas escolhas políticas foram por interesses, mas sempre pela convicção do melhor programa e de que política é feito por coletivo, não somente por pessoas.

Nesse segundo turno de 2010 estamos vendo a política ser jogada no esgoto e uma campanha difamatória nojeta contra Dilma. Pelo que já estudei em Ciência Política, talvez só possa ser comparado com segundo turno de 1989. Em 1989 a direita desse país fez de tudo para derrotar o Lula e agora me parece estar decidida a fazer isso. Uso de todos os instrumentos, sem a menor vergonha. Tenha certeza que o nível irá só mais pra baixo até dia 31 de outubro.

Compartilho com vocês hoje o texto de um professor de Ciência Política da UnB que não vota no Lula faz tempo e votava nulo nas últimas eleições. Trago esse texto, pois sem que boa parte não iria ler se fosse um texto explicíto pró-dilma ou simplesmente meu pedido de voto pessoal. É uma opinião que deve ser de uma parcela importante de vcs e, por isso, decidi compartilhar. É curto, vale a pena ler e refletir sobre os rumos que a política tomaria quase o Serra vencesse essas eleições.

Forte Abraço

Rafael Pops


Um voto em Dilma, por Luis Felipe Miguel

Deve ter algo de bom no governo do PT. Se não, o que explica a histeria das elites tradicionais, da direita paulista, dos bem-nascidos de maneira geral, contra a candidatura da Dilma? A espiral da baixaria, que só rivaliza com Collor nas eleições de 1989?

José Serra, é claro, não tem nada a ver com isso. Não é culpa dele se ex-informantes da ditadura se dedicam a forjar documentos falsos contra Dilma. Nem se um jornalista d’O Globo decide fazer ecoar em rede nacional, com uma pergunta ofensiva, os boatos plantados na internet. Ou se os padres e pastores mais reacionários orquestram uma campanha de difamação contra ela. Ou se a grande imprensa é tão seletiva no seu noticiário. Mas se alguém lembra que a própria Mônica Serra, sua mulher, alardeou que Dilma defende a morte de criancinhas, o jeito é botar uma cara de indignado e reclamar que estão envolvendo familiares na discussão eleitoral.

Na luta desesperada por impedir um terceiro mandato petista na presidência, o PSDB e seus aliados romperam com os parâmetros éticos mais elementares. Sua campanha está dando uma contribuição decisiva para rebaixar ainda mais o nível, em geral já liliputiano, do debate político no Brasil. O preconceito e a desinformação foram escolhidos como as armas principais na discussão – até porque o registro dos oito anos de Fernando Henrique não concede a eles qualquer condição de travar o debate no âmbito das políticas de governo.

Sou dos que ficaram frustrados com o governo Lula. Frustrado com a política econômica que continuou beneficiando o capital financeiro, com a plena acomodação com as formas mais arcaicas de fazer política no Brasil, com a insensibilidade ambiental, com a busca deliberada de esvaziamento dos movimentos sociais, com a corrupção. Dilma tem Michel Temer como vice e um elenco de apoiadores que inclui Sarney, Jader Barbalho e Fernando Collor, entre tantos outros. Diante da investida conservadora nesta fase final da campanha, Dilma e o PT optaram por fazer concessão após concessão.

Nas eleições de 2006, assim como no primeiro turno de 2010, fiz uma orgulhosa opção pelo voto nulo. Neste momento, porém, escolho votar em Dilma. Sei dos problemas da aliança que a sustenta e não guardo nenhuma esperança quanto à sua administração. Mas votar em Dilma é o único meio de votar contra Serra. E evitar um governo do PSDB, que se apresenta, agora sem nenhuma máscara, como a opção da extrema direita, turbinado pelo fundamentalismo religioso e disposto a faturar politicamente com a intolerância e o preconceito.

Luis Felipe Miguel é professor de Ciência Política da UnB

4 comentários:

Trainee de Cozinheira disse...

Gostei muito Luís Miguel, prá vc mando um beijão, e para o meu amigo Pops um grande abraço!!
Maura

Marceleza Bottleneck disse...

Pela mesma razão vou votar no Serra , Não quero eleger Michell Temer, Jader Barbalho, José Dirceu (este é o principal mal da politica), Palloci e Cia, Chega de corrupção.

Anônimo disse...

Serra presidente para o Brasil voltar a crescer!

Faceless Void disse...

Admiro o Luis Felipe enquanto professor, mas não encontro validade nesse argumento. Não vou na onda do voto utilitário, votar só pra "ferrar" a extrema-direita. Votar no PT e PSDB é votar na continuidade do capitalismo, portanto, na destruição da humanidade a longo prazo; um voto basicamente suicida. Votei nulo, e me orgulho.