segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um terrorista em cartaz na Câmara

do blog do jornalista Walter Rodrigues:


Um terrorista em cartaz na Câmara

Noticia-se que o capitão Jair Bolsonaro (PP-RJ), num gesto de inclassificável ignominia, exibe no seu gabinete um cartaz ilustrado com os dizeres:

— “Desaparecidos da Guerrilha do Araguaia: quem procura osso é cachorro”.


A ignomínia do gesto dispensa comentários. Qualquer um que se dê respeito só pode sentir desprezo e horror diante de semelhante besta-fera. Trata-se de um desses tipos que envergonham a raça humana, assim como outros contribuem para enaltecê-la.

E não se diga que foi apenas um momento “infeliz”. Bolsonaro é realmente um homem cruel, mais que isso, um consumado terrorista moral, a quem só falta a oportunidade para realizar sua natureza.

Já chegou perto perto, aliás. Em 1987, no governo do presidente Sarney, o então capitão Bolsonaro contou a uma repórter de Veja, numa conversa “informal”, tomando café num bar, que se o Governo desse aos militares um aumento menor que 60%, ele e outros como ele apelariam para a violência. Essa consistiria na explosão de bombas em estabelecimentos militares, como a Vila Militar e a Academia das Agulhas Negras.

Enquanto falava, Bolsonaro desenhou num guardanapo de papel o diagrama de uma bomba de fabricação caseira, dessas que terroristas aprendem a fabricar no mundo inteiro.

Embora tenha tido o cuidado de guardar o papelucho com os rabiscos do capitão, a repórter padeceu suas dúvidas naturais. Fazia a matéria ou tratava aquilo como bravata de um maluco exibicionista? Optou pelo caminho certo, com apoio do editor que publicou o furo. Saiu na Veja de 28 de outubro de 1987.

Bolsonaro negou a denúncia sem convencer ninguém, mas nunca foi seriamente investigado por suas conexões com suposta Operação Beco sem Saída, a tal das bombas. Em honra do Exército, recorde-se que o ex-ministro general Leônidas Pires Gonçalves o declarou oficialmente “indigno para o oficialato”. O Superior Tribunal Militar anulou a punição, com base numa formalidade qualquer, mas a carreia dele não foi adiante. Virou político e porta-voz da extrema-direita exasperada.

O Brasil acaba de prender um cidadão de origem árabe que mandava pela internet mensagens de cunho racista e supostamente “terrorista” para os Estados Unidos. Uma notícia da Folha de S.Paulo, baseada em fontes estadunidenses, tentou ligá-lo à Al-Qaeda, mas o Ministério da Justiça desmentiu o boato. Tudo indica que estão procurando terroristas no lugar errado.

Veja abaixo o cartaz terrorista, na foto de Rogério Tomaz, do Coletivo Intervozes.

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